A exuberância e acutilância que apresenta nos relvados está longe de corresponder à personalidade fora deles. James é tímido e reservado, mas também seguro e conciso nas ideias que expressa. A O JOGO, falou da época "fantástica" do FC Porto, mas também do desejo de fazer ainda mais na próxima. Afinal, vem aí a Liga dos Campeões...
Agora já sabe o que é a Avenida dos Aliados?
Sim, sei (risos). Foi uma grande festa, com muitos adeptos, e foi um momento importante para os jogadores sentirem aquele carinho todo. Impressionou-me muito, porque havia muita gente nas ruas. Já sabia que o FC Porto era um clube grande, mas ali percebi ainda melhor o que representa para as pessoas. Senti também que é um clube habituado a ganhar.
Mas imaginava, quando ainda estava em Dublin, que iria encontrar tanta gente a festejar no Porto?
Não, claro que não. Tanta gente não. Foi um momento muito bonito e que nunca mais esquecerei.
Depois de tantas vitórias esta temporada, o que mais o entusiasma para a próxima?
Jogar a Liga dos Campeões, claro. Vou jogar esta competição pela primeira vez e é mais um sonho que vou cumprir. Estou muito entusiasmado com essa possibilidade.
Espera ser mais vezes titular ?
Trabalho para estar sempre entre os titulares, mas essa é uma decisão que está nas mãos do treinador. Eu espero jogar mais, estar sempre no onze inicial, e é com essa ideia que vou partir para a próxima época.
Na próxima temporada, as responsabilidades vão aumentar. Está preparado para corresponder às expectativas?
Sinto-me preparado, sem dúvida. Fiz uma boa época, mas acredito que posso fazer ainda melhor na próxima. Tenho a convicção de que vou explodir definitivamente no próximo ano.
Mas, para isso acontecer, seria mais fácil se saísse algum dos habituais titulares?
Acho que não... Mesmo que alguém vá embora, será sempre duro, porque o FC Porto só escolhe grandes jogadores para o plantel
Até Janeiro, fez apenas seis jogos pelo FC Porto. Que pensava nessa altura?
Sinceramente, estive sempre tranquilo. Sou jovem e tive a noção, desde o primeiro dia em que cá cheguei, que havia colegas mais velhos, com outro estatuto, e que são excelentes jogadores. A concorrência directa era - e continua a ser - muito forte, pelo que sabia que teria de esperar pela minha oportunidade.
E que lhe dizia o treinador nessa altura?
Dizia-me para estar tranquilo e para continuar a trabalhar da mesma forma. Por exemplo, o Guarín passou pelo mesmo e ele também sempre me disse para não perder a tranquilidade, porque a minha vez iria chegar. E chegou (risos).
Quando assinou pelo FC Porto, imaginava encontrar um clube assim?
Não tinha uma ideia muito formada... Sabia que o FC Porto é um clube grande e habituado a ganhar muitos títulos, como pude constatar esta temporada. Também me disseram que tinha uma estrutura muito boa e com condições espectaculares para os jogadores. Como devem imaginar, tudo se confirmou.
"Final da Taça de Portugal foi um sonho"
Como conseguiram gerir os festejos da Liga Europa, quando sabiam que tinham três dias depois uma final da Taça de Portugal?
Foi muito difícil. Aliás, não nos podemos esquecer que ainda há pouco tempo também tínhamos festejado com grande intensidade a vitória no campeonato. Apesar disso, o grupo de trabalho manteve-se consciente de que era importante vencer o Guimarães e que não podíamos deixar fugir a oportunidade de conquistar quatro títulos na mesma época.
Antes da final da Taça de Portugal, tinha marcado três golos no FC Porto, tantos como fez no Jamor. Já percebeu o que conseguiu atingir naquela tarde?
Aquele jogo foi como um sonho. Não é muito normal ver um jogador a marcar três golos numa final e, por isso, fiquei muito feliz com a minha exibição, mas também por ter ajudado a conquistar mais um título para o clube. Já voltei a ver os golos na televisão e senti, ainda mais, que aquilo que consegui foi muito importante para mim.
Marcou três, mas ainda assistiu para mais dois. Algum dia imaginou um jogo tão perfeito?
Confesso que não. Nunca. Ou melhor, um jogador sonha sempre em fazer jogos como aquele, mas sabendo que dificilmente se concretizará. Felizmente aconteceu e acabou por ser uma tarde em grande. Foi a minha melhor exibição desde que cheguei ao FC Porto.
O que lhe disseram no final?
Deram-me os parabéns. Estava muito feliz por ter conseguido marcar três golos, mas mais importante do que isso foi ver toda a gente ligada ao clube satisfeita por termos conquistado mais um título.
Ganhou quatro títulos esta temporada, mas não sente que a Taça de Portugal é aquele que é mais seu?
Sim, claro, até pela minha exibição. Apesar disso, todos os títulos foram muito especiais para mim, ainda por cima sendo a minha primeira época na Europa, e também muito importantes para o clube e para os adeptos.
Já tinha marcado um golo de cabeça?
