quinta-feira, 14 de abril de 2011

AVB: "Chegamos aqui no topo da forma e da confiança"

Villas-Boas assumiu um discurso de cautela e de comprometimento absoluto relativamente ao jogo com o Spartak, recusando-se a dar a eliminatória como garantida. O treinador acredita na competência dos russos e, também por isso, afastou qualquer hipótese de apresentar um onze alternativo. Nem mesmo o facto de Moutinho estar à bica em termos de amarelos o fará mudar de ideias. Aliás, Villas-Boas até desvalorizou os jogos que se seguem com Sporting e Benfica.

Uma vantagem tão grande pode trazer alguma descontracção?
Acho que não. Qualquer desvantagem pode ser recuperada. Respeitamos isso e o imprevisível que pode acontecer. Estaremos alertas e despertos. Entraremos comprometidos com o passar da eliminatória. No futebol, não há impossíveis, mas estamos focalizados em passar.

A seguir ao Spartak, vêm o Sporting e o Benfica. Onde é que vai apostar mais?
A melhor aposta é pensar individualmente à medida de cada jogo. Não me passa pela cabeça, com este nível de dificuldade dos três jogos, gerir ou apostar mais num ou outro. São todos de extrema importância. Vamos enfrentar um de cada vez. Este é decisivo para meias-finais da Liga Europa, e é preciso valorizar isso porque há três equipas portuguesas que estão perto desse sonho, o que é inédito e valoriza o que é o nosso talento individual e colectivo.

O trabalho mental é diferente em função da vantagem?
A reunião com os jogadores será amanhã, e as mensagens serão dadas apenas nessa altura, com a ideia de passar a eliminatória.

O FC Porto chega a esta altura da época no topo da forma e da confiança?
Poderia dizer que sim e não, mas acho que sim. Temos construído algo muito sólido e temos conseguido bons resultados, principalmente nesta segunda volta do campeonato e fase decisiva das outras competições. Estamos orgulhosos, mas tudo terminará em inglória e crítica se não continuarmos a ganhar. O grande objectivo está atingido, mas temos de nos focalizar nos outros.

É mais fácil gerir depois de o campeonato já estar conquistado?
Mais difícil é manter os objectivos todos em aberto e conquistar o principal e ainda estar nesta fase da prova. Levamos um percurso que é fantástico. Mesmo que o FC Porto ficasse pelo caminho amanhã, o percurso seria notável, tendo em conta o que se passou no campeonato e na Taça. Ainda mais difícil é pela forma como o temos feito, privilegiando o jogo e o espectáculo.



"Favoritos estão sempre a mudar"

Apesar de estar com um pé nas meias-finais e mais perto do sonho de chegar a Dublin, Villas-Boas procurou retirar o rótulo de favorito que tem sido colado ao FC Porto. "Não nos atribuímos esse papel. À medida que se vai saltando eliminatórias, os favoritos mudam e não faz sentido falar nisso. Grandes equipas já caíram, como o Sevilha, o Liverpool e o Zenit; vão ficando para trás e também eram apontados como favoritas e estavam bem cotadas nas apostas. Vamos acreditando que podemos conquistar a competição cada vez mais, mas sem sentimento de favoritismo", atirou, garantindo que não tem qualquer "feeling" sobre quem serão os finalistas. "Temos de ganhar ao Spartak e depois pensar em quem vai às meias-finais. Não tenho 'feeling' nenhum desta vez", frisou.
O FC Porto volta a jogar no relvado sintético do Estádio Luzhniki, e Villas-Boas admitiu que, desta vez, a equipa estará mais preparada? "A experiência do outro jogo é óptima porque os jogadores terão isso no subconsciente, ao nível das adaptações e dos efeitos da bola. Será uma vantagem no sentido em que tomarão melhores decisões do que da outra vez. Já a temperatura não me parece relevante", sublinhou, voltando a insistir no discurso da cautela e do alerta e assegurando que o FC Porto não vai encarar esta partida como sendo apenas para cumprir calendário. "Será um desfio muito difícil. As palavras de Karpin são claras, quando ele diz que a equipa se pode transcender. E quando uma equipa se tenta transcender, podem acontecer duas coisas: transcender-se ou correr para pior. Acredito na competência desta equipa, que esteve na Champions e ganhou ao Marselha e tem potencial para se transcender", atirou.

"Resultado não reflecte diferença entre as equipas"

Questionado por um jornalista inglês presente em Moscovo, André Villas-Boas fez questão de elogiar a equipa do Spartak de Moscovo, sublinhando que a partida no Dragão correu bem ao FC Porto. "O Spartak esteve muito bem nos primeiros 20', criando boas ocasiões", começou por reconhecer o técnico portista. "Depois controlámos o jogo, ficámos mais confiantes e conseguimos o 1-0 antes do intervalo", acrescentou, explicando a evoluçãofavorável da partida da primeira-mão. "Na segunda parte, fizemos o 3-1 aos 85' e ainda marcámos mais dois golos. Penso que o resultado não reflecte a diferença entre as equipas; o Spartak foi infeliz ao sofrer os últimos dois golos, que nos dão esta vantagem", referiu, fazendo questão de evitar comentar a sugestão de Valery Karpin, que convidou os adeptos russos a atirarem ovos podres aos seus jogadores.

Desmentido alegado interesse do Liverpool

O diário desportivo italiano "Gazzetta dello Sport" noticiou ontem que Villas-Boas teria já assumido um pré-acordo com o Liverpool. O treinador portista desmentiu o rumor de imediato. "Isso não é verdade, são especulações que não fazem sentido. Nasci no Porto e sou adepto do FC Porto, podem tirar as vossas próprias conclusões."

Amarelos de João Moutinho não preocupam a equipa técnica

João Moutinho está em risco de falhar a primeira mão das meias-finais caso, como se espera, o FC Porto confirme o apuramento e o médio seja admoestado esta noite. Uma situação que não condiciona as escolhas de Villas-Boas. "Exemplifico com o que se passou em toda a segunda volta, na qual não fizemos gestão nem privilegiámos outros jogos 'a posteriori'. Por isso é que não há gestão; se Moutinho for opção, será uma opção estratégica."

in "ojogo.pt"

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