André Villas-Boas voltou a distribuir elogios ao Benfica, garantindo, na véspera de uma jornada em que o Minho se intromete na candidatura ao título, que só assumirá a conquista do título quando for uma certeza... matemática.
Álvaro Pereira afirmou esta semana que pretende "manter a invencibilidade até à morte". Partilha desta ideia?
Não é uma obrigação. Aliás, até podemos manter a invencibilidade, mas se tivermos nove empates não seremos campeões. Compreendo que possa ser um estímulo, mas só será um prémio se a isso adicionarmos o título de campeão nacional.
Acredita que só algo de muito inesperado poderá retirar o título ao FC Porto?
Acho perfeitamente possível que o FC Porto não seja campeão. Já nos apontaram um ciclo negativo esta temporada, ao qual respondemos com uma série importante de vitórias. Mas, um novo ciclo negativo pode estar à porta, ou não... Queremos acreditar que o que fazemos é suficiente para nos mantermos neste ciclo positivo. Dependemos apenas de nós, tendo em conta a vantagem que temos, e estamos confiantes que podemos manter este percurso de sucesso até ao final. No entanto, o futebol é imprevisível e, por isso, vou encarar esta possibilidade até ser uma questão matemática, até porque, do outro lado, há uma equipa com uma sequência de vitórias igualmente importante, extremamente motivada, e com um grande balão emocional que é ganhar dois jogos no último minuto. Isso transcende as pessoas, o povo, faz alimentar o ego e, nesse sentido, estamos perante uma equipa que está no topo da sua motivação. Só um FC Porto igualmente no topo da sua motivação se manterá com esta distância pontual.
No Benfica, continua a acreditar-se no título e a equipa parece motivada, tendo em conta as declarações dos seus jogadores e treinadores. Como se motiva a sua equipa?
Não há melhor motivação do que acreditar que vamos ser campeões. Se os outros, com esta distância, se sentem motivados, nós teremos de nos sentir ameaçados por essa motivação para também continuarmos num nível motivacional elevado de forma a triunfarmos.
Esta jornada vai jogar primeiro do que o Benfica. Para si, é indiferente?
Nem sequer é uma questão. Para mim é igual, desde que se atribua um determinado tempo de recuperação entre os jogos. Já jogámos com mais tempo, menos tempo, antes, depois, já jogámos muito em cima de jogos da Selecção, de jogos europeus… Portanto, é igual.
No final do jogo com o Sporting, Jorge Jesus falou de uma equipa fatigada. Acredita que esta jornada pode ser decisiva para o campeonato, tendo em conta que o Benfica vai jogar a Braga?
Gostava de ter a minha equipa tão fatigada como a dele, porque era sinal de que tinha jogado a meia-final da Taça da Liga. Acredito que o sentimento dele também seja esse, até pela forma como festejaram a passagem à final. São as condicionantes de uma equipa de topo que se manteve dentro dos objectivos definidos.
Tem seis jogadores em risco de suspensão, numa altura em que o jogo da Luz se aproxima. Tem algum plano para resolver esse problema?
Não, mas olhamos para isso com algum cuidado. Acho que o facto de um jogador estar em risco de suspensão também inibe determinado tipo de maus comportamentos. Temos o exemplo do Hulk, ou até mesmo do Helton, que passaram uma série de jogos sem ver o quinto amarelo. Vamos mantendo a situação assim e logo veremos o que acontece.
Tal como em Espanha, com o Real Madrid e Barcelona, o Benfica e o FC Porto destacam-se de todos os outros adversários. Sente que o campeonato perde interesse devido a esse facto?
Não me parece que esteja a perder o interesse, bem pelo contrário. Se olharmos para os últimos 20 anos, temos registo para vitórias do Boavista e Sporting no campeonato. Também há um percurso muito forte do FC Porto e, há uns anos, do Benfica. Não é um dado novo, até porque em Espanha se passa o mesmo, apesar de o Valência e o Corunha também terem sido campeões. No ano passado, em Portugal, tivemos o Braga a ameaçar até à última jornada. É uma questão histórica, cultural e nada dramática.
"Se não formos competentes podemos perder pontos"
Há um ajuste de contas para fazer com o Guimarães, tendo em conta que foi um dos dois clubes que roubou pontos ao FC Porto na primeira volta?
