O FC Porto esperou sete anos para voltar a festejar o título. Em 2004 foi campeão em Queluz, com Luís Magalhães, e agora o 11º título chegou com Moncho López. Há 28 anos que os dragões não se sagravam campeões em casa e ontem, num pavilhão à pinha, a festa foi total. Os adeptos desfrutam de um ano de glória muito semelhante ao que viveram em 2004 e, enquanto o hóquei tem as contas em aberto, o FC Porto celebrou ontem a oitava conquista do ano (Liga Europa, campeonato de seniores, juniores e iniciados, Taça, Supertaça no futebol; campeonato de andebol e este de basquetebol).
Se nas bancadas se antecipava uma vitória, que teria de ser suada frente a um adversário de respeito, em campo a vontade de dobrar o bicampeão foi notória do princípio ao fim. É caso para perguntar o que se passou na Luz. Porque no Dragão a equipa de Moncho López voltou a mandar no jogo. A vantagem de quatro pontos (21-17) no primeiro período explica-se sem rodeios: defesa impenetrável, Ben Reed sem campo de acção, seis (em 10) lances livres concretizados e quatro importantes roubos de bola. Com o Benfica a reagir, aproximando-se no marcador (24-23), o FC Porto subiu a sua defesa e, antes do intervalo, a equipa de Henrique Vieira só conseguiu concretizar quando arriscou no jogo exterior, porque chegar ao cesto tornou-se praticamente impossível. No terceiro período, os dragões imprimiram um ritmo infernal, e sempre no máximo da concentração, atingiram uma vantagem máxima de 17 pontos. Aqui o Benfica tremeu e Elvis Évora, nervoso, implicativo até com Carlos Andrade, foi um dos mais inconformados. Com o tempo a esgotar-se, já no último parcial, o FC Porto, momentaneamente contagiado pela ansiedade, entrou a falhar na finalização, a diferença reduziu-se a sete pontos, mas, mesmo com Terrell tapado por faltas (a 2m50s do fim e 78-68 no marcador), não faltou inteligência.
A organização colectiva dos portistas imperou sobre o individualismo dos encarnados, que falharam o tri. Como em 2004 este é o ano do dragão!
Figura | Sean Ogirri
De outra dimensão
Um dos homens que secou Ben Reed e mostrou uma segurança invejável - implacável nos lances livres (9/9) - está além dos números. Voltou a ser MVP. Nos sete jogos, os MVP foram sempre portistas: Stempin (3), Terrell (2) e Ogirri (2).
FC Porto 86 | Benfica 76
Dragão Caixa, 2383 espectadores
1º árbitro Fernando Rocha 2º árbitro Luís Lopes 3º árbitro Pedro Coelho
-
FC Porto
Julian Terrell 11
Sean Ogirri 25
Gregory Stempin 20
Nuno Marçal 7
Carlos Andrade 8
João Santos 5
Miguel Miranda 2
José Costa 0
Diogo Correia 6
João Soares 0
David Gomes 0
Pedro Catarino 2
Treinador Moncho López
Benfica
16 Heshimu Evans
11 Sérgio Ramos
5 Miguel Minhava
14 Ben Reed
2 Gregory Jenkins
7 Elvis Évora
16 Marquin Chandler
5 António Tavares
0 Diogo Carreira
nj R. Mascarenhas
nj João Ferreirinho
Treinador Henrique Vieira
Moncho López
"Vir para aqui foi a decisão da minha vida"
Moncho López, um homem de grandes vivências internacionais, fez questão de revelar a importância deste jogo e deste título: "Foi um grande jogo de basquetebol, não sei se podemos encontrar outras finais como estas na Europa, com sete jogos. É um título justo. Este campeonato é merecido para esta grande instituição. Estávamos há muitos muitos anos à espera disto. Sou muito feliz em Portugal. Cheguei para a Selecção, pela mão do Mário Saldanha, e as coisas correram bem, apesar de muitas dificuldades." Sobre a experiência no clube, adiantou: "Provavelmente, ter vindo para o FC Porto foi a melhor decisão da minha vida. Não é verdade que tenha havido uma abordagem do Real Madrid. Prefiro o FC Porto."
