segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

P. Ferreira-F.C. Porto, 0-3 (crónica)

Do vendaval ao sofrimento para segurar um Natal azul


Entrar como um furacão, ser obrigado a abanar o leque e decidir tudo em cima da hora. O F.C. Porto esteve tão perto de golear o Paços de Ferreira como de não vencer o encontro, quando transformou um vendaval de ocasiões de golo num rol de erros e desatenções que galvanizaram o rival e tornaram um jogo que parecia simples numa luta pela sobrevivência. Com os minutos finais a serem um filme à parte, o F.C. Porto transformou o que seria um resultado ajustado num 0-3 que não mostra o que se viu em campo.

A entrada dos dragões, como se disse, foi demolidora. A equipa de André Villas-Boas transformou em actos as palavras do técnico, que garantiu um grupo ultra-moralizado para fechar o ano em beleza. Aos dez minutos, já os azuis e brancos festejavam e, até à meia hora, a diferença não foi maior por três motivos: desacerto, poste e Cássio.


Antes do golo de Otamendi- mais um, sublinhe-se, até porque é o segundo em quatro dias- já Sapuranu obrigada o guarda-redes da casa a brilhar. Prenúncio do que aí vinha, com mais duas intervenções decisivas após remate de Otamendi e arrancada (quase) imparável de Hulk. Pelo meio, foi Falcao a ficar à beira do golo: na primeira acertou no poste, na segunda nem isso.



Até aqui, o Paços de Ferreira ia fazendo o que podia perante uma pressão extenuante que, no entanto, se foi esgotando. Quando marcaram, os jogadores do F.C. Porto apressaram-se a colocar a bola no centro do terreno, como que a avisar o rival que estavam em campo, apenas, para jogar e queriam mais. A ameaça, contudo, esbarrou no referido desacerto.



Galvanizado pela falta (ou excesso) de pontaria dos portistas, os «castores» equilibraram a contenda e seguraram a diferença mínima até ao intervalo.


Sem Falcao não há pressão


O segundo tempo trouxe mudança de figurino. Sem Falcao e com Walter, a pressão dos dragões não foi tão intensa e o P. Ferreira aproveitou para assustar. Rondon, o tal que abateu o leão na 1ª jornada, teve o golo nos pés em duas ocasiões, mas nunca conseguiu enganar Helton.


Villas-Boas percebeu o domínio pacense no meio campo e trocou James por Souza, oferecendo músculo ao miolo e acreditando na capacidade de organização de Belluschi e no rasgo de Hulk. A estratégia não sortiu o efeito desejado porque o Paços de Ferreira continuava a galvanizar-se com a sucessão de lances de perigo que criava, quase sempre por erros do meio campo azul e branco. 


Como se estivesse ligado à corrente, o grupo de Rui Vitória foi aproveitando o menor fulgor portista para colocar em causa a vantagem. Afinal de contas, foi precisamente esse o elemento causador de toda a azáfama em torno do encontro.


Belluschi ainda assustou de livre, Hulk teve o golo nos pés e perdeu-o num devaneio de altruísmo, quando o quis oferecer a Walter. Pelo meio, num par de lances, era o Paços que assustava. Do furacão inicial, restava uma leve brisa, a que os dragões se agarraram para segurar os três pontos.


Soares Dias troca o penalty e aparece o golo...à Walter


Os últimos minutos do jogo são, claramente, um filme à parte. Antes do final houve tempo para Artur Soares Dias marcar o penalty errado. Anunciação fez falta sobre Hulk, que não caiu, e o juiz mandou jogar. Pouco depois, num livre de Guarín, viu uma mão inexistente e o «Incrível» fechou o marcador e aumentou a conta pessoal na Liga para 13 golos.


O jogo fechou com...um golo à Walter. O brasileiro continua com uma média de golos por tempo de jogo assinalável, quase sempre desta forma. Hulk arrancou imparável na esquerda e assistiu o compatriota que encostou. Resultado francamente pesado para aquilo que foi o grosso do encontro.


Contas feitas e o Natal continuará a ser azul. Os oito pontos para o rival Benfica foram mantidos, mais uma deslocação cumprida com êxito e sucesso conseguido no objectivo traçado internamente. O F.C. Porto chega invicto a 2011 e já soma 36 jogos consecutivos sem perder. 

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