Ex-observador é estudioso por excelência e ganhou duelo com Jesus
Villas-Boas no sábado: «Não sei se o David Luiz irá jogar a lateral esquerdo. Se acontecer, mudam comportamentos e estaremos preparados. Referimos isso mesmo hoje aos jogadores.»
Villas-Boas no domingo: «A única coisa que é importante perceber é que a adaptação do David Luiz mexeu em toda a dinâmica do Benfica. Acreditou-se demasiado num duelo, acreditando que isso resolveria tudo, e não foi isso que se passou.»
Em poucas palavras, o treinador do F.C. Porto resumiu um dos pontos-chave na goleada frente ao Benfica (5-0). No sábado, André Villas-Boas abriu os jornais e antecipou o cenário. Um dia depois, aproveitou a aposta falhada de Jorge Jesus para conduzir os dragões ao resultado histórico.
Entre sábado de manhã e domingo à noite, Villas-Boas analisou o adversário, preparou a equipa para a eventualidade e inclinou o F.C. Porto para a direita. Não só Hulk, mas também Belluschi a surgir naquele espaço, entre David Luiz e Sidnei. Por ali surgiram os três primeiros golos azuis e brancos.
O passado como observador de adversários fez-se sentir. Manteve a identidade do F.C. Porto, variando apenas o «modus operandi». Mais Hulk, sempre Hulk, e Belluschi a vir de trás, Falcao a mexer-se ao centro, Varela solto ao segundo poste. As fraquezas do adversário evidenciaram a força portista. Nesse duelo táctico com Jorge Jesus, neste clássico, foi ele o Mestre.
A recorrente influência de Robson
Aos 33 anos, completados em Outubro, André Villas-Boas é o treinador da moda. Uma Supertaça no currículo, 10 pontos de vantagem em 10 jornadas da Liga. Carreira convincente na Liga Europa. Obra do acaso? Longe disso.
A experiência acumulada na formação do F.C. Porto junta-se aos ensinamentos nos contactos com Bobby Robson e José Mourinho. Para lá da experiência prática, o jovem treinador apostou desde cedo na sua formação específica. Com 17 anos, «sir» Robson aconselhou o Reino Unidos a Villas-Boas.
«Robson ajudou-me a entrar em Lilleshall para ter as qualificações de treinador da Football Association de Inglaterra. Também ajudou-me a tirar as qualificações na Escócia. Eu era tão novo, quando comecei, que nem devia estar lá. Tirei o curso UEFA C, depois o UEFA B e, na época passada, consegui a Licença A», explicava Villas-Boas em 2004, ao jornal The Independent.
A aprender na Escócia até 2008
«Ele conseguiu a Licença B da UEFA em 1997 e continuou com a Football Association da Escócia até 2008, quando conseguiu a Licença Pro. Foi um estudante de primeira, com grande apetite de aprendizagem, mesmo sendo jovem e estando fora do seu país. Foi exemplar», garante Jim Fleeting, actual dirigente da Football Association da Escócia.
Em entrevista ao Maisfutebol, Fleeting congratula-se com os largos anos de convivência com Villas-Boas. «Estamos muito satisfeitos por termos um pequeno papel na carreira do André. Ele tem muitos amigos e fãs na Escócia, pela sua personalidade. Acredito que ele dará o seu máximo para chegar ao topo. E cá estaremos para o convidar a vir ensinar outros treinadores, no nosso curso.»
«Quando o André começou a tirar os seus cursos na FA da Escócia, eu ainda estava aqui como treinador. Lembro-me que sempre foi determinado, reservado e concentrado no seu objectivo. Colocava dúvidas e desde cedo dava as suas opiniões», recorda o dirigente escocês, falando sobre o último contacto, em 2008.
«Quando esteve cá a tirar a Licença PRO, como já era reconhecido pelos seus excelentes relatórios no Chelsea, ajudava os outros candidatos a completar tarefas. O seu método, o seu perfeccionismo sempre impressionaram.»
André Villas-Boas atingiu o nível máximo de formação em 2008. Ainda seguiu com Mourinho para Milão, mas já não conseguia esconder o desejo de aventurar-se a solo. Pegou na Académica em Novembro de 2009, chegou ao F.C. Porto em Junho de 2010. Cinco meses depois, está no topo.
in "maisfutebol.iol.pt"
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