O FC Porto esperou quase meio ano para poder contar com Danilo, o internacional sub-20 brasileiro que se tornou uma das transferências mais caras de sempre do futebol português. E agora que o momento chegou, o Santos está a atrasar ainda mais a estreia. Se a contratação do futebolista do clube carioca foi complicada e associada a uma grande novela, onde o Benfica teve um papel importante, a confirmação e a estreia de Danilo com a camisola azul e branca ao peito prometem não ficar atrás.
O Santos está a bater o pé e recusa-se a enviar o certificado internacional do jogador. O menor culpado de todos é o próprio Danilo. A equipa brasileira está insatisfeita com a forma como o clube portista está a agir em relação ao pagamento de Alex Sandro. Danilo pode já estar pago há muito, mas o valor do lateral esquerdo teima em chegar, ao contrário do certificado, que já foi enviado. Nesta guerra entre o valor da mão direita e o da mão esquerda, é Danilo que perde a paciência. “Eles não têm palavra”, acusa o brasileiro, com o Santos como alvo. O clube justifica a tomada de posição, revelando que o contrato está a ser negociado. Ao que parece, a exigência não passa tanto pelo pagamento da parcela em atraso por Alex Sandro, mas sim pela cedência de Jorge Fucile, o uruguaio que está de saída do Dragão.
O atraso não agrada a ninguém e a guerra de palavras pode estar a provocar mais problemas para o futuro. Danilo é um jogador polivalente que já mostrou que consegue desempenhar tão bem as funções de lateral direito como as de médio. Com uma ressalva: o jogador prefere actuar no meio-campo. E Muricy Ramalho, que orientou Danilo no Brasil, confirma essa apetência: “Quando [Vítor Pereira] o conhecer, joga a médio. Essa é a sua melhor posição. Ele sabe como defender e chega-se bem à frente. Além disso, remata bem e pode tentar o golo muitas vezes. Quando o treinador do FC Porto o conhecer melhor, vai querer vê--lo no meio-campo.”
Vítor Pereira pode acreditar no conselho do colega, mas dificilmente o vai levar à letra. Danilo até pode ser melhor no meio-campo, mas não é essa a posição que o técnico dos portistas quer ver colmatada. Para o meio-campo não faltam opções: há Fernando, Belluschi, Defour, Moutinho e Guarín, e apenas três lugares no onze. Se começasse a jogar aí, seria apenas mais um problema para a rotatividade do plantel. Já no lado direito da defesa, os problemas são outros. Maicon tem jogado como titular, mas apenas porque Sapunaru e Fucile parecem estar de costas voltadas com o técnico e a porta de saída está aberta. Por isso mesmo, Vítor Pereira reage a Muricy: “Danilo veio como lateral direito.”
A intenção de começar por utilizá-lo no sector defensivo não é expressa de forma a prejudicar a relação com o futebolista desde o primeiro momento. “Como faz mais que uma posição, avaliaremos em função do momento onde nos pode ajudar mais. Está a assimilar algumas ideias. Tem pouco tempo de treino, mas é um jogador de qualidade com quem contamos e acreditamos no seu potencial”, continua o técnico portista, que reconhece que a sua utilização ainda não será hoje na partida contra o Rio Ave. “Vamos esperar pelo certificado.” Que é como quem diz pelo próximo episódio.
FC Porto-Rio Ave, TVI, 20h30
in "ionline.pt"
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