Há uns meses, Lima e Hulk cruzaram-se num restaurante, trocaram cumprimentos e seguiram, cada qual para o seu lado. Hoje, o ritual repete-se, mas alguém vai passar fatura. As referências atacantes de Braga e FC Porto - as duas únicas equipas que marcaram sempre na segunda volta do campeonato - têm mais pontos de contacto do que a história desta Liga recomenda.
A questão é simples: ou alguém dispara, prescindindo da companhia do outro, ou a palavra passa para o Benfica de Cardozo, que ficará com a liderança à mercê se os dragões não vencerem no AXA.
Dito assim, parece que a bola está do lado do FC Porto, mas o Braga não precisa de assumir a candidatura verbalmente quando o faz semana após semana em campo. Os minhotos correm pelo título, mas uma derrota acabará com o sonho e o empate pode permitir a descolagem das águias. O diálogo paralelo a esta conversa a três será travado por Lima e Hulk, os tais jogadores que já dividiram protagonismo na primeira volta (dois golos para cada), nos prémios mensais da Liga (dois para cada um) e até no percurso que os trouxe até aqui e que começou com uma primeira passagem quase anónima por Portugal.
É certo que a tabela dos melhores marcadores desequilibra a balança para o lado de Lima, mas o máximo goleador da temporada passada tem compensado com assistências o que tem perdido em remates certeiros. Num duelo entre treinadores que também têm uma história muito idêntica, discutem-se sobretudo competências coletivas que ganham expressão nos jogadores que decidem. Lima e Hulk são a sinédoque de um duelo decisivo. Quem vai ficar a falar sozinho?
Moutinho ampara Defour na ausência de Fernando
Fernando não joga hoje em Braga. O treino de ontem subtraiu o médio das opções de Vítor Pereira, depois de ter "apresentado queixas dolorosas" e de se ter "limitado a realizar tratamento" na última sessão de trabalho antes do confronto desta noite. Fernando tinha sofrido uma contusão na perna direita durante a partida com o Olhanense, tendo terminado esse jogo em dificuldades físicas, sem que tivesse sido substituído. No entanto, depois de ter falhado os primeiros treinos da semana, o médio regressou na quarta-feira aos trabalhos com a equipa, tal como estava inicialmente previsto. Ainda anteontem Vítor Pereira deu a entender que teria o médio pronto para jogar na Pedreira, mas também explicou, inclusivamente, o que faria se não tivesse Fernando. E foi isso que acabou por acontecer. "Esperemos que esteja recuperado. Se não for possível, jogamos com outros jogadores que dão garantias, numa dinâmica diferente, pois têm características diferentes."
Pois bem, O JOGO foi à procura de perceber o que muda na equipa sem Fernando e encontrou as respostas em Pedro Caixinha, treinador do Nacional que defrontou recentemente o FC Porto sem... o Polvo. No desenho da equipa, mudará pouco com a entrada de Defour, embora a dinâmica vá ser diferente, defende Caixinha, sobretudo porque a falta de Fernando mexe nas funções de João Moutinho. "Com o Fernando em campo, o João [Moutinho] tem maior liberdade para fazer o vaivém, para pegar no jogo em zonas mais recuadas e esticá-lo até à frente. Não havendo Fernando, o João terá de ficar mais preso a zonas recuadas, de forma a oferecer um maior equilíbrio defensivo à equipa", começou por explicar o treinador do Nacional.
De uma forma mais abrangente, Pedro Caixinha considera que a ação de Fernando é importante na forma como a equipa defende, mas pode ser ainda mais importante na forma como a equipa... ataca. "O equilíbrio defensivo que o Fernando oferece à equipa permite libertar mais facilmente os outros jogadores para saírem para o ataque. Ele permite que a equipa arrisque mais, porque os seus companheiros sentem que depois é mais fácil recuperar a bola no momento da perda", defendeu.
No meio de tantas dúvidas sobre a forma como o FC Porto irá responder no jogo desta noite, sobra apenas uma certeza: Fernando "é um jogador importante" e "vai fazer falta".
