Se as substituições são mesmo como os melões, então Guarín, Cristian Rodríguez e Rúben Micael saíram madurinhos das mãos de Villas-Boas. Até James, o substituto de Hulk, encaixa bem nessa categoria, porque também ele acabou por ser decisivo para abrir caminho à vitória do FC Porto na segunda das cinco finais traçadas por antecipação nas contas do título.
Se o jogo se resumisse a uma luta de bancos, e é mesmo possível reduzi-lo a isso, não havia maneira de Manuel Machado escapar à ideia de um KO técnico: as escolhas de João Pedro e Rafael não produziram o efeito desejado e, mesmo que não justifiquem tudo, acabaram por coincidir com o crescimento efectivo do FC Porto. E há outro detalhe favorável a Villas-Boas neste duelo particular: tirar Belluschi era uma decisão óbvia, depois de tantas asneiras acumuladas pelo argentino no passe, mas a saída de Varela encerrava alguns perigos, porque o extremo, apesar da indisfarçável tendência para não corresponder nos cruzamentos ao que de bom faz antes, fora dos mais dinâmicos a provocar desequilíbrios. Tirá-lo com o jogo empatado a zero, apostando cegamente num Rodríguez com historial suficiente para gerar desconfianças, tinha tudo para ser um tiro no escuro. Afinal, foi tão arriscado quanto certeiro. Três minutos depois, ainda que por obra e graça de outros protagonistas, o FC Porto respirava de alívio. Outra vez na segunda parte, e praticamente no mesmo minuto do primeiro golo marcado em Olhão. Para adeptos ansiosos esse momento tranquilizador pareceu ter chegado tarde, quase no limite de uma crise cardíaca, mas a verdade é que chegou bem a tempo de transferir para o Benfica a responsabilidade de se desenvencilhar, hoje, do minhoto que lhe toca.
Puxando o filme deste jogo atrás, há uma primeira parte menos negra para as escolhas de Manuel Machado. A Villas-Boas terá bastado ler jornais para saber que enfrentaria uma combinação laboratorial de técnica-barra-velocidade, num ataque com Targino, João Ribeiro e Toscano.
O Guimarães parecia ganhar a elasticidade de um acordeão, porque os três da frente recuavam o suficiente para se fundirem com o bloco do meio, ajudando a asfixiar a zona criativa do FC Porto, e disparavam sem cerimónias quando conseguiam precipitar o erro. E precipitaram muitos no meio-campo portista. Aliás, o primeiro minuto deu logo a ideia de que a aposta de Machado até podia resultar: embalando nas costas de um Fucile desprevenido, Targino assustou o Dragão, valendo o pé de Helton. Um susto que não foi suficiente para abanar o dragão, algo enredado nessa teia vimaranense e, quando se conseguia libertar dela, também atraiçoado por uma interminável sucessão de passes errados. O problema prático do Guimarães foi não conseguir traduzir esse bloqueio ao adversário em lances de perigo evidente na área portista, justificando-se, assim, o empate ao intervalo.
A segunda parte, apimentada pelos efeitos diferentes das substituições, como já se disse a abrir, foi de claro domínio dos portistas. Menos explosivos e menos folclóricos sem Hulk, é verdade, mas com um Falcao sintonizado com as balizas: três golos do colombiano nos últimos dois jogos confirmam-no como peça decisiva. Há ainda para sublinhar o belíssimo passe de Rúben Micael que permitiu a um Rodríguez inesperadamente eléctrico assinar o ponto final.
FC Porto - Guimarães 2-0
Estádio do Dragão
Relvado em bom estado
Espectadores 36419
Árbitro Jorge Sousa (AF Porto)
Golos: 1-0 Falcao 67', 2-0 Cristian Rodriguez 90'+2'
-
FC Porto
Helton, Fucile, Maicon, Rolando, Álvaro Pereira, Fernando, João Moutinho, Belluschi (Guarin, 54), Varela (Cristian Rodriguez, 65), James Rodriguez (Ruben Micael, 81) e Falcao.
