Quando Falcao rematou ao poste a grande penalidade que Tomasevic cometeu sobre Varela, em cima do intervalo, houve quem se tenha recordado do bloqueio mental de que André Villas-Boas falara para explicar as dificuldades sentidas pelo FC Porto no jogos disputados na Madeira. O segundo golo, naquela altura, teria reduzido a cinzas o esforço que Nacional fez para manter o jogo aberto, equilibrado, dividido e indefinido durante toda a primeira parte. O estrondoso falhanço de Falcao, celebrado pelos adeptos do Nacional como se fosse um golo, poderia ter tido o efeito diametralmente oposto, fazendo o FC Porto vacilar nas suas convicções, cedendo ao tal bloqueio que muitas vezes lhe tolheu os movimentos e turvou o raciocínio nas deslocações à Choupana. Não foi o caso. Tal como já tinha acontecido no jogo com o Braga, o FC Porto não se encolheu perante as dificuldades, nem deixou o adversário crescer apoiado nelas. E tal como aconteceu no jogo com o Braga, o FC Porto acabou por carimbar a vitória sem dramas, nem pressas, apenas com toda a naturalidade.
Ora, antes de Varela ter colocado um ponto final no jogo de ontem, aos 56', houve uma história feita de acidentes e incidentes para contar. André Villas-Boas voltou a não mexer numa equipa que vence há cinco jornadas consecutivas no campeonato. Acontece que uma equipa em que não se mexe é, por definição, uma equipa previsível e Jokanovic sabia exactamente com o que contar, montando o Nacional num 4x2x3x1 cuja primeira preocupação era asfixiar a criatividade do meio-campo portista para impedir o ataque de respirar. Todorovic e Luís Alberto encostavam em Belluschi e João Moutinho, deixando o quarteto defensivo em vantagem numérica perante o tridente ofensivo do FC Porto. Uma estratégia contrariada através das subidas dos laterais portistas, embora com custos, especialmente à esquerda. Ainda a acusar o cansaço acumulado depois da participação no Mundial e com Hulk, que passou da direita para a esquerda logo no início, longe de lhe proporcionar a melhor cobertura, Álvaro Pereira voltou a ser fundamental no apoio ao ataque, é verdade, mas sentiu dificuldades para recuperar a posição e foi quase sempre pelo seu lado que o Nacional criou perigo.
Ora, apesar do domínio que exerceu desde o primeiro instante - e que Varela, primeiro e João Moutinho, depois, foram incapazes de materializar -, o FC Porto acabaria por chegar à vantagem no marcador de forma acidental, às custas de João Aurélio. Foi o avançado do Nacional que desviou a bola com o braço no lado esquerdo do meio-campo ofensivo do FC Porto e também foi ele quem ofereceu a cabeça à bola quando Belluschi cobrou o livre, traindo Bracali.
O Nacional não baixou os braços. Com Mihelic e Skolnik seguros na condução da bola, com João Aurélio e Edgar Costa a desdobrarem-se no ataque e com o FC Porto a arriscar jogar no fora-de-jogo com um bloco defensivo muito alto, os madeirenses estiveram muito perto do empate, mas não chegaram lá.
Ainda antes do intervalo, Falcao desperdiçaria o tal penálti que podia ter morto o jogo, deixando tudo em aberto para a segunda parte. Esperava-se que o Nacional crescesse e aparecesse, mas foi o FC Porto que voltou a pegar nas rédeas da partida. Hulk, que tinha sofrido um eclipse durante todo o primeiro tempo, brilhou apenas o tempo suficiente para desenhar o lance do segundo golo, oferecido numa bandeja a Varela. Aos 56 minutos, o jogo estava decidido. Jokanovic ainda mexeu, acrescentando Bruno Amaro e Juninho aos argumentos ofensivos do Nacional, mas tudo o que conseguiu foi criar mais espaços por onde o FC Porto podia ter ampliado a vantagem. Feitas as contas, já são cinco as vitórias consecutivas no campeonato e a quinta jornada, encerrada ontem, serviu para os portistas cavarem o fosso para o Braga e para o Sporting sem perderem terreno para ninguém. Imparáveis.
in "ojogo.pt"
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