Há sete anos, a 16 de Novembro de 2003, o ilusionista Luís de Matos descia ao relvado do Dragão de helicóptero, iniciando uma série de truques que prenderam a atenção dos mais de 50 mil adeptos que presenciaram ao vivo a inauguração do estádio. Inesquecível e mágico, diz quem viu. De então para cá, impôs-se a magia dos números: 14 títulos conquistados (uma Liga dos Campeões, uma Taça Intercontinental, cinco campeonatos, três Taças de Portugal e quatro Supertaças); 164 jogos disputados pelo FC Porto, entre particulares e oficiais; 120 vitórias, 28 empates e 16 derrotas; 309 golos marcados e 97 sofridos. Nas bancadas, excluindo jogos da Selecção, provas de automobilismo, concertos de música e até casamentos, já estiveram mais de seis milhões de adeptos - tudo somado, foram seis milhões 155 mil e 432 espectadores, mais exactamente, considerando a contagem oficial facultada pelos portistas.
Elogiado por quem o visita, a obra do arquitecto Manuel Salgado, actual vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, esteve quase a ganhar um irmão gémeo na Grécia. "Cheguei a estar eu próprio em Atenas, em 2007, para esse efeito, num projecto influenciado pelo Dragão e que depois não teve seguimento. Mas sendo obra de uma equipa alargada e de grandes profissionais, houve quem tenha assumido projectos noutros sítios depois do Dragão", conta Manuel Salgado a O JOGO.
Sete anos depois, o estádio portista continua a coleccionar prémios e admiradores, que lhe destacam não só a beleza, mas também a funcionalidade. "Gosto que digam que é funcional, porque foi concebido com um propósito, e a funcionalidade, adaptada ao que se destina, é um dos objectivos da arquitectura. Mas, também gosto quando os meus pares o elogiam enquanto obra arquitectónica e não apenas como funcional", acrescenta Manuel Salgado.
As obras do Dragão arrancaram em 2001 e ficaram concluídas em 2003, conforme exigia o caderno de encargos do Euro'2004. O relvado chegou a ser um problema e exigiu uma intervenção radical dos portistas, que solucionaram de vez o tapete voador que atrapalhou os primeiros jogos e obrigou mesmo ao regresso às Antas depois da inauguração.
Berço que embalou Messi
A inauguração do Estádio do Dragão não foi um marco só para o FC Porto, já que esse encontro também ficou marcado pela estreia oficial de Messi com a camisola do Barcelona. O argentino, ainda não na pele de astro, tinha 16 anos e 145 dias quando pisou o relvado, entrando para o lugar de Fernando e jogando os derradeiros 16 minutos da partida. Mas, de azul e branco, sob o comando de Mourinho, nomes como Evaldo, Pedro Mendes, Maniche, Hugo Almeida e Derlei, estes dois últimos autores dos golos, ainda faziam as maravilhas dos adeptos do clube. Curiosamente, de então para cá nenhum jogador se manteve no clube ainda no activo. Só Pedro Emanuel, elemento da equipa técnica de André Villas-Boas, poderá ainda contar histórias aos actuais jogadores do FC Porto, ele que acabaria por ser ver envolvido em alguns dos maiores feitos do clube dali para a frente.
FC Porto 2 Barcelona 0
Estádio do Dragão
Árbitro Martins dos Santos (AF Porto)
FC Porto
Vítor Baía (Nuno 48'); Secretário (Pedro Ribeiro 72'), Jorge Costa (Pedro Emanuel 48'), Ricardo Carvalho e Evaldo (Mário Silva 51'); Tiago (Hélder Barbosa 85'), Pedro Mendes, Maniche (Vieirinha 80'); Derlei (Paulo Machado 72'), Ricardo Fernandes (Hugo Almeida 63') e Bruno Moraes (Jankauskas 51')
Treinador José Mourinho
Barcelona
Jorquera; Óscar, Ros (Riera 76'), Oleguer (Tiago 80') e Fernando (Messi 74'); Márquez, Gabri e Xavi; Santamaria (Jordi 66'), Luis García (Exposito 20') e Luis Enrique
Treinador Frank Rijkaard
- Ao intervalo 0-0
Golos 54' (g.p.) Derlei, 68' Hugo Almeida
amarelos Nada a assinalar
vermelho Nada a assinalar
Manuel Salgado
"Dizem que é frio mas não o mudava"
Se o desenhasse hoje, mudaria alguma coisa no projecto do Dragão? "Apanhou-me de surpresa com a pergunta. Dizem que é um estádio frio, ventoso, mas acho que isso é genético e, como alguém já disse, o futebol é um desporto de Inverno. A minha resposta é: 'Não, não mudava nada'", garante o arquitecto Manuel Salgado a O JOGO sete anos depois de ter assistido à inauguração de um estádio que lhe saiu literalmente das mãos. "Ainda no que diz respeito à ventilação, sempre disse que esse seria um factor essencial para ter um relvado em boas condições", lembra, num tópico que se mantém actual, considerando exemplos menos conseguidos nesse particular.
