Não há volta a dar: o FC Porto precisa de sair de Chipre com um cheque de 800 mil euros - que é quanto a UEFA paga à cabeça pela vitória em cada jogo -, sob o risco de deixar a equipa em maus lençóis nas contas da Liga dos Campeões. Um segundo desaire fora de casa comprometerá as aspirações de atingir os oitavos-de-final, onde os dragões têm tido presença assídua na última década. E falhar a fase a eliminar significaria desde logo a perda de três milhões de euros, um valor que o orçamento recentemente aprovado dificilmente pode dispensar. Ainda menos em tempos de crise.
Num grupo bastante equilibrado, são os três pontos em disputa no GSP que separam o primeiro do último, e o FC Porto até pode trepar directamente do terceiro para o primeiro posto, aquele que condiz com a sua condição de favorito; afinal é a equipa com melhor ranking entre as quatro. E tem um bom exemplo a seguir: em 2004, os azuis e brancos também tinham os mesmos pontos (4) à entrada para a quarta ronda e apuraram-se sem dificuldade, indo fechar a fase de grupos a Madrid já com o apuramento no bolso. E, dessa vez, só pararam em Gelsenkirchen, como se sabe.
O APOEL, apontado como parente pobre do grupo, é o surpreendente líder e recebe o FC Porto com o objectivo de somar o nono jogo consecutivo sem perder em casa e manter o poleiro. Um registo europeu que, contudo, contrasta com os resultados internos: os cipriotas desperdiçaram sete pontos nos últimos três jogos da liga local e a crise instalou-se em Nicósia. Porém, na Champions a cantiga - ou o hino - é outra, e os donos da casa têm estado melhor nesta competição do que os campeões nacionais.
Falcao marcou o golo que derrotou pela última vez o APOEL nas competições europeias, em 3 de Novembro de 2009. Ora, quem não tem Tigre caça com... lebre: o colombiano mudou-se para o campeonato espanhol e o FC Porto vai tentar repetir a façanha em casa do surpreendente líder do Grupo G com o motivado - pelos golos ao Nacional e ao Paços de Ferreira e pela chamada ao escrete - Kléber, que está de volta ao onze inicial. João Moutinho e James devem ser as outras novidades em comparação com a recepção aos pacenses, em prejuízo de Defour e Varela.
Na época passada, chegou a dizer-se que aquele FC Porto era grande de mais para a Liga Europa e que teria lugar de destaque na Champions. Ora, só com uma ou duas caras (Mangala e Kléber) diferentes em relação à equipa que levantou o troféu em Dublin, está na hora de o dragão provar que o tamanho desses elogios não era em vão. E se num ano pode mudar muita coisa, mais ainda pode em dois, que é quanto tempo passou desde o tal triunfo em casa dos cipriotas. A ideia é que, pelo menos, o resultado seja o mesmo.
Problemas à esquerda que Hulk pode castigar
Boaventura está lesionado e Jovanovic, o treinador do APOEL está com muitas dúvidas sobre quem vai jogar no lado esquerdo da defesa. Um problema aparentemente simples de resolver porque não faltam alternativas - ainda que adaptações - mas que assume outros contornos por causa do nome do jogador do FC Porto que ataca por aquele lado. Hulk não está nos melhores dias, mas mesmo assim é a grande preocupação do técnico para esta noite. Alexandrou, Kaká e Poursaitidis são os nomes avançados para tentar parar o Incrível, mas só um vai jogar. Jovanovic só deve decidir hoje e os jornalistas cipriotas estão confusos: uns dizem que Poursaitidis vai trocar de lado, ficando Solomou na direita; outros apontavam Necktarios Alexandrou como forte hipótese para a canhota; finalmente, o brasileiro Kaká, que jogou no Braga, é a outra opção, e a aposta de O JOGO. Além de conhecer bem o compatriota do FC Porto, está familiarizado com a posição, onde foi usado por Domingos Paciência, sobretudo nas partidas da Liga Europa.
in "ojogo.pt"