domingo, 12 de fevereiro de 2012

F.C. Porto-U. Leiria, 4-0 (crónica)

A solução estava no banco. James ajuda a decidir num teste à paciência do Dragão


Paciência e persistência. O regresso do F.C. Porto aos triunfos no campeonato foi um teste aos limites do mais agitado adepto azul e branco. Há quebra-cabeças bem mais simples de desmontar do que a linha defensiva leiriense, que se mostrou, até perto do fim, um verdadeiro Sudoku para especialistas, numa noite em que o F.C. Porto teve o mérito de não se enervar mesmo com o Dragão a pedir mais coração. Com paciência chegou ao golo, com paciência construiu a goleada (4-0). Todos os golos nos últimos 25 minutos.

Vítor Pereira afirmara, na antevisão do encontro, aguardar um adversário atrevido. Não foram precisos mais de dois minutos para perceber que este alegado 3-4-3 leiriense foi uma falácia no Dragão. Os laterais subidos que o treinador portista falara raramente largaram a linha dos centrais que, por vezes, ainda receberam o auxílio de Marcos Paulo. Seis homens, sete em lances de maior aperto, na linha defensiva leiriense. Uma muralha que o F.C. Porto estranhou. 

Com Hulk de regresso e Janko fixo na frente, o F.C. Porto entrou dinâmico mas perdeu o gás cedo. Provavelmente esperando um rival diferente, bateram de frente no muro e demoraram a recompor-se. 

É certo que o jogo de paciência poderia ter sido evitado se Janko concretizasse uma das três boas ocasiões de golo que dispôs na primeira parte. Em tudo semelhantes, com centros rasteiros e remates que acabaram por não levar a direcção desejada. Ou seja, a equipa já percebeu como o austríaco se posiciona. Cabe ao artilheiro afinar a pontaria. 

Com a estratégia leiriense escancarada para um Dragão pela metade, começou então o quebra-cabeças. Como furar um bloco tão preenchido e recuado? A resposta, normalmente, está na dinâmica e, sobretudo, na intensidade colocada em jogo. Posse de bola ajuda, se não for inconsequente. Durante muito tempo a do F.C. Porto foi. Aliás, se o Dragão tivesse um marcador com o tempo de ameaça de jogo passivo, tal qual uma partida de andebol, o gongo soaria várias vezes. 

James, a energia que contamina

O F.C. Porto tentava à direita, flectia para o centro, puxava para a esquerda. Buscava soluções, via a baliza longe e, mesmo quando lá chegava, encontrava um guardião inspirado. Boa exibição de Oblak, um jovem dos quadros do Benfica, a ganhar rodagem na Liga. 

A solução, como diz o anúncio, estava no banco. James, sacrificado no onze inicial, trouxe a verticalidade e objectividade que se pedia. A ausência de James no onze, provavelmente terá a ver com o equilíbrio de uma equipa que volta a ter Hulk e dispõe, agora, de dois laterais bem ofensivos. Mas os bons jogadores fazem sempre falta e o colombiano não tardou em prova-lo. 

Antes, já a equipa de Manuel Cajuda tinha ficado reduzida a dez, por expulsão de Shaffer, por palavras. O técnico leiriense meteu Tiago Terroso, tirou o ponta-de-lança Bruno Moraes, esgotado de tanto correr sozinho na frente. A ordem era para recuar. Ainda mais. 

O F.C. Porto resolveu, depois, o jogo. Rui Silva ainda deixou por marcar um penalty sobre Hulk, mas Janko encostou uma jogada de James na esquerda e deu início ao segundo acto. A goleada em tempo recorde. 

Despedida ao ritmo do golo

A vitória do F.C. Porto passou a ser uma certeza quando o próprio James concluiu uma grande jogada, que meteu um passe a rasgar de Danilo, um centro de Hulk, uma simulação de Janko, um remate de Lucho e uma defesa de Oblak. Não perdoou o jovem que entrou para virar o jogo do avesso. 

E conseguiu-o de tal forma que o resultado final surpreenderá, certamente, quem não viu a última meia hora. O U. Leiria perdeu posições, perdeu a calma, perdeu a paciência. O F.C. Porto aproveitou e fez miséria. 

Alvaro Pereira concluiu, ao centro, um dos muitos lances de ataque da recta final e Maicon, após canto, fechou a noite com chave de ouro. O F.C. Porto volta às vitórias na Liga está de novo a cinco pontos do Benfica. Está vivo no campeonato e já pensa no Manchester City.

in "maisfutebol.iol.pt"

1 comentário:

dragao vila pouca disse...

Quando um jogo só tem um sentido; quando só uma equipa quer jogar; quando a outra só quer defender e usa um sistema 5x5; concentram-se 21 jogadores num meio-campo e a vida não fica fácil para a equipa que tem de atacar... Mesmo que essa equipa pressione muito, jogue muito bem, seja rápida a pensar, a executar, encontre as melhores soluções para destruir os autocarros, seja eficaz na hora de finalizar. Ora, se como aconteceu nos 45 minutos iniciais, raramente a equipa portista foi capaz de fazer o que devia, está explicado o nulo ao intervalo. Embora e é justo referi-lo, apesar de tudo que ficou por fazer, a equipa de Vítor Pereira merecia ir para o descanso em vantagem, no mínimo, de um golo. Não foi porque Janko foi perdulário e o guarda-redes leiriense, fez uma grande exibição.

A segunda-parte foi bem diferente.
Primeiro, porque o F.C.Porto entrou com outra dinâmica, pressionava mais e com isso obrigava a equipa de Leiria a ter cada vez mais dificuldades em se defender, a recorrer a faltas sucessivas. Depois, porque numa dessas faltas, um passador argentino de nome Shaffer, jogador emprestado pelo clube do regime, entrou com tudo sobre Moutinho e foi expulso - o lance foi perto de mim e a decisão, sem ver imagens, pareceu-me correcta ... A seguir, talvez a razão mais importante, porque saiu um desinspirado Varela e entrou um inspirado e decisivo James. Com o colombiano a entrar bem e a procurar zonas interiores, não só os centrais da equipa orientada pelo marroquino, tiveram mais alguém, para além de Janko, com quem se preocupar, como o melhor e mais esclarecido dos médios, João Moutinho, teve um interlocutor capaz de perceber e dar seguimento às jogadas que o pequeno grande nº 8 portista, ia criando. Foi assim o primeiro golo. Bela jogada de JM, passe a rasgar para James e assistência perfeita para Janko encostar. Aberto o marcador, ficou a vida mais facilitada para o Campeão, apesar da equipa da cidade do Lis, mesmo a perder, nunca ter abdicado de ter os autocarros bem em frente da sua baliza.
Só que nessa altura e em vantagem, o F.C.Porto já tinha outra confiança, as jogadas já saíam melhor e os golos foram entrando uns atrás dos outros, até ao quatro a zero final - só não entraram mais dois ou três, porque Palito, cismou que tinha de marcar e marcou, mas antes de fazer um belo golo, foi egoísta e não fez o que era devido, assistir, como fez James, Janko que estava em bem melhor posição para facturar.

Nota final:
É preciso ter uma grande lata, para depois de ter jogado com todos os autocarros marroquinos que tinha à mão, ao contrário da forma aberta e macia como jogou frente ao seu clube do coração, o SLB; ter levado quatro e poder ter levado mais outros quatro; ver a sua equipa a não ter criado uma situação de perigo, não ser capaz de saber o que fazer com a bola no último terço do campo - como podia, se só foi preparada para defender? -, Manuel Cajuda, o marroquino, aparecer no flash interview, armado em mártir, vitimizando-se, dando a entender que perdeu por causa do árbitro. É falso, é uma falta de respeito e é uma forma lamentável de sacudir a água de um capote que enfiou dos pés à cabeça.

Abraço