“Temos mais vontade de ganhar o 11.º título do que o rival de chegar ao primeiro”

Em superflash, Tó Neves foi um dos porta-vozes da confiança do FC Porto Império Bonança em vésperas de mais uma deslocação a Lisboa, para defrontar o Benfica (sábado, 18h30). Vencer o maior rival é o tónico e objectivo desta semana, para que na próxima, aquando da última jornada, seja possível celebrar o hendecacampeonato, mesmo que haja “gente cansada de ver o FC Porto ganhar”.

É imprescindível ganhar ao Benfica para ser campeão nacional?
Sim, para sermos campeões nacionais temos de ganhar. É um jogo que pode ser encarado quase como uma meia-final e só ganhando podemos ir à final. Nesse aspecto, temos de ser realistas e admitir que dos três resultados possíveis só um nos serve.

Sente que este conjunto de jogadores está preparado para o ambiente e para a pressão que vão encontrar no jogo deste sábado?
É costume os jogadores do FC Porto saberem lidar com estas situações. Temos jogadores com bastante experiência, que gostam de ambientes como o que iremos ter na próxima jornada. Conheço-os bem e sei que estão motivados e empenhados em trazer a vitória.

Acha que este é o melhor momento dos seus jogadores?
Talvez. Eu acredito sempre nos meus jogadores, mesmo nos maus momentos nunca deixei de acreditar. Nesta fase, posso dizer que estamos a viver um bom momento, a equipa está a ter bons resultados e esses resultados trazem confiança.

Tem alguma preocupação especial para o jogo do próximo sábado?
Tenho algumas preocupações, relacionadas com algumas curiosidades. Este jogo já foi lançado há uns tempos, com muita gente a estar atenta. Hoje, por exemplo, fomos controlados por uma brigada anti-doping. Não sei se a equipa adversária também o irá ser, ou se o foi. Há alguma curiosidade na nomeação dos árbitros… Há a curiosidade de, no jogo passado, ter havido uma agressão de um jogador do Benfica e o lance ter passado em claro. Pelos vistos, fui só eu a ver, até pela televisão... É natural que da minha parte haja algumas preocupações com o que pode acontecer no sábado, mas espero e faço votos para que haja condições normais para a partida, que realmente seja um grande jogo e que a tão falada verdade desportiva prevaleça. Espero que não seja só uma parte da verdade desportiva a estar presente.

Ser juiz em causa própria é complicado, mas, do ponto de vista de uma pessoa intimamente ligada ao hóquei, acha que da parte da Federação e do ponto de vista comercial se torna muito importante acabar com um domínio que já dura há dez anos?
Acho que sim. Não publicamente, mas há várias pessoas ligadas ao hóquei que acham que seria bom para a modalidade que o campeão finalmente mudasse de nome. Da parte dos adeptos do hóquei, fora do universo FC Porto, acho que a opinião é mesma, a de que era preferível haver uma alternância no vencedor. Eu compreendo e aceito isso, desde que a tal verdade desportiva seja defendida a todo o custo. E às vezes não tenho a certeza de que isso esteja a acontecer.

No rescaldo do último jogo de basquetebol, aqui no Dragão Caixa, o presidente do Benfica também falou em verdade desportiva e disse que ia estar particularmente atento ao hóquei. Entende o que ele quis dizer?
Entendo e sei que as palavras dele foram ouvidas, mas alguém se deve ter distraído. Sei que o ouviram, mas se calhar no meio de tanta gente atenta houve alguém que se distraiu… O tempo dirá se eu tenho razão ou não, e espero que realmente a tal verdade desportiva seja igual para uns e para outros.

Desde o início do campeonato que o Tó Neves dizia que esta seria a época mais difícil...
Sim, e até apresento outra curiosidade, que vale o que vale: as duas derrotas do FC Porto esta temporada tiveram o mesmo árbitro, que foi pai de um atleta de hóquei em patins do Benfica. Há algumas curiosidades à volta desta temporada, mas não me vou refugiar nesses pontos. Neste momento, dependemos de nós. É natural que haja muita gente cansada de ver o FC Porto ganhar, mas eu não estou cansado de ganhar, os meus jogadores também não e vamos fazer tudo para contrariar essa gente e voltarmos a ser campeões.