No FC Porto foi o primeiro, mas no Banfield já tinha feito três. Não foi uma novidade para mim.
Mundial sub-20, as férias e o calor da gente do Porto
Depois de terminada a época, James segue directamente para Toulon, onde vai disputar o torneio. Depois, segue-se a participação no Mundial de Sub-20, que se realiza precisamente na Colômbia. "Vai ser uma competição fantástica. Todos acreditam que podemos vencer. Espero jogar bem", anunciou, por entre a explicação de que não deverá ter férias esta época. "Ainda por cima, devo perder uns seis ou sete jogos no arranque da temporada. Mas não há nada a fazer...".
James confessou ainda que está completamente adaptado à vida em Portugal - "agora já nem preciso de GPS para me orientar pelas ruas do Porto" - e assume que, a cada dia que passa, é mais reconhecido na rua pelas pessoas. "Hoje vêm ter muito mais comigo. Dão-me os parabéns, tiram fotos, pedem autógrafos... Às vezes ficam ali a fazer-me muitas perguntas. É engraçado". O colombiano referiu ainda que não encontrou muitas diferenças entre os portuenses e os sul-americanos: "Tanto aqui, como lá, as pessoas são muito calorosas".
"Na Colômbia já é tudo portista"
A vitória do FC Porto na Liga Europa também foi muito festejada na Colômbia, garante James. De Dublin, o extremo guarda sobretudo um "momento único na carreira".
Ficaram mais um dia em Dublin, depois da final. Como foram os momentos que se seguiram à vitória?
Vivemos momentos de grande felicidade, porque foi uma conquista única para todos e algo que nunca imaginávamos ser possível, pelo menos há uns meses. Para além disso, sabemos que esta época, com a conquista de quatro troféus, entra para a história do clube e vai estar sempre na memória de todos. Apesar disso, tinha preferido regressar logo, porque queria estar com os adeptos. Mas também foi bom, sendo que fui logo à internet para ver o que as pessoas diziam da nossa vitória.
Chegaram a provar uma Guinness em Dublin?
Não, nada disso (risos).
E antes do jogo, como foi viver o ambiente de Dublin?
Foi único, era uma final... Mas estávamos muito tranquilos, apesar de conscientes de que era um jogo muito complicado, frente a um rival duro.
Mas estava a contar entrar naquela partida?
Um jogador quer sempre jogar e, para mim, ter entrado nos últimos minutos foi muito importante. Afinal, daqui a uns anos posso dizer que participei naquela final memorável. Pessoalmente, estava muito excitado com a final e só pensava que há muitos jogadores, alguns deles com reputação internacional, que nunca conseguiram disputar uma final europeia. Eu já consegui!
O percurso dos três colombianos do FC Porto é muito seguida no vosso país e até receberam uma mensagem do presidente depois da conquista da Liga Europa...
É verdade... Ele ligou para o Falcao, falou com ele, e deu-nos os parabéns por estamos a representar tão bem o nosso país.
E o que dizem os seus familiares e amigos?
Bem, já são todos adeptos do FC Porto. Aliás, acho que todos os colombianos passaram a ser adeptos do FC Porto (risos). Sabemos que as pessoas estão atentas ao que fazemos e também já sabemos que conhecem a grandeza deste clube.
Para além disso, o golo da final da Liga Europa foi fabricado por dois colombianos e depois você marcou mais três na final da Taça de Portugal...
É verdade e claro que isso é importante. É importante para nós, para a Colômbia, mas sobretudo para o FC Porto.
"Gostava de defrontar o Barcelona"
Qual equipa prefere defrontar na Supertaça Europeia: Barcelona ou Manchester United?
Barcelona, claro. Gostava muito de jogar contra o Barcelona porque eles, tal como nós, só pensam em ganhar.
E também por causa do Lionel Messi?
Não especificamente, porque no Barcelona todos jogam muito bem.
Mas entende que era mais fácil ao FC Porto defrontar o Barcelona?
Não, claro que não. São duas equipas fantásticas e muito complicadas. O Manchester United tem jogadores fabulosos, mas acho que o Barcelona é melhor. Para ser sincero, e pensando na equipa teoricamente mais fácil para vencermos, não há uma escolha possível.
O FC Porto pode-se comparar, na forma de jogar, ao Barcelona?
Sim, sobretudo porque as duas equipas jogam muito bem (risos)...
E quem é o Messi do FC Porto?
Não sei (risos)...
Pode ser o James?
Não, nada disso.
Então é o Hulk?
Pode ser, pela importância que ele tem na equipa. O Messi é mais rápido e o Hulk mais forte.
Garantia: Falcao quer ficar
É a dúvida do momento: Falcao vai continuar no FC Porto? James, o amigo, tem apenas uma certeza. "Ele está muito feliz no FC Porto e parece-me que quer continuar. Mas nunca falamos abertamente sobre esse assunto", explicou. James confidenciou ainda que está a torcer pela continuidade do compatriota, até pela amizade que os une: "Estamos os dois a aprender inglês, mas ele fala muito melhor do que eu".
in "ojogo.pt"
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