FC Porto-Nacional
1
Resultado justo e categórico
Bom jogo, com ritmo alto, grande dinâmica, velocidade, competitividade e golos. Pode afirmar-se que à vitória justa e categórica do FC Porto podem ter faltado alguns golos, mas também é justo referir a competitividade que o Nacional deu à partida. Depois de uma primeira parte em que foi superior e comandou, embora entre o primeiro golo e o segundo tenha comandado mas sem controlar, na segunda metade controlou de fio a pavio, geriu a vantagem como quis e ainda pôde dar minutos de jogo a alguns jogadores com menos ritmo. É verdade que depois de fazer três golos nos primeiros 45 minutos tudo se torna mais fácil, até porque o adversário acaba por sentir-se impotente para reagir, mas o rigor do FC Porto foi impressionante.
2
Organização irrepreensível
O FC Porto jogou muito concentrado durante os 90 minutos, com grande disponibilidade dos jogadores para jogarem e demonstrarem desde o início que tinham aprendido a lição do último confronto entre ambos e de que resultou a única derrota portista esta época. Sabendo que o nacional é um adversário atrevido, que normalmente aproveita bem os erros dos adversários. Só que desta vez o FC Porto não deu a mínima hipótese de que tal pudesse acontecer. Manteve uma organização defensiva irrepreensível do primeiro ao último minuto. Marcou cedo, o golo deu tranquilidade, mas nem assim a equipa baixou a intensidade, a entrega e a concentração.
Já aqui elogiei a combatividade do Nacional, equipa que nunca desiste, e ontem provou-o mais uma vez. Tentou reagir ao golo sofrido, subiu no terreno, tentou pressionar alto, foi capaz de disputar alguns duelos individuais e até conseguiu roubar algumas bolas, só que a organização defensiva do FC Porto não permitiu qualquer oportunidade de golo. Digamos que, apesar da reacção positiva, por culpa do FC Porto o Nacional nunca chegou a ter esperança.
3
Trabalho do meio-campo é fabuloso
Continuando a jogar de forma inteligente, sem nunca facilitar, o FC Porto aproveitou a subida no terreno do adversário e a velocidade do seu trio atacante para jogar a bola para as costas da defesa do Nacional. Uma forma de jogar objectiva, enraizada, bem trabalhada. E apareceu o segundo golo numa bola primorosamente metida por Moutinho em Hulk, que apareceu isolado, e depois o terceiro, com Hulk a fazer o último passe que isolou James Rodriguez para um grande golo.
Independentemente do mérito dos autores dos golos, a forma como foram construídos - esses lances e outros do género - só aconteceu porque o trabalho do meio-campo do FC Porto é fabuloso. Moutinho e Belluschi jogam com inteligência, têm ambos uma técnica de passe primorosa e grande leitura de jogo. Daí que o FC Porto demonstre também uma excepcional ligação entre sectores e uma dinâmica colectiva impressionante. Os golos são disso um exemplo perfeito. Normalmente é Hulk quem aparece na cara do guarda-redes, mas ontem, depois de fazer dois golos, foi notável a fazer o passe que isolou James. Isto é trabalho de casa e dinâmica colectiva.
4
Hulk descobriu a melhor forma de brilhar
Começa a ser difícil encontrar o que escrever de novo sobre ele. Vá lá que ontem deu uma ajuda ao marcar de cabeça. Tem características ímpares que desequilibram qualquer jogo, como a potência e a velocidade, e cada vez está mais objectivo, mais solidário e mais inteligente na forma de jogar. Vê-se que tem sabido ouvir e corrigir os defeitos. Agora consegue utilizar todo o seu potencial em prol da equipa e terá percebido que esta é a melhor forma de brilhar. Ontem fez três cabeceamentos, o que é novidade. Um deu golo, outro foi defendido e o terceiro foi à barra, o que demonstra que também nesse particular tem evoluído. Quando um jogador cujo forte não é a cabeça, faz um golo e depois volta a criar lances de perigo com cabeçadas, começa a ganhar confiança. Ninguém se admire se ele daqui para a frente aparecer a fazer mais golos de cabeça, o que também lhe dará muito jeito se continuar a jogar naquela posição.
5
O miúdo tem confiança e personalidade
James Rodriguez é outro jogador em clara evolução. Está mais disciplinado tacticamente, mais agressivo em termos defensivos, mais identificado com o futebol português, que o está a fazer ganhar maturidade. Tem grande qualidade técnica e isso nota-se no toque de bola e no drible, mas o que mais me impressiona no miúdo é a confiança e a personalidade que tem. Nem o Cristiano Ronaldo com a idade dele tirava a bola das mãos de um colega para marcar ele um livre directo à entrada da área, como o vimos fazer numa das primeiras vezes em que jogou. Melhor ainda porque não foi contestado por nenhum dos colegas, bateu o livre para fora e continuou a jogar como se nada fosse. Evolui a cada jogo que passa. Entrou no tempo certo numa estrutura forte e ganhadora.
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