Tem medo do ambiente que pode vir a encontrar no sábado, no pavilhão do adversário?
Não, de todo. Nem eu nem os meus atletas. O que temos é respeito pela equipa adversária, que é competente e tem bons valores. Vão defrontar-se as duas melhores equipas do hóquei português, como atesta a classificação do campeonato, e cada uma vai lutar pelos seus objectivos. O ambiente vai ser igual para as duas equipas. Às vezes o silêncio interfere mais do que o apoio e o Benfica é a equipa mais pressionada, até porque está um ponto à frente, já não ganha há dez anos e nunca esteve tão perto... A pressão não está do lado do FC Porto, mas posso dizer que os meus jogadores me parecem ter mais vontade de ganhar o 11.º título do que o rival de chegar ao primeiro.

“Somos capazes de ganhar a qualquer adversário, em casa ou fora”

Pedro Gil mostra-se focadíssimo no objectivo do título nacional. Em superflash, o avançado espanhol revela ainda estar tranquilo em relação ao ambiente no pavilhão do Benfica, num encontro da penúltima jornada do campeonato (sábado, 18h30) que os Dragões têm de vencer para passar para a frente da classificação.

Como está a equipa do FC Porto a pouco dias de um jogo fundamental para a definição do campeonato?
Bem, a preparar o jogo com muito rigor. Sabemos que jogamos a época nesta partida e que temos de sair da Luz com uma vitória, já que uma derrota nos deixa fora da luta pelo título e um empate complica muito esse cenário. Queremos ir lá buscar a vitória, como fazemos todos os sábados e domingos, seja em que pavilhão for, independentemente do adversário. Jogamos sempre para ganhar e é dessa forma que vamos a Lisboa, para passar para a frente e entrar na última jornada em primeiro lugar.

O facto do jogo ser fora é um problema para vocês?
Não, de todo. Já demonstramos muitas vezes que somos capazes de ganhar em casa e fora a qualquer adversário. Estamos confiantes, sabemos do nosso potencial e só temos de olhar para nós. Se trabalharmos bem no jogo e formos solidários, se apresentarmos o espírito de sacrifício e a vontade de ganhar de sempre, acredito que vamos ser bem-sucedidos. Poucas equipas no mundo são capazes de nos ganhar e queremos voltar a demonstrar isso no sábado.

Dos últimos jogos ficou a ideia de que o FC Porto está a ter o melhor Pedro Gil da temporada. Concorda?
Não sei. Eu trabalho desde o primeiro dia para ajudar, mas às vezes sai melhor, outras vezes sai menos bem. Quero despedir-me deste grande clube como ele merece e espero poder ajudar bastante nestes dois últimos jogos para que consigamos voltar a ser campeões.

O FC Porto está melhor do que o Benfica nesta fase da época?
Não sei, eu conheço o FC Porto e posso falar de nós. Do Benfica só sei o que vejo na televisão, mas não conheço o que se passa lá dentro para poder avaliar. Estamos confiantes e com muita vontade de que cheguem as 18h30 de sábado para que o árbitro apite e possamos começar a jogar e demonstrar uma vez mais o que o FC Porto é capaz de fazer.

Teme o ambiente do pavilhão da Luz, quiçá como forma de represália pelo que se passou aqui na final de basquetebol?
Acho que não, até porque deve ser um jogo com muita segurança. Acho que é pior quando vamos a Lisboa a qualquer outro pavilhão, porque não temos segurança. Quando vamos jogar a casa do Benfica a polícia acompanha-nos logo desde as portagens e fica sempre connosco. Se calhar, a Luz até é o pavilhão mais seguro para jogarmos fora de casa. Como jogador, também prefiro ambientes assim, de pavilhão cheio, que dão mais prazer. Não há maior prazer do que ganhar num campo contrário! Nós sabemos que os nossos adeptos não vão poder estar presentes mas sabemos que estão connosco de coração, pela televisão, pela rádio… Os adeptos do FC Porto são incansáveis, fenomenais e estão sempre, sempre, connosco.

in "fcp.pt"