sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vítor Pereira: «O FC Porto não era só o Hulk, nem é só o James»

Olhando para a exibição de quarta-feira do F.C. Porto frente ao Paris Saint-Germain, para a Liga dos Campeões, mas não só, Vítor Pereira reconhece o talento e qualidade de James Rodriguez, mas pede que não se crie «uma onda em torno do jogador».

«Não quero que criem uma dependência como com o Hulk. Diziam que sem o Hulk o F.C. Porto não tinha pernas para andar. E nós, muitas vezes vamos buscar forças a essas coisas. O FC Porto não era só o Hulk, nem é só o James. Não criem uma onda de que o FC Porto depende totalmente do James porque isso é totalmente falso», assegurou o treinador portista.

«Independentemente da qualidade e do talento do James, gostava que fossem evidenciados todos os jogadores que contribuíram para esse grande jogo de quarta-feira. Vi comportamentos de excelência em quase, senão em todos, os jogadores», garante Vítor Pereira. 

«Se tivesse a palavra mágica que os fizesse jogar como com o PSG»

Vítor Pereira não esquece a exibição frente ao Rio Ave

Na jornada passada, o FC Porto não foi além de um empate frente ao Rio Ave, num jogo em que até esteve a vencer por 1-0. Já na passada quarta-feira, frente o Paris Saint-Germain a exibição foi de um nível muito superior. Questionado pelos jornalistas sobre estas oscilações exibicionais, Vítor Pereira admite que por vezes, falta a palavra mágica que faça a equipa encarar o jogo da forma certa.

«Se nós treinadores tivéssemos a palavra mágica que os fizesse jogar como frente ao PSG, seria o melhor treinador do mundo, teria encontrado a poção mágica para que os jogadores entrassem com a abordagem mental necessária a cada um dos jogos».

«O que eu tento fazer é colocar os jogadores dentro desse chip mental a que o jogo vai obrigar. Às vezes correspondem, mas por vezes acontecem coisas destas que a mim e aos jogadores não agradam», disse o técnico, referindo-se o encontro com o Rio Ave.

«Frente ao Rio Ