quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A análise de JVP | FC Porto-Shakhtar


Força mental foi decisiva

A Liga dos Campeões tem a particularidade de as equipas se enfrentarem olhos nos olhos, jogando para ganhar. São equipas com personalidade, cultura de vitória, constituídas por jogadores de qualidade e experientes, tornando os jogos muito competitivos.
A primeira parte foi disputada, competitiva e relativamente equilibrada. O jogo fica marcado por três momentos: o penálti falhado por Hulk aos 9', o golo sofrido pelo FC Porto, aos 12', e expulsão de Rakitskyi, aos 42'. Os dois primeiros lances foram um duro golpe para o FC Porto, que se podia ter desorganizado e desanimado, complicando um jogo que já de si seria complicado, mas a equipa teve forças para dar a volta por cima, algo que só está ao alcance de alguns. O que mostra que continua a existir um espírito forte e que a cultura de vitória está bem vincada.
Com mais iniciativa e posse de bola, os dragões não conseguiram ter o controlo total, pois o Shakhtar era muito incómodo ofensivamente e o FC Porto não podia perder consistência defensiva, atacando de qualquer maneira. Mas os ucranianos têm uma tendência ofensiva tão grande que às vezes é mais forte do que as necessidades. O Shakhtar não pressionava muito e dava espaço, o que facilitou a vida a jogadores como Hulk e James, fortes no um contra um.
Foi importante passar aquele momento delicado e marcar antes do intervalo. O empate, aos 28', conseguiu tranquilizar o FC Porto, que criou um maior ascendente a partir daqui. Além disso, surgiu a expulsão aos 42', aumentando a confiança para a segunda parte, que acabou por ser muito diferente. O FC Porto sentiu obrigação de atacar mais, já que estava em vantagem numérica, e conseguiu marcar cedo, num grande golo de... James Rodríguez, a que o Kléber deu um toquezinho. O miúdo empregou velocidade e nunca perdeu controlo da bola, nem do posicionamento dos colegas.
Mesmo com 10 e em desvantagem no marcador, o Shakhtar não mudou a forma de jogar e continou a ser perigoso, tanto em bolas paradas como em transições ofensivas muito rápidas. Apesar de dominar e criar oportunidades, o FC Porto não tinha o jogo seguro. Sem marcar o golo da tranquilidade, é o próprio Shakhtar quem mata o jogo, que acaba por ter Chygrynskiy expulso, aos 80'. A partir daí, o FC Porto circulou mais a bola, cansou o adversário e geriu a partida.


Defour em vantagem sobre Belluschi pelo facto de ser reforço para esta temporada

Parece-me que Vítor Pereira olha para o Defour um pouco como para o Moutinho: um jogador dinâmico, que aproveita bem os espaços em termos ofensivos e dá consistência defensiva. Mas creio que Belluschi já demonstrou várias vezes que é capaz de fazer o mesmo. Por isso, acredito que, mesmo tendo em conta a sua qualidade, Defour beneficia de ter sido uma contratação cara do FC Porto. E muitas vezes há tendência para promover uma contratação. Acho que Belluschi melhorou muito nos aspectos defensivos e dá enorme dinâmica e qualidade à equipa.
Ontem, o Belluschi entrou para o lugar do Fernando e não sei até que ponto é que esta troca tenha aumentado o perigo do Shakhtar, pois o Fernando é muitas vezes um tampão que impede essas transições. Talvez tenha sido uma substituição algo arriscada.


James a brilhar, o Hulk habitual

James Rodríguez teve uma excelente estreia na Liga dos Campeões. O lance do segundo golo é muito bom, mas também destaco a postura como encarou o jogo, sendo-lhe indiferente o adversário que tem pela frente. Em relação a ele não há desconfiança: é talento puro e apenas precisa de amadurecer. Destaco também o Hulk, muito importante, sobretudo na primeira parte, tendo marcado um grande golo. Só um jogador com aquelas características e potência teria conseguido um remate assim.


Helton merece ser defendido pelos colegas

Helton teve um lance muito infeliz, que deu o primeiro golo ao Shakhtar e que poderia ter complicado muito a vida do FC Porto. Só erra quem está lá e um erro daqueles aparece muito raramente com o Helton. O melhor que os colegas podiam ter feito era levantar a cabeça e reagir, como fizeram, pois o brasileiro é um colega que merece ser defendido. Ele tem sido muito seguro e tem dado muita motivação à equipa. A mais valia que o Helton dá ao FC Porto é superior à infelicidade que teve ontem.

in "ojogo.pt"

1 comentário:

Anónimo disse...

Felizmente correu bem, com a equipa a mostrar ter já assimilado a mística clubista e a postura de saber estar nas grandes competições. Faltou apenas o 3º golo para tranquilizar a malta, mas como mais vale um pássaro na mão... também está bem assim. Aliás está muito bem, tendo acabado bem.