Pela primeira vez na sua história, o FC Porto venceu um campeonato sem derrotas, obtendo 84 dos 90 pontos disponíveis. Um registo memorável alcançado pelo jovem treinador André Villas-Boas que se traduz na conquista de 93,3 por cento dos pontos possíveis, mas que não bateu a prova quase perfeita dos “dragões” em 1939-40 conduzida pelo técnico húngaro Mihaly Siska: 94,4 por cento dos pontos possíveis. Se os dois técnicos azuis e brancos ocupam os lugares de bronze e prata do pódio, o ouro continua na posse do inglês Jimmy Hagan, que levou o Benfica de 1972-73 a terminar também invicto, mas arrecadando 96,7 dos pontos possíveis.
E se Villas-Boas chegou muito perto da melhor contabilidade de Siska (um treinador que se estreou no banco portista com apenas 32 anos), não quererá certamente atingir o pior registo do magiar. É que poucos anos depois, no final da época 1942-43, o húngaro levou o FC Porto a bater bem no fundo, naquele que foi o pior ano da equipa no campeonato ao nível pontual: 38,8 por cento dos pontos em disputa, que valeram um sétimo lugar. O campeonato e o futebol eram, no entanto, bastante diferentes nos anos de Siska, com a prova a disputar-se em apenas 18 jornadas.
Se o FC Porto disputou uma das melhores (senão a melhor) Liga do seu historial, o Sporting continua a bater recordes negativos. Apesar de vencer o Sp. Braga na derradeira jornada e garantir o terceiro lugar da prova, os “leões” igualaram a temporada passada, conquistando apenas 53,3 por cento dos pontos possíveis. Foram as duas piores temporadas do clube de Alvalade desde o início oficial da competição, em 1934-35. E o balanço da época de 2010-11 é mais gravoso para o Sporting ao terminar com a pior desvantagem pontual de sempre do conjunto leonino para o campeão: 36 pontos.
Valerá ainda ao Sporting o (fraco) consolo de ser o “grande” que tem o menos gravoso registo estatístico no ranking das piores percentagens em campeonatos. Este recorde pertence ao FC Porto e ao já mencionado Siska, em 1942-43. Os “dragões” ocupam mesmo os cinco registos mais negativos neste particular e são o único do trio que já ficou abaixo dos 50 por cento: 38,8 por cento, em 1942-43 (sétimo lugar no campeonato); 42,3 por cento, em 1969-70, com o técnico romeno Elek Schwartz (nono lugar); 45,5 por cento, em 1945-46, com o treinador húngaro Josef Szabo (sexto).
Bem mais recente é o pior campeonato da história do Benfica e este, imagine-se, ocorreu na temporada em que José Mourinho chegou à Luz, para iniciar a sua carreira de treinador, em 2000-01. Na época que marcou a saída de Vale e Azevedo e a entrada de Vilarinho para a presidência, os “encarnados” alcançariam apenas 52,9 por cento dos pontos em disputa, encerrando a temporada no sexto lugar da tabela.
O Sporting tem sido mais ou menos discreto no pior, mas também no melhor. O campeonato mais conseguido da equipa de Alvalade figura em nono lugar na lista dos melhores em Portugal e, com 64 anos, já está a entrar na idade de reforma. Foi alcançado em 1946-47, pelo treinador inglês Robert Kelly, que levou os “leões” ao título com 90,4 por cento dos pontos, em 26 jornadas. Alinhavam na equipa os “cinco violinos”: Peyroteo, Travassos, Albano, Jesus Correia e Vasques.
“Outsiders” no pódio
O Sp. Braga falhou o pódio de 2010-11 na última jornada, mas no campeonato anterior estreou-se neste espaço da tabela, com um brilhante segundo lugar. Um feito assinalável dos minhotos, até porque apenas outras sete equipas, para além dos três “grandes”, o conseguiram nas 77 edições da prova realizadas até ao momento.
O grande recordista deste clube restrito é, sem dúvida, o Belenenses, com 19 presenças no pódio, tendo alcançado mesmo um título em 1945-46. Contabilizou ainda três segundos lugares e 15 terceiros. Mais recentemente, o Boavista tornou-se no segundo clube a intrometer-se mais vezes no pódio, com seis presenças, entre as quais um primeiro lugar, em 2000-01. Ironicamente, os dois únicos clubes que interromperam a hegemonia de títulos de FC Porto, Benfica e Sporting encontram-se actualmente nos escalões secundários.
O terceiro lugar deste grupo é repartido por dois Vitórias, o de Setúbal e o de Guimarães, ambos com quatro presenças. Depois destes, apenas o Atlético conseguiu bisar. CUF, Académica e Sp. Braga encerram a contabilidade com uma presença cada um.
Entre as épocas de 1976-77 e 1985-86, por dez anos consecutivos, portanto, os três “grandes” não deixaram migalhas para a concorrência, compondo o pódio, à semelhança do que aconteceu em 2010-11, no mais longo jejum de “outsiders” até agora.
A I Liga em números
31
Número de equipas das principais ligas europeias que foram campeãs sem derrotas (segundo uma contabilidade da Lusa) e que o FC Porto de André Villas-Boas integrou esta temporada. Até ao momento, o Benfica era o único representante português (1972-73). Desde 2001, apenas cinco conjuntos tinham alcançado o feito: Shakhtar Donetsk; Arsenal, Dínamo de Kiev, CSKA de Sófia e Sparta de Praga.
53,4
Percentagem dos golos de Hulk e Falcao no total do FC Porto no campeonato. Os dois avançados foram responsáveis por 39 dos 73 golos da equipa (uma média de 2,43 por partida), com 23 e 16, respectivamente. Hulk acabou por sagrar-se o melhor marcador da prova.
123
O número-recorde de golos marcados em um campeonato, que continua a pertencer ao Sporting. O feito foi alcançado na temporada de 1946-47, a melhor de sempre na história do clube (Ver texto principal). A última vez que um campeão ultrapassou a barreira dos cem golos verificou-se na temporada de 1972-73, com o Benfica invicto de Jimmy Hagan: 101. Os “encarnados” são ainda a equipa que alcançou um título com menos golos, na remota temporada de 1937-38, marcando apenas 34 nas 14 jornadas disputadas (no mesmo ano, os 67 apontados pelo Sporting valeriam apenas o terceiro lugar).
16
Os golos sofridos pelo FC Porto, de longe a equipa menos batida da Liga, com uma média de 0,53 por encontro. Os “dragões” sofreram quase metade dos golos dos segundos menos batidos da prova: Benfica, Sporting e Nacional, todos com 31 golos. Na história do campeonato português, o FC Porto continua também a ter o recorde de campeão com menos golos sofridos (11 golos na temporada de 1991-92) com Carlos Alberto Silva no comando técnico, numa média de 0,32 por encontro. E é ainda o recordista absoluto de menos golos sofridos, apesar de não vencer o título: nove golos nas temporadas de 1979-80 e de 1983-84, numa média de 0,3 por jogo. Valeu apenas o segundo lugar.
in "publico.pt"
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