sábado, 29 de janeiro de 2011

Federação. O outro clássico FC Porto vs. Benfica

A norte há reuniões de última hora contra os novos estatutos; a sul há o desejo de os aprovar para lançar Fernando Seara a presidente. A luta pela FPF está ao rubro


Amanhã é o Dia D. Ou não, porque entre avanços e recuos, reuniões de bastidores e mudanças de última hora, também tudo pode ficar na mesma. A FPF aprova finalmente os novos estatutos (na AG que está marcada para este sábado) e torna-se legal (é ilegal desde 2008) para recuperar o estatuto de utilidade pública (os dinheiros que vêm do Estado) e já agora eleger um novo presidente em clima de paz? Ninguém o pode garantir. O que se pode assegurar é que a guerra pelo poder está ao rubro, com principalmente duas grandes forças envolvidas num braço-de--ferro que em certa medida representa o maior confronto da actualidade: de um lado o FC Porto, do outro o Benfica.

É assim o futebol português - dentro do campo também se joga este clássico já no início de Fevereiro, na meia-final da Taça de Portugal - e o combate é simples. As associações que têm recusado a votação dos novos estatutos alegam perda de direitos. Esta argumentação tem sido liderada pela Associação de Futebol do Porto, apoiada pelo maior clube da cidade, e no fim de contas a maior do país, até aqui com direito a 37 dos 500 votos que fazem a soma da assembleia- -geral da FPF (ver info em baixo). Em termos globais, com os novos estatutos as associações passam de uma representatividade de 55 para 25 por cento, um cenário que lhes retira poder nas grandes decisões do futebol. "Se for ao parecer do conselho de justiça da federação, está lá tudo o que tenho defendido nos últimos dois anos", disse ontem ao i Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto, referindo-se ao documento ontem emitido e sem querer alongar-se. O novo Regime Jurídico das Federações, publicado em Diário da República em 2008, viola a Constituição porque implica "uma limitação à liberdade de organização das associações de direito privado", explica o parecer do conselho de justiça. No fundo, as associações, aquelas que que estão na génese de federação, sentem-se empurradas para fora dela. Os defensores do novo regime jurídico e da proposta de estatutos que dele decorre lembram que foi aprovado na Assembleia da República, segue as orientações internacionais e até obedece à FIFA, organismo que já ameaçou com a suspensão dos clubes e da selecção portuguesa das provas além--fronteiras. Apesar de uma eventual inconstitucionalidade, tudo pode resumir-se à votação de amanhã e, aí, 75% dos votos decidem tudo.

O jogo de bastidores Na Associação de Futebol do Porto sabe--se disso e, independentemente de também terem alegado a ilegalidade da assembleia-geral de amanhã, na quinta-feira foi promovido um encontro com a Associação de Braga, com o objectivo de inverter a tendência de voto que os minhotos têm vindo a manifestar. "Foi um encontro patrocinado pelo FC Porto e pelo Braga. Está em causa uma alteração do sentido de voto", explicaram ao i.

Caso se altere o voto de Braga, o grupo que apoia os novos estatutos pode ter os 75% de votos necessários hipotecados. E aí quem perde? De imediato, é Fernando Seara, o presidente da Câmara Municipal de Sintra, que apareceu esta semana na Benfica TV a dizer que avançava para eleições caso a nova lei fosse aprovada. Aí está o outro lado do braço-de-ferro: o Benfica. "A apresentação desta candidatura não faz qualquer sentido nesta altura; veio aprofundar as rivalidades e pode per- turbar o essencial, ou seja, o acordo estatutário", disse ao fonte federativa.

A estratégia do Benfica, com o lançamento de Fernando Seara, deixa por outro lado Gilberto Madaíl e Hermínio Loureiro em posição delicada. Eventualmente, uma candidatura absorverá outras. A presidência da federação é apetecível - ordenado de 15 mi euros brutos - mas será ainda mais interessante pelo reforço de poderes que os novos estatutos prevêem. Por isso Gilberto Madaíl dizia esta semana que, caso fosse reeleito, faria finalmente uma revolução no futebol português. Mas quem vai ganhar o braço-de- -ferro?


in "ionline.pt"

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