terça-feira, 16 de agosto de 2011

Dupla para assinar


Eram sensivelmente 22h00 quando Mangala e Defour aterraram no Porto. Uma formalidade que apenas vai ao encontro do desenlace há muito anunciado e que hoje deve confirmar a dupla ex-Standard como reforço dos dragões. O central e o médio estão dependentes dos indispensáveis exames médicos, que vão realizar esta manhã antes de assinarem por cinco temporadas com os azuis e brancos.
Essa mesma ressalva seria feita pelo FC Porto, em comunicados enviados à CMVM minutos depois de os jogadores chegarem a Portugal num jacto privado. As informações prestadas ao mercado dão conta de princípios de acordo com o Standard de Liège, remetendo detalhes da operação e dos contratos para quando os processos estiverem concluídos.
São os passos da praxe e que o FC Porto segue à risca, bastando lembrar o caso de Kléber (o Gladiador), que esteve na Invicta para assinar e acabou recambiado para o Cruzeiro. Até os belgas respeitaram essa formalidade, em conferência de Imprensa ontem à tarde que serviu para Pierre François, o director-geral, dar conta da impotência para segurar os jogadores. "Não podíamos rejeitar as ofertas do FC Porto", registou, sem confirmar que a operação envolva 13 milhões de euros, mas anunciando que as contas finais não andarão longe desse valor.
Mangala, francês de 19 anos, e Defour, belga de 23, encurtam o espaço de alguns dos elementos que fazem ainda parte do plantel. Sereno é um forte candidato a sair do lote dos centrais, ao passo que o meio-campo pode não se ficar pelo adeus de Castro. Num investimento ímpar, a SAD tem dotado a equipa de Vítor Pereira de reforços de peso.

Pergunta e resposta

São os 43 milhões de euros que vão entrar como despesa nas contas do exercício de 2011/12?

Não. Em primeiro lugar, porque os investimentos em Kelvin e Iturbe, por exemplo, ainda devem entrar nas contas de 2010/11. Depois, porque o pagamento das transferências será faseado. Por último, porque Pinto da Costa não escondeu que conta com alguns parceiros para suportar o investimento.


É possível que o FC Porto possa equilibrar as contas sem vender nenhum dos principais jogadores?

A saída de Falcao parece agora inevitável, mas a SAD preparava-se para criar condições para manter o plantel sem prejudicar o orçamento. É verdade que a sociedade precisa de realizar cerca de 45 milhões de euros com a transferência de jogadores em quase todos os defesos, mas a Champions, a bilheteira, os direitos televisivos e a publicidade terão um impacto maior em 2011/12. E é bom lembrar que Villas-Boas rendeu dinheiro!

Ele nunca investiu tanto

Mangala e Defour não são só os últimos reforços do FC Porto, mas também aqueles cuja contratação fez dobrar a fasquia da época passada, altura em que a SAD ultrapassou pela primeira vez os 30 milhões de euros em contratações. Com o negócio pelos jogadores do Standard de Liège, o FC Porto subiu o investimento desta época para valores nunca antes atingidos e bem distantes dos 20/30 com que tem pautado cada ano anterior, pelo menos desde 2007/08, temporada em que os dragões se assumiram efectivamente como um clube comprador e gastador de forma constante. Antes, só no pós-José Mourinho o investimento tinha sido relevante (29,65 milhões de euros), e no passado houve até épocas em que os gastos se cifraram abaixo dos cinco milhões de euros.
Desde Janeiro deste ano, o volume de negócios da SAD atingiu 43 milhões de euros na aquisição de passes para 2011/12. E se os primeiros tiveram um custo quase residual (Djalma e Bracali vieram a custo zero, Kléber, Iturbe e Kelvin não excederam os 2,5 milhões de euros), os últimos superaram qualquer expectativa, ao ponto de um deles (Danilo) ter representado o maior investimento directo da história da sociedade.
Tal como em 2004/05, a aposta segue-se a um ano de inúmeras conquistas e perda de treinador. Aparentemente, a SAD está, como esteve no passado, a esforçar-se para que Villas-Boas não chegue a ser um fantasma e para que o seu sucessor - Vítor Pereira - tenha todas as condições para repetir o sucesso. Em 2004/05, isso não aconteceu. Mas há claros diferenciais, desde logo o risco na contratação de um treinador desconhecido - Del Neri - que não aqueceu o lugar e espoletou a época mais atípica em matéria de treinadores: foram três em nove meses. Depois, porque essa época sucedeu à conquista da Liga dos Campeões e ao fim de um ciclo, que no presente se encontra a meio, uma vez que a presença na Champions só agora será uma realidade.
Mas há outro tipo de diferenças. Em 2004/05, o FC Porto tinha o bolso cheio pelos milhões encaixados na Champions do ano anterior e pelas vendas de Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho e Deco. Os 29,65 milhões de euros gastos não pareceram, nesse contexto, a bola gigantesca que os actuais 43 parecem. Recorde-se que, para já, os dragões não venderam ninguém. E nem a época passada foi pródiga em encaixes extraordinários.
A natureza do investimento actual também se pode explicar com uma mudança de linha, assente na posse partilhada dos direitos económicos.

in "ojogo.pt"

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