O FC Porto pode perder a liderança, outra vez, a seis jornadas do final do campeonato e por culpa própria. Não há fatores externos, desta vez. Culpa própria, porque teve o adversário controlado todo o jogo, podia ter marcado mais cedo e, especialmente, mais vezes depois do 1-0, mas acabou a permitir o empate no segundo lance em que errou defensivamente, no segundo pontapé de canto favorável ao Paços de Ferreira… Há quem vá dizer que um pouco de sorte podia ter feito toda a diferença, mas isso não explicaria tudo.
Não é fácil encontrar o mérito e o demérito para explicar este empate, por isso talvez seja melhor isolar o jogo em duas personagens que estiveram em campo 90 minutos e talvez se perceba melhor que o duelo entre Hulk e Cássio foi a cara da partida. Em todos os lances em que o guarda-redes levou a melhor sobre o avançado - ver filme do jogo e há uma mão cheia deles - ficou sempre a discussão sobre quem teve mérito e quem podia ter feito mais. Haverá quem ache que Hulk falhou, surgirá quem responda que Cássio defendeu. O jogo foi assim, o FC Porto dispôs de mais oportunidades para marcar, até mesmo em mais uma primeira parte sem o fulgor que a oportunidade sugeria - o Benfica abrira a jornada a empatar em Olhão -, mas deixou o jogo arrastar-se perigosamente sob a proteção de um único golo obtido, por ironia, naquele momento em que os portistas não podem sequer queixar-se da sorte porque foi o central pacense Ricardo a introduzir a bola na própria baliza. O FC Porto voltou a entrar mal no jogo e foi quando fez uma substituição no meio-campo defensivo que começou a melhoria. Defour ficou no balneário, Fernando entrou na segunda parte e logo no segundo minuto uma jogada de Hulk resultaria no golo do FC Porto. Justo? Era capaz de ser, mas mesmo que não o fosse o que aconteceu depois daria razão para a vantagem portista, aliás, para uma vantagem até mais dilatada. É um fato que Fernando faz falta, porque com o Polvo em campo este pareceu mais pequeno para o pacense Michel, que tantas vezes, na primeira parte, dera água pela barba ao meio campo e defesa azul e branco. Um pouco mais de objetividade do brasileiro e o Paços de Ferreira poderia ter-se revelado num maior problema para os campeões nacionais.
Vasculha-se a segunda parte e é preciso o minuto 79 para encontrar o Paços de Ferreira a ser perigoso no ataque. Voltaremos lá mais à frente, porque antes desse raro momento do ataque do Paços de Ferreira, houve Hulk e Cássio como atores num duelo empolgante e decisivo para o resultado final. Mérito ou demérito, seja o que for, as defesas que Cássio fez aos remates de Hulk mantiveram o resultado numa vantagem tangencial, logo sujeita a desaparecer num pequeno pormenor. E o pormenor é o minuto 79. Exato, o tal minuto 79 em que Melgarejo saltou sem oposição de ninguém do FC Porto e cabeceou para o golo do empate. Perto do final da primeira parte tivera uma oportunidade semelhante, mas dessa feita Helton fora capaz de evitar um mal maior. Da segunda vez, nem que tivesse asas pararia o cabeceamento. Ironia do futebol, Melgarejo, que até jogara melhor contra o Benfica, clube que detém o seu passe, fez mais pelos encarnados nesta jornada do que os 14 jogadores do Benfica terão feito, sexta-feira, em Olhão.
Sem Janko em campo, sem outro ponta-de-lança que não Kléber, lançado à passagem da hora, para substituir o austríaco, o FC Porto viu-se incapaz de recuperar a vantagem no marcador. Tentou sem poder recorrer ao futebol direto, só por uma vez esteve perto de o fazer, mas o remate de Hulk saiu às malhas laterais. Foi a única vez que Cássio não teve de ser melhor do que o Incrível. Certo é que, o Paços de Ferreira mesmo não jogando bem - pelo menos como o fez com o Benfica - foi capaz de roubar dois pontos ao FC Porto, a um FC Porto que três jogos depois de ter ganho no Estádio das Luz nunca mais foi forte como chegou a mostrar no clássico. O que não é habitual num FC Porto que se apanha na liderança a tão curta distância do final do campeonato.
in "ojogo.pt"
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