Wozniak ao Maisfutebol: «Suceder ao Baía era impossível»
Reencontro com o antigo guarda-redes polaco do F.C. Porto. «Nunca quis enganar ninguém»
A presença da Seleção Nacional na Polónia resgata do esquecimento velhas
personagens do futebol português. Andrei Wozniak
é um desses casos. Quem não se lembra do
guarda-redes escolhido por Pinto da Costa para suceder a Vítor Baía no
F.C. Porto,
em 1996?
Ora, Wozniak jamais revelou ser
capaz de ocupar a baliza dos dragões com a qualidade do antecessor. Fez
sete jogos, perdeu o lugar para um menino de 20
anos [Hilário] e rumou para Braga, onde repetiu o fracasso.
Muitos
anos passaram, muito cabelo caiu e nem o bigode resistiu
à agrura do tempo. Wozniak fala sem complexos
das duas épocas em Portugal, assume mágoa por ter falhado e jura amor
eterno
ao F.C. Porto.
«Portugal é o melhor sítio do mundo. Fui muito feliz no Porto e em Braga. Só tive pena de não jogar
mais vezes e de não ter ficado mais anos. Suceder a um herói como o Vítor Baía era impossível», diz ao Maisfutebol,
no primeiro contato com um jornalista português «em muitos, muitos anos». «Que grande surpresa!»
«Ninguém queria
acreditar: o Hilário titular em Alvalade»
«Era
o titular da seleção polaca quando cheguei ao F.C. Porto. Comecei
como titular, fiz vários jogos bons e tínhamos a
defesa menos batida do campeonato», vinca Wozniak. O pior estava para
vir.
António Oliveira, o técnico, adorava
surpreender.
Em Alvalade deixou toda a gente estupefata.
«Tive
de
ir fazer dois jogos pela seleção e quando voltei
o Oliveira deu a titularidade ao Hilário. Ele era um menino sem
experiência
e jogou em casa do Sporting. Ninguém queria
acreditar. Esteve muito bem, o F.C. Porto ganhou e perdi o lugar».
Wozniak
só voltou à baliza perto do epílogo da liga.
«Fiz mais dois jogos na fase final da época. Foi pena. O F.C. Porto será
sempre
o meu clube fora da Polónia. Tive uma boa
relação com toda a gente no clube e quando voltar sei que serei bem
recebido».
«Fui
lesionado para Braga: nunca quis enganar ninguém»
Em Braga, o início de Wozniak foi prometedor. À 16ª jornada,
porém, foi para o banco e de lá já não saiu. Neste caso, pelos vistos, com uma forte atenuante.
«Fui
lesionado para
o Sp. Braga e nunca recuperei. Essa é a verdade.
Falei com o presidente e preferi sair. Nunca quis enganar ninguém»,
dispara,
voz trémula, como que a pedir desculpa.
«Gostava
de voltar a Portugal, claro, mas não é fácil. Teria de integrar
a equipa técnica de um grande treinador. Vejo o
Mielcarski com regularidade e quando estamos juntos é obrigatório falar
sobre
o F.C. Porto».
Andrei Wozniak: a glória em 1995, a prisão em 2008
Antigo guarda-redes do F.C. Porto teve problemas com a justiça num caso de suposta corrupção desportiva
No F.C. Porto ninguém esquecera Jozef Mlynarczyck. Sem Baía, os dragões
avançam para a contratação de outro guarda-redes
polaco de bigode. Andrei Wozniak chega obstinado
pelo triunfo e parte, dois anos depois, vergado ao peso do insucesso.
Em
1995, verdade seja dita, Wozniak era um herói na
Polónia. Titular da seleção, símbolo do Widzew Lodz, autor de exibições
portentosas.
Frente à França, por exemplo, na corrida para o
Euro1996.
Andrei Wozniak é, em 2012, treinador de guarda-redes.
No Widzew Lodz, precisamente. «Gosto do que
faço, adoro ir todos os dias para os treinos», refere à reportagem do Maisfutebol
em solo polaco.
Em 2008, porém, o
ex-guarda-redes do F.C. Porto chegou a estar preso durante alguns dias.
Envolvido
num escândalo de corrupção desportiva, Wozniak
foi detido e, mais tarde, condenado a uma pena de prisão de dois anos e
meio
(suspensa por três anos) e a pagar uma multa de
30 mil euros.
«Não
quero recordar isso. Faz parte
do passado, quero olhar em frente», diz-nos,
compreensivelmente desconfortável. Wozniak prefere falar do Campeonato
da Europa
que o seu país co-organiza e da festa que aí
vem.
«Está tudo preparado. Vai ser fantástico e tenho a certeza que
as condições criadas vão agradar as centenas de milhares de visitantes», explica o antigo dragão.
«Quero
ir ver Portugal
a Lviv e espero reencontrar amigos dos meus
tempos no F.C. Porto. Acredito mais na seleção portuguesa do que na
polaca», faz
questão de nos dizer, num português ainda muito
razoável.
in "maisfutebol.iol.pt"
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