Treinador André Villas-Boas
Guimarães
Nilson, Alex, N'Diaye, Cléber, Bruno Teles, Renan, João Alves, Jorge Ribeiro (João Pedro, 62), Toscano (Rafael, 62), Targino e João Ribeiro.
Treinador Manuel Machado
-
Cartões amarelos Jorge Ribeiro (07 ), Rolando (07), João Ribeiro (45), Rafael (64), Alex (73), João Alves (80) e N'Diaye (83 e 87). Cartão vermelho por acumulação de amarelos para N'Dieaye (87).
in "ojogo.pt"
2 comentários:
Bom dia,
Primeiras palavras para um treinador que admiro, mas que ontem foi infeliz, ao culpar o árbitro pela derrota da sua equipa.
Manuel Machado ontem traçou uma estratégia errada para vir jogar ao Dragão. Alterou o esquema habitual, deixou Edgar no banco, e se perdeu foi por culpa própria. Veio nitidamente à procura do empate, e só Nilson e a nossa ineficácia na finalização lhe valeram para não sair humilhado do Dragão.
Jorge Sousa prejudicou o FC Porto logo na primeira parte ao não expulsar Jorge Ribeiro após entrada violenta com os pitões na cocha de Moutinho.
Na segunda parte o Vitória não efectuou um único remate.
O Vitória deu menos réplica ao FC Porto, que por exemplo o Pinhalnovense.
Foi o adversário mais "cagão" que passou pelo Dragão esta época em todas as competições.
Ontem o FC Porto entrou pouco agressivo no jogo. Depois do brilhante jogo que fez em Olhão, Belluschi apareceu muito desconcentrado, a errar muitos passes, e compreende-se, Belluschi teve uma semana de emoções fortes com o nascimento da sua filha Francesca na quarta-feira, e por conseguinte psicológicamnete não estaria a 100 %.
No meio campo Moutinho e Fernando lutaram imenso, e Fernando esteve muito bem no capitulo das recuperações de bola, e cortes providenciais nas saídas para contra-ataque do Vitória.
Mesmo sem rubricarmos uma grande primeira parte, tivemos as melhores ocasiões de golo, uma delas flagrante desperdiçada por Maicon.
Na segunda parte entramos muito mais agressivos, e Villas-Boas sem demoras, colocou Guarin em campo e a partir desse momento ganhamos o meio campo e o jogo.
O golo acabou por surgir com naturalidade, num excelente passe de James para Falcao, e o segundo depois por Cebola, que entrou muito bem no jogo, e que matou o desafio confirmando uma importante vitória rumo ao título.
Destaques individuais para Falcao, na minha opinião o melhor em campo pelo que lutou. Helton, Fernando, Fucile e Rolando estiveram seguros na defesa.
Penso que Maicon foi titular para marcar Edgar, que acabou por ficar no banco. Maicon é forte no jogo aéreo, e assim poderia travar o goleador Edgar cujo forte é precisamente o jogo aéreo.
Alvaro deu muita velocidade ao jogo, apenas falhando na decisão final das jogadas.
James é um excelente jogador, de grande qualidade técnica e de último passe, e foi mais uma vez decisivo.
Varela esteve uns furos abaixo do habitual.
Última nota para o público que esteve em bom número para apoiar a equipa, aproveitando a tarde de ontem que foi fantástica, com a vitória sobre os visitantes no hóquei e mais uma vitória no basquetebol, e assim nas 3 modalidades estamos em 1º. lugar.
Abraço e bom domingo
Paulo
http://pronunciadodragao.blogspot.com/
Vitória normal da única equipa que jogou com esse objectivo.
Primeira parte que só não teve golos pela ineficácia dos remates portistas, rectificada no segundo tempo, onde Álvaro Pereira, James Rodríguez, Falcao e Guarín sobressaíram pela importância das suas performances na construção de mais uma vitória, a 20ª em 22 jogos, que nos catapulta com mais vigor para a conquista do ambicionado título.
Parabéns para esta equipa e para o seu treinador que esteve particularmente feliz nas substituições.
Um abraço
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