quarta-feira, 2 de março de 2011

Kelvin: «F.C. Porto? Ainda penso se é verdade...»

Conheça o jovem de 17 anos que os azuis e brancos contrataram no Brasil

Juan Iturbe não foi o único jovem prodígio contratado pelo F.C. Porto em Janeiro. À semelhança do que fez com a promessa argentina, Pinto da Costa garantiu também Kelvin, um esquerdino de apenas 17 anos que deu nas vistas no futebol brasileiro, com as cores do Paraná Clube.


O processo de Kelvin tem aliás semelhanças com o de Iturbe: estava em litígio com o Paraná, assinou pelo F.C. Porto e regressou ao clube de origem, onde se manterá em actividade até Junho. Para já vai dando nas vistas no campeonato paranaense. No último domingo marcou até um golo.



Ora por isso o Maisfutebol foi tentar conhecer melhor Kelvin e falou com o jovem médio. Na primeira entrevista a um jornal português, Kelvin mostrou-se surpreendido com tudo o que lhe tem acontecido. «Às vezes penso se tudo isto será mesmo verdade», conta. «Mas poucas vezes.»



O brasileiro garante ter uma confiança quase sem limites. A forma de falar faz até lembrar Anderson, actualmente no Man. United: descomplexada, liberta, sem receio ou timidez. «Tenho muita confiança em mim», diz. «Por isso não fico muito pensando no que me aconteceu. Olho para o futuro.»



O futuro, adianta, é cheio de ilusões. «Quero dar-me bem no F.C. Porto. Quero chegar e mostrar o meu valor. Sei que o F.C. Porto é um clube muito grande, mas eu confio em mim. Por isso espero ter sucesso. Depois quero a selecção brasileira. Esse é o meu sonho número um: chegar à selecção.»



Já esteve para acontecer, adianta, quando teve o nome ligado ao Sul-americano sub-20. «Mas infelizmente foram só rumores e acabei por não ser chamado.» Tem tempo: aos 17 anos, ainda tem um Sul-Americano e um Mundial sub-20 pela frente. «Nesses eu espero estar. É para isso que vou trabalhar.»



Para já espera continuar a ajudar o Paraná Clube no campeonato paranaense. Com a camisola 10 nas costas, o jovem que ainda é menor tornou-se a principal figura. Titular na formação de Ricardo Pinto, Kelvin tem assumido um papel fundamental na equipa e motivado muitas notícias no Brasil.



O futebol de Kelvin é todo ele brasileiro: gingão da cabeça aos pés. Embora franzino, nos 65kg com 1,71 metros, o jovem não tem receio de enfrentar defesas. É rápido e tecnicista. Joga pela esquerda, mas também ao centro. «Sou um médio ofensivo. Gosto de pegar na bola e ir para cima.»



No Paraná joga no ataque, solto, ao lado do ponta-de-lança. No F.C. Porto está pronto para tudo. O azul e branco é o sonho que já lhe enche a alma. «Ainda não falei com nenhum brasileiro do clube. Mas já sei tudo sobre o F.C. Porto. Estou sempre ligado na internet a pesquisar tudo», diz.



«Procuro informações sobre o clube em sites, vejo os jogos pela televisão e estou sempre nos fóruns de discussão a tentar saber mais. Informei-me sobre os adeptos, sobre o clube e sobre a cidade. Fiquei com a impressão que tudo é muito bom. Bom de mais», diz. O sonho continua em Julho.

Kelvin, de júnior ao F.C. Porto em quatro meses

A história do jovem reforço portista contada pelo próprio


A vida de Kelvin não pula e avança: atropela tudo que lhe aparece à frente. Só assim se explica a evolução estonteante que teve nos últimos meses. «Para mim foi tudo muito rápido», diz ao Maisfutebol. «Estava nos juniores, de repente estava nos seniores e de repente estava no F.C. Porto.»


Os azuis e brancos foram mais rápidos do que toda a gente e fecharam negócio em Janeiro. Numa altura em que se falava da cobiça dos grandes brasileiros, com o elogioso Scolari à cabeça, o F.C. Porto surgiu rápido, chegou a acordo, fez os exames médicos e assinou contrato em Porto Alegre.



«Eu estava nas camadas jovens do Paraná Clube. Então o meu treinador Roberto Cavalo foi ver um jogo dos juniores e gostou de mim. No final veio falar comigo e disse-me para no dia seguinte ir treinar com os seniores. Eu fui, ele gostou do treino que fiz e me convocou para o jogo do dia seguinte.»



O jogo do dia seguinte era com o Guaratinguetá. «Entrei na segunda parte e fiz um golo. Então nunca mais saí da equipa.» Em três dias passou dos juniores a aposta séria nos seniores. Mas não foi tudo: em quatro meses passou dos juniores do Paraná a jogador do F.C. Porto. «Aconteceu muito depressa.»



Na base deste salto está um pé esquerdo que Roberto Cavalo, o tal treinador que o descobriu nos juniores, diz ter sido «educado por Deus». Kelvin agradece o elogio e diz que não tem medo do desafio. «Desde pequeno que eu sempre me destaquei. Joguei sempre dois anos à frente da minha idade.»




O futebol começou aliás na vida de Kelvin muito cedo. «O meu pai trabalhava num banco e aos seis anos comecei a jogar nas escolinhas de uma associação de que o meu pai era sócio. Dei nas vistas e um empresário, que ainda hoje me representa, levou-me para o Paraná quando tinha nove anos.»



«No início fui jogar futsal e quando tinha onze anos passei para o futebol de onze. Aqui no Brasil é normal começar-se no futsal, muitos grandes jogadores começam assim. Dá mais técnica. Depois me fui destacando nas várias categorias jovens do Paraná», conta o jovem, que nem sempre foi atacante.



«Quando comecei a jogar futebol de onze era lateral-esquerdo. Cheguei à equipa do Paraná e não tinha ninguém para essa posição. Como era esquerdino, eu fui quebrar esse galho. Mas com o tempo, e como era muito tecnicista, fui subindo no terreno. Hoje me estabeleci como médio de ataque.»



No Paraná Clube Kelvin é já um ídolo. «As pessoas aqui confiam muito no meu talento. Tantos os directores quanto os adeptos. Eu quero agradecer todo esse carinho que me dão. Desde a primeira hora que eu vesti esta camisola que tentei honrá-la e vou fazê-lo até ao último minuto», garante.



O F.C. Porto, adianta, é o amor que se segue. Ou antes, é um amor que começa a ocupar grande parte do coração de Kelvin. «Às vezes é complicado, tenho contrato com o F.C. Porto e jogo no Paraná. Para já tento separar as coisas: procuro saber tudo sobre o Porto e ajudar o Paraná dentro de campo.»



«A minha vida vai mudar muito e é impossível não pensar nisso. É impossível não pensar no F.C. Porto. Só me vou apresentar em Julho, mas já tento saber tudo sobre a equipa. Em Julho quando chegar a Portugal espero dar-me bem e mostrar todo o meu valor. Confio que vou ter sucesso», finaliza.

In "maisfutebol.iol.pt"



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