Sobre a sua equipa, Moncho não poupou elogios: "Estou muito orgulhoso de orientar este grupo, de gente com grande valor humano e desportivo. Acho que temos aqui uma base para se conseguirem muitos títulos no futuro."
Só os 40 minutos de jogo mereceram uma análise mais fria do técnico espanhol: "Este jogo engrandece o basquetebol. Toda a final foi muito táctica e lutou-se muito. Mostrámos garra e determinação, nunca deixámos de estar em vantagem. Foi importante chegar ao intervalo a vencer, tal a forma como recomeçámos a jogo a seguir. Fizemos um básquete eficiente e bonito, com grande qualidade defensiva. Acho que aí colocámos, definitivamente, o Benfica em respeito."
Por fim, comentou o ambiente de um pavilhão esgotado: "Foi muito bom ganhar aqui em casa. Esta forma de apoio é emocionante."
"Desejo o título de Franklim"
Moncho López não quis estar sozinho no seu dia de glória. Deixou uma mensagem para os colegas: "Sou um grande fã de Villas-Boas, Obradovic e Franklim. Não conheço o nome de cinco jogadores de futebol do clube, mas a eles conheço-os e admiro o seu trabalho. Quanto ao Franklim, só tenho a dizer que tem um currículo extraordinário, que o coloca entre os melhores do mundo em qualquer modalidade. Desejo que seja aqui campeão, já amanhã."
Nuno Marçal
"É o primeiro título com o meu filho a ver"
Nuno Marçal foi campeão pela primeira vez no FC Porto na época de 1995/96, repetindo o sucesso em 1998/99. Notável é o facto de este título surgir apenas 15 anos depois do primeiro. O que lhe deu um gosto bem especial, por ter sido o primeiro a ser concretizado em casa. "É soberbo festejar perante os nossos adeptos", referiu o veterano e efusivo Marçal.
Para o extremo portista, "todos os títulos têm um sabor especial". No entanto, este toca-o ainda mais do que os anteriores: "Estou ainda mais feliz, porque é o primeiro a que o meu filho Pedro Nuno assiste."
O capitão portista acredita que o título "foi o culminar de uma época excelente". "O FC Porto é sem dúvida o melhor clube, desde treinador, jogadores, dirigentes, restante equipa técnica e adeptos. Por isso, é mais que justo sermos campeões", concluiu.
Discurso Directo
"Funcionou tudo em pleno durante a época. Trabalhámos no duro e estou muito feliz, valeu o sacrifício"
Gregory Stempin, FC Porto
"Ser campeão com esta multidão é incrível. Com estes adeptos é impossível perder. Este foi sempre o meu clube"
Miguel Miranda, FC Porto
"Dedico o título à minha mulher, depois de no ano passado ela não ter podido assistir por estar no hospital"
Carlos Andrade, FC Porto
"Estou no céu. Em vinte anos a jogar este é o meu primeiro grande título. Estou tão emocionado que não sei como não choro..."
José Costa, FC Porto
Final de recordes devolve o basquetebol ao povo
Quem lá esteve garante que foi o "jogo da história" no Dragão Caixa. Num aspecto, pelo menos, foi: com 2383 pessoas nas bancadas, bateu-se o recorde de assistências do pavilhão, um pouco acima dos... lugares oficiais. Mas a verdade é que desta vez as cadeiras não chegaram para todos, confirmando-se uma euforia que já vinha da véspera, pois os bilhetes esgotaram poucos minutos depois de serem colocados à venda. A festa, sem benfiquistas - os ingressos esgotaram-se nos sócios portistas -, foi total de princípio ao fim, também ela de acordo com o crescendo que foi esta final de sete jogos, iniciada com 1633 espectadores no Dragão e 1100 na Luz, para depois ambos os pavilhões dispararem para cima das 2000 pessoas por jogo, batendo sucessivos recordes. Uma final para a história...
in "ojogo.pt"
Sem comentários:
Enviar um comentário