Autor de vários projectos, o actual vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa assume o destaque assumido pelo Dragão no portefólio particular. "É uma referência emblemática. O CCB [Centro Cultural de Belém], os espaços públicos da Expo e o Dragão são as obras mais destacadas do portefólio, embora possa enumerar outras, como o porto de Ponta Delgada, a pólis do Cacém ou Viseu", diz, ele que agora trocou o desenho pelo gabinete de urbanismo da Câmara. "Faço arquitectura pela mão dos outros", brinca. Sobra-lhe menos tempo para ver futebol e menos ainda para se deslocar ao Porto e ver como evoluiu a zona envolvente ao Dragão. "Ainda não vi como ficou a Alameda, porque a última vez que estive na zona do estádio foi quando inauguraram o pavilhão. O que vi na altura, pareceu-me bem. Aliás, ainda no que respeita ao Dragão, gostaria de enaltecer o papel dos dirigentes do FC Porto. Recebemos um programa e orientações fundamentais para o sucesso do projecto." E desenhará mais algum estádio? "Gostaria de o fazer. Aprendi muito com o Dragão."
Um projecto premiado
Para lá de ter sido a casa do campeão nacional em cinco dos seus sete anos de vida, o Dragão tem acumulado prémios e títulos próprios. Para além de ostentar a classificação de cinco estrelas da FIFA, o estádio do FC Porto distingue-se em áreas como a ecologia - prémio Greenlight para melhor projecto europeu da Agência para a Energia da Comissão Europeia em 2003 -, a reciclagem - Certificação 100R da Sociedade Ponto Verde, que garante 100% de tratamento de resíduos em 2009 - e até a siderurgia - prémio para melhor projecto europeu da European Convention for Construction Steelwork de 2003. O Dragão também foi o primeiro estádio do mundo a receber a Certificação Integrada de Qualidade (ISO 9001) e Ambiente (isso 14001), sendo incluído pela FoxSports na lista dos 25 estádios mais sagrados do futebol mundial.
Concertos, corridas e até casamentos
Como seria de esperar, o futebol tem sido o prato principal na ementa do Dragão. Para além do FC Porto, a Selecção Nacional também é frequentadora assídua do recinto que recebeu uma semifinal do Euro'2004. Mas há vida para além da bola no estádio do FC Porto. Ao longo dos últimos anos, o Dragão já recebeu concertos de algumas das maiores bandas mundiais - como foi o caso dos Rolling Stones -, provas de automobilismo - destaque para a Corrida dos Campeões -, festivais de música, convenções, festas de aniversário e até casamentos. Ã prova da flexibilidade de um recinto que foi projectado para ser mais do que um estádio de futebol.
Treino aberto no Dragão para assinalar aniversário
O sétimo aniversário da inauguração do Estádio do Dragão - cuja maior enchente data do jogo com o Corunha em 2003/04, com 50 818 espectadores - será a oportunidade para que os adeptos possam assistir a um treino aberto. Mas esta será também a estreia de André Villas-Boas a treinar no estádio, ele que tem preferido o complexo do Olival para trabalhar durante a semana. Recorde-se que o treino está marcado para as 10h30 e que os adeptos poderão recordar os tempos em que o relvaldo secundário das Antas era o palco habitual.
in "ojogo.pt"
1 comentário:
Faz hoje 7 anos, aquele que é para mim ( eu sei que sou suspeito...), o mais belo Estádio do Mundo!
Não é fácil falar do Estádio do F.C.Porto, sem repetir aquilo que já tantos disseram: é lindo, fascinante, maravilhoso, fantástico... uma verdadeira obra prima.
Assim, nesta data, cantando os parabéns ao Dragão, fica o agradecimento a todos os que tornaram possível a construção daquela obra notável, fica também, um pedido que é simultaneamente um desejo, aos responsáveis portistas: Meus senhores, façam os possíveis, para que o nosso clube tenha sempre, jogadores e equipas, capazes de honrar o deslumbrante palco que pisam.
Escrevi isto para o 4º aniversário, acho que não fica mal repeti-lo para o 7º.
Um abraço
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