Atípica. Assim se pode definir a temporada de Wilson Davyes. Com muitas lesões a impedir o curso normal da época, o meia-distância dos dragões foi dos que mais beneficiaram da passagem do FC Porto pela Viking Cup, na Noruega, no passado fim-de-semana, pois fez três jogos entre sexta-feira e domingo.
"Senti-me bem neste regresso, ainda por cima num torneio com alto nível. Foi bom voltar a ter as sensações do jogo, estar entre os meus colegas e, acima de tudo, sentir-me útil à equipa", começou por dizer Wilson a O JOGO. "Apesar de ter estado 'off' quase toda a época, tenho sempre a expectativa de jogar, é isso que gosto de fazer. O que passou, passou, não tenho forma de o mudar, agora só tenho que superar isso e tentar ser útil à equipa. Se estou a uns 40 por cento? Isso para mim é difícil dizer, mas sei que consigo claramente dar mais do que isto", referiu ainda.
Satisfeito com o seu regresso à competição, Wilson terá visto, no torneio norueguês, também um bom desafio ao grupo? "Claro que sim. Ainda por cima com o nível de equipas que encontrámos, equipas escandinavas que têm um alto nível técnico, que são boas tacticamente. É sempre importante ter jogos competitivos, com estas equipas que nos colocam problemas que, em Portugal, não é tão comum enfrentar", respondeu o primeira-linha, muitas vezes utilizado a central pelo técnico Ljubomir Obradovic durante os três jogos em Stavanger.
Para o que resta da temporada, que terá agora como que uma segunda fase, após a paragem para os trabalhos da Selecção, Wilson Davyes acredita num FC Porto forte. E dá como exemplo os primeiros meses de competição, nos quais a equipa nunca se pôde apresentar completa, tal a sucessão de lesões que a afectou. "Esse facto mostra bem a qualidade deste grupo. Estando privado de tantos atletas ao longo de tanto tempo, a qualidade manteve-se. E, se fizerem uma análise dos últimos anos, este foi aquele em que acabamos com mais pontos sobre os habituais rivais, por isso, com a integração de outros atletas, daqui para a frente só podemos melhorar. Este FC Porto é uma equipa a ter em conta em todas as frentes", garante, explicando por onde passa parte do êxito da equipa. "Conseguiu colocar-se no mesmo grupo pessoas que, além dos objectivos individuais, têm a noção de que, quando estamos em campo, há um objectivo comum e que esse é o mais importante. Os egos têm de ficar fora, e o objectivo é ganharmos. Temos uma missão, e é nisso que estamos focados."
«Pensei: é isto mesmo que quero ser»
O dia 31 de Janeiro de 2001 mudou para sempre o rumo de vida de Wilson Davyes. Na altura tinha apenas 12 anos, mas a memória do que viu na televisão mantém-se clara. "Lembro-me perfeitamente do primeiro jogo que vi e que me fez querer ser jogador de andebol. Foi um França-Portugal, no Mundial de 2001. Recordo-me de ver Bertand Gille e o grande jogo que ele fez. Aí pensei: 'É isto mesmo que eu quero ser, um jogador de andebol como ele", conta Wilson Davyes, admitindo, todavia, que o ídolo já era outro francês: Jackson Richardson. Wilson Davyes começou a jogar andebol no Sporting, depois de aliciado por alguns amigos. Com 17 anos, saiu para Espanha, para o Grupo Covadonga, tendo depois aceitado a proposta dos dragões, onde está a cumprir a quarta temporada e já conquistou três campeonatos.
in "ojogo.pt"
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