Não há esse sentimento de revolta, apenas a manutenção dos objectivos que temos estabelecidos; conseguimos vencer o primeiro jogo de cinco que queremos ganhar, nada mais. Se isso eventualmente não acontecer, teremos oportunidade de redefinir objectivos para um novo ciclo. Se vencermos o Guimarães, estaremos a dar mais uma demonstração da nossa força, porque vamos defrontar um adversário que tem alcançado os objectivos para esta época e que está às portas de uma final na Taça de Portugal. Vamos encontrar um adversário de prestígio, que, de ano para ano, tem sempre muitas entradas e saídas de jogadores, mas que, apesar disso, se mantém sempre fiel ao seu estilo e forma de jogar. Nesse sentido, esperamos grandes dificuldades.
Defrontar o Guimarães representa um risco elevado nesta altura do campeonato?
Jogar contra o Guimarães, fora ou em casa, é sempre extremamente complicado. É uma equipa que pode criar grandes dificuldades, porque tem um treinador que gosta de definir estratégias diferentes consoante os jogos. Essas estratégias não são fáceis de analisar e podem causar alguma surpresa, até pela possibilidade de introdução de novos jogadores no onze inicial. Tentamos fazer uma leitura do que pode acontecer, estamos confiantes na nossa organização, mas tendo sempre como negativo esse factor surpresa que o Guimarães pode apresentar através da sua imprevisibilidade.
Teme que os jogadores do FC Porto possam relaxar nesta partida, tendo em conta que há um jogo a meio da próxima semana, com o CSKA, e uma vantagem de oito pontos para o Benfica?
Não, isso não é possível. Tivemos uma boa semana de recuperação e trabalhámos os nossos princípios de jogo. Também tivemos dois dias de folga que, para nós, são fundamentais, sobretudo na recuperação mental. Para além disso, trabalhámos muito forte durante esta semana e acredito que podemos realizar um bom jogo. No entanto, tudo dependerá da forma como encararmos mais este desafio: venceremos se estivermos comprometidos com o jogo e se formos competentes, mas se não o fizermos podemos perder pontos.
Sílvio e Lima, "notícia falsa"
A notícia surgiu esta semana, na qual se garantia que o FC Porto já teria assegurado as contratações de Lima e Sílvio, do Braga, para a próxima temporada. André Villas-Boas perdeu pouco tempo a comentar essa possibilidade, tendo-se limitado a negar a contratação dos dois jogadores. "Esse assunto pode morrer imediatamente: é uma notícia absolutamente falsa", afirmou o treinador portista.
"Sou o que sou porque tenho grandes jogadores"
André Villas-Boas afirmou esta semana que não era "nada de especial" como treinador; terá sido falsa modéstia ou mais uma tentativa de se demarcar de José Mourinho? "O que disse sinto-o diariamente: só sou o que sou porque tenho à minha disposição um núcleo de jogadores com um grande talento. Só eles nos podem levar até ao sucesso. Também acredito muito na liberdade de decisão dentro da nossa equipa técnica e por isso é que temos uma grande empatia. Aqui, todos decidem. Somos uma equipa técnica que sabe dialogar e em que o seu líder é a voz de todos e não apenas a sua voz. Não é uma demarcação de José Mourinho, porque isso não é uma preocupação para mim; foi apenas uma constatação de alguém que apareceu há pouco tempo no futebol."
Estatutos da FPF: "Longe do abismo"
A questão da adequação dos estatutos da FPF à lei portuguesa continua por resolver, com a FIFA e a UEFA a dilatarem o prazo para se encerrar em definitivo o assunto, sob pena de a Selecção Nacional, mas também os clubes portugueses, serem penalizados. André Villas-Boas admite que não tem um conhecimento profundo sobre o assunto, mas, mesmo assim, não se negou a comentar esta polémica. "Falta-me conhecimento para dar uma opinião. No entanto, dá para perceber que há um choque tremendo entre duas posturas; não vou assumir a defesa de nenhuma delas, mas também me parece que as ameaças da FIFA e da UEFA podem ser apenas para pressionar. Não me parece que estejamos numa situação de abismo, como se quer vender. Há apenas um aviso e esperemos que se chegue rapidamente a um acordo. Nada mais."
in "ojogo.pt"
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