Zahovic foi um dos médios que brilharam nos estádios portugueses nos anos 90. Foi, aliás, um dos fantasistas mais apreciados nos 14 anos em que esteve em Portugal. "É a minha segunda pátria", contou o esloveno que representou o Guimarães e o FC Porto. Os minhotos entre 1993 e 1996 e o FC Porto nas três temporadas seguintes.
Curiosamente, a mudança de Zahovic do Guimarães para o FC Porto concretizou-se depois de um golo nas Antas. "Lembro-me desse golo, que valeu o 3-2, como se fosse hoje, porque mudou a minha vida", recordou. "Depois de uma tabela com um colega, rematei, a uns 14 metros da área, e a bola entrou a toda a velocidade", acrescentou. Um momento mágico que valeu o vínculo a "um clube sensacional, em especial pela organização".
Do álbum de memórias constam duas finais. Primeiro pelo FC Porto, a 14 de Maio de 1998, quando venceu o Braga, por 3-1, e depois com o Benfica, contra o FC Porto, saindo novamente vencedor, daquela vez por 2-1. "A final do Jamor é um jogo especial, com uma grande carga emocional. É uma festa do futebol, os jogadores são uns privilegiados por viver este dia", defendeu Zahovic. "Um jogador sente-se muito honrado, é uma emoção muito grande, indescritível, um ambiente fantástico, os jogadores trabalham uma época inteira para conquistar troféus, como a Taça, ou para serem campeões", recordou.
Mesmo estando longe, vê os jogos da Liga ZON Sagres pela televisão e acompanha, "pela internet, o dia-a-dia do futebol português através dos jornais principais. Embora considere que "não há favoritos", Zahovic admitiu que "o FC Porto tem alguma vantagem".
Na conversa, telefónica, com O JOGO, o antigo internacional esloveno (35 golos em 80 jogos pela selecção) não escondeu a grande paixão pelo Guimarães. "É um grande do futebol português. Pela sua tradição, por ser, depois dos grandes, a equipa que é acompanhada por mais gente quando joga fora, e por ser o único em Portugal que o clube da terra está em primeiro lugar para os seus habitantes. Não é normal, em Portugal, que se viva só o clube, em Aveiro ou em Leiria, por exemplo, o clube local é o segundo nas preferências."
Aquele aspecto chega e sobra para Zahovic definir o Vitória como "um clube especial" que "merece reentrar nas competições europeias" e o único "com condições para disputar, sempre, os primeiros lugares com os grandes".
Zahovic diz mesmo que a sua grandeza não é comparável ao rival minhoto. "O Braga, apenas nos últimos anos, com este presidente e com o Domingos, de quem sou amigo, é que tem estado no topo. Com todo o respeito pelo Braga, o Guimarães é muito maior! E é em todos os aspectos, principalmente pelo apoio entusiástico dos seus adeptos. O Vitória é um espectáculo, a paixão dos adeptos incrível." Um sentimento que influencia os jogadores. "Com tanto carinho dão muito mais do que têm", rematou.
"O que mais impressiona nesta equipa do vitória é a sua organização"
Zahovic reconheceu qualidades a Manuel Machado. "É um treinador com muitos e bons resultados nas equipas por onde passou e, acima de tudo, pragmático e com muita experiência". Aspectos que, na opinião do antigo médio, o Guimarães foi buscar ao Partizan de Belgrado, em 1993 e vendeu, em 1996, ao FC Porto, "poderá ser muito útil num jogo emotivo de características especiais", defendeu. "Tenho a certeza de que vai jogar mais em contenção, o que às vezes é pura aparência porque a outra equipa não deixa jogar", explicou. Na equipa minhota, o ex-jogador que também representou Olympiacos e Valência, destacou Rui Miguel, "muito bom jogador com capacidade para resolver a qualquer momento", e Nilson, "guarda-redes de muitos recursos". Pelos muitos jogos que viu do Guimarães, Zahovic ficou "impressionado com a sua organização" e concluiu que "não tem um talento que se destaque" com regularidade. "São todos fortes", avançou, pois "não têm um criativo, um Deco ou um Nuno Assis". Ou um Zahovic, acrescentámos. "Como eu? Isso é muito fácil", atirou entre uma gargalhada sonora.
João Moutinho é melhor do que ele era...
Zahovic foi um médio de luxo. Hoje, diz que não se pode comparar qualquer jogador do FC Porto ao que ele foi. "João Moutinho é melhor do que eu era", afirmou, acrescentando, com mais uma dose de humor: "Então agora é que é, já estou velho, com barriga"... Zahovic diz que a dupla Falcao/Hulk é "um fenómeno": "Não dá para acreditar no número de golos que têm, até parece que não é verdade", confidenciou, fechando a análise ao FC Porto actual com mais elogios: "É um clube 'Champions'. Com esta equipa que ganhou a Liga Europa, se fosse à Liga dos Campeões, também corria o risco de estar na final. Jogava de igual para igual com o Barcelona, o Real Madrid ou o Manchester United."
Do melhor que "há no mundo"
Zahovic não hesitou nem um bocadinho quando foi convidado a definir Pinto da Costa. "É a grande cabeça do clube", começou por dizer sobre o presidente do FC Porto. "Se formos a ver o currículo do presidente, desde 1982 até agora, diz tudo e mais alguma coisa, não há mais nada a acrescentar", defendeu o antigo médio que "nunca" se esquecerá dos "bons tempos" em que esteve "nas Antas", outrora casa do FC Porto.
Zahovic não tem dúvidas, inclusive, de que Pinto da Costa "é um presidente do melhor que há no mundo". Por muitas e boas razões, entre as quais destaca o sentimento único que tem pelo FC Porto: "Ama o seu clube, faz tudo e mais alguma coisa por ele e, muito sinceramente, tantos anos depois, só posso dizer que é um grande privilégio ter tido um presidente como ele."
A propósito da possibilidade de vender jogadores da qualidade de Hulk ou de Falcao, Zlato Zahovic sublinhou a capacidade de Pinto da Costa em negociar. "Este presidente sabe rentabilizar ao máximo os seus jogadores e sei que não será fácil deixá-los sair. Só mesmo quem pagar muito é que poderá contratá-los", porque, reforçou, "os interesses do seu clube de sempre são sempre colocados em primeiro lugar".
in "ojogo.pt"
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