Surpresa? Só para quem não viu e ainda não leu esta crónica. O FC Porto perdeu, e bem, em Barcelos, atrasando-se na luta pelo título. Dirão os adeptos portistas com melhor estômago para digerir este resultado que ainda falta muito campeonato, só que o principal problema é que a exibição de ontem foi ainda pior do que o 3-1. O Gil Vicente foi muito eficaz - quatro remates, três golos -, mas, acima de tudo, uma equipa tranquila e bem posicionada no terreno. Hugo Vieira foi um quebra-cabeças para a defesa portista, o meio-campo soube circular a bola e a defesa nunca perdeu a tranquilidade por mais homens que o FC Porto lá colocasse.
Sem Fernando e Hulk, Vítor Pereira - que se queixou da arbitragem de Bruno Paixão - apresentou a equipa que se esperava, mas o FC Porto fez uma primeira parte assustadoramente má. Péssima, horrível, sem ideias, com passes errados em catadupa e uma apatia inacreditável. Adriano não sujou sequer as luvas nesse período e os dragões já sabiam que tinham de vencer para manter a distância para o Benfica. Só que para ganhar é preciso, pelo menos, tentar acertar na baliza contrária e as três tentativas saíram todas por cima. Faltou ambição, agressividade e atitude ao campeão nacional. James não pegou no jogo, Varela andava perdido e, desta vez, nem Álvaro Pereira acrescentou profundidade. As insistências pelo centro do terreno acabavam quase todas da mesma forma: num passe errado.
Paulo Alves repetiu o onze que deixou uma excelente impressão no Estádio da Luz e teceu uma teia da qual o FC Porto foi incapaz de se libertar. Ainda que na altura não o merecessem, os gilistas adiantaram-se no marcador, na sequência de um livre indirecto. Os portistas falharam na marcação e Cláudio bateu Helton. A bola continuou a ser muito maltratada até perto do intervalo, quando os homens da casa se adiantaram, através de uma grande penalidade.
Antes disso, muito antes disso, já Vítor Pereira andava à volta com os seus apontamentos, tentando perceber o que se passava e o que podia fazer. Mandou Danilo e Belluschi para o aquecimento e continuava a ver a equipa a falhar passes a um ritmo alucinante. Percebia-se o drama do treinador portista. O mercado está a fechar e ainda não chegou qualquer avançado. Ainda por cima, Hulk não recuperou a tempo e por mais vezes que olhasse para o lado, para o banco, não tinha um trunfo na manga. Homens de área, só o júnior Vion, chamado para fazer número, e dois extremos: um que raramente é opção (Iturbe) e outro que regressava de lesão (Rodríguez). A culpa da péssima primeira parte, porém, não pode ser atribuída a Kléber. Nenhum ponta-de-lança no mundo consegue marcar se a bola não lhe chegar. E ontem, não lhe chegou.
E o que fez Vítor Pereira? Alterou o sistema, jogou apenas com três defesas e tentou aproximar-se mais da área. Danilo entrou para o lado direito do meio-campo e Belluschi para perto do tridente mais adiantado. Houve mais querer, é certo, mas foi tudo sempre feito em esforço. A retaguarda ficou entregue a Maicon, Rolando e Álvaro Pereira, no entanto este não resisitiu à tentação de ir até ao ataque. O Gil Vicente aproveitou a auto-estrada por esse lado e chegou ao terceiro golo. Assunto praticamente encerrado.
De orgulho ferido, o FC Porto tentou acordar do pesadelo. Rematou 12 vezes, quase sempre de longe e por Belluschi - o melhor da equipa e que se diz estar de saída -, mas só fez um golo, a 13 minutos do fim, na única falha de marcação dos homens da casa.
Conclusão: o Benfica mantém o estatuto de recordista de invencibilidade no campeonato porque ao fim de 56 jogos, o FC Porto voltou a sofrer três golos e a perder. E o título começa a escapar na A1.
in "ojogo.pt"
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