Três jogos, três resultados diferentes
Fernando não foi titular em 12 jogos durante esta temporada e o FC Porto venceu sete, empatou dois e perdeu três. Para a análise que interessa, tendo em conta o jogo em Braga, o foco recai essencialmente nos últimos três jogos, altura em Vítor Pereira utilizou a mesma configuração do meio-campo que iniciará a partida de hoje (Defour, Moutinho e Lucho). Neste caso, os resultados não são tão animadores. E se os portistas até começaram com uma vitória na Madeira (2-0), diante do Nacional, o que se seguiu foi uma derrota na meia-final da Taça da Liga (2-3) e um empate (1-1) na deslocação a Paços de Ferreira, onde Fernando foi utilizado apenas na segunda parte.
Jogos sem Fernando a titular
Competição Adversário Resultado
Campeonato (J24) Paços de Ferreira (f) 1-1
Taça da Liga Benfica (f) 2-3
Campeonato (J23) Nacional (f) 2-0
Campeonato (J17) Gil Vicente (f) 1-3
Taça da Liga Estoril (c) 1-0
Taça de Portugal Pêro Pinheiro (f) 8-0
Campeonato (J5) Feirense (f) 0-0
Campeonato (J4) Setúbal (c) 3-0 Supertaça Europeia Barcelona 2-0
Campeonato (J2) Gil Vicente (c) 3-1
Campeonato (J1) Guimarães (f) 1-0
Supertaça Guimarães 2-1
Lucho também "sofre" sem o Polvo
Nos últimos três jogos em que apresentou Defour no lugar de Fernando - com a companhia de Lucho e Moutinho -, o FC Porto só venceu por uma vez, precisamente na Madeira, frente ao Nacional. No entanto, Pedro Caixinha recordou as muitas oportunidades que a sua equipa teve para marcar e até as explicou, em parte, com a ausência de Fernando. "Tivemos várias possibilidades de marcar, porque o espaço oferecido no meio permitiu-nos colocar várias bolas nas costas da defesa ou nos corredores laterais." A culpa voltou a ser da "ausência" de Fernando, que também tem implicações no jogo de Lucho. "Como não tem Moutinho tão perto dele, joga mais sozinho. A bola não lhe chega com tanta qualidade, nem em tanta quantidade", explicou.
"FC porto é favorito e vai ganhar 2-1"
Avançar com um prognóstico num jogo considerado de tripla não é um desafio fácil de aceitar. As hipóteses de errar, por força da classificação das equipas e da campanha que têm realizado, são bastante elevadas, mas Deco enfrenta-o com a mesma naturalidade com que fazia gato-sapato dos marcadores diretos e aposta num triunfo do líder do campeonato. "Não vai ser um jogo com muitos golos, mas acredito que o FC Porto vai ganhar por 2-1", indicou o internacional português, que não esconde a enorme paixão que sente pelo clube azul e branco, muito por culpa dos anos de glória que nele viveu. A análise, porém, foi feita com a cabeça e não com o coração. "Por muito que o Braga esteja bem e a realizar uma grande época, o FC Porto é favorito para ganhar este jogo e para ser campeão nacional. O FC Porto é mais forte", sublinha o médio.
Djalma é solução alternativa
A ausência de Fernando precipitou o regresso aos convocados de Djalma, menos de um mês depois de ter saído lesionado contra a Académica, no último empate no Dragão registado pelo FC Porto.
O angolano será, ao que tudo indica, uma solução para Vítor Pereira lançar a partir do banco se a equipa estiver a perder. Varela, pelo que subiu de rendimento neste ano civil, será sempre o extremo de prevenção a Hulk e James. Mas Djalma já foi útil como lateral-direito muito ofensivo em jogos tão decisivos como o que se prevê hoje. Na Luz, por exemplo.
Em relação aos outros convocados, destaca-se a permanência de Iturbe, um dos que, antes de se saber que a lesão de Fernando é impeditiva, estariam na calha para deixar entrar Djalma. Mangala volta ser o único jogador de campo disponível a ficar de fora. O facto de Maicon estar destacado para jogar no eixo relega Rolando para o banco e deixa o francês no papel de quarto central.
Os outros ausentes são Danilo e Fernando, que estão lesionados, e Cristian Rodríguez, de saída do clube.
in "ojogo.pt"
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