terça-feira, 29 de maio de 2012

Equipa B é bem-vinda

O FC Porto, conforme O JOGO adiantou em primeira mão, garantiu a aposta no projeto da equipa B com a oficialização da inscrição no último dia do prazo definido. Depois de uma primeira experiência de sete temporadas, entre 1999/2000 e 2005/06, parecem estar reunidos os condimentos ideais para que esta segunda tentativa dê frutos. "A II Liga será bem mais competitiva do que a II Divisão B. Será diferente para melhor, e os jovens da formação estarão mais próximos daquilo que é o futebol profissional", garante Manuel José, que jogou quatro épocas no FC Porto B.
Numa altura em que o futebol português se debate com uma série de dificuldades para tirar partido dos seus jovens e é frequente constatar que, em vários clubes, nem sequer um jogador oriundo dos escalões de formação alinha na equipa principal, o projeto das equipas B é aplaudido por quem por lá passou. Aplaudido, mas com cautelas... "Se depois não for dada continuidade, só vai servir para gastar dinheiro", sublinha Bruno Vale, antigo guarda-redes da equipa B do FC Porto durante quatro temporadas.
O Barcelona e a sua política de formação desenvolvida em La Masia são apontados como um exemplo de sucesso e um caminho que os clubes portugueses podem trilhar com uma aposta continua nas equipas B. "O Barcelona é um modelo. É só ver quantos jogadores eles acabam por aproveitar ou lançar no futebol", aponta Ivanildo, também ele um "produto" moldado no FC Porto B, em 2003/04.
Uma aposta que poderá ajudar a contrariar números que são impressionantes: por exemplo, na 26ª jornada, os 16 clubes da I Liga utilizaram 223 jogadores, mas apenas 18 eram formados no respetivo clube - o FC Porto não usou nenhum -, o que representa uns meros 7,1 %. 

Projeto ganha contornos esta semana

Assegurado o regresso do FC Porto às equipas B, esta semana deverá ser decisiva para dar contornos ao projeto. A equipa técnica ainda não foi revelada, mas seguindo a lógica daquilo que foi o FC Porto B durante as sete épocas em que o clube apostou na equipa secundária, entre 1999/2000 e 2005/06, o mais certo será apostar num treinador da casa, como foi o caso de Aloísio ou Domingos, por forma a que se mantenha a política de formação dos bicampeões nacionais. Outra questão a decidir é o local onde a equipa fará os seus jogos, visto que o mini estádio do Olival não reúne as condições necessárias. 

Bruno Vale

"Se não houver continuidade..."

"Numa primeira fase, a equipa B foi importante para fazer a transição para o futebol profissional. Mas depois dessa experiência, se não for dado seguimento às apostas feitas só vai servir para gastar dinheiro e os problemas vão manter-se. Mas se forem buscar um ou dois jogadores para a equipa principal, ainda vai motivar mais."

Manuel José

"Dá sentido à formação"

"É importante para dar outro sentido à formação, o que não tem sido feito como deve ser. Além disso, hoje está muito difícil para os jogadores portugueses terem uma oportunidade e acho que as equipas B vão evitar que se percam muitos valores. Mais, estamos a falar de uma II Liga, que é mais competitiva do que a II B."

Ivanildo

"Barça é modelo a seguir"

"É muito positivo e vai encurtar o fosso entre os juniores e o futebol profissional. Os jovens vão integrar-se melhor nas equipas profissionais, jogar numa liga mais competitiva. Para mim, foi muito bom e beneficiou vários jogadores da minha geração. Olhem para o modelo do Barcelona, que tira tantos jogadores da equipa B!" 

in "ojogo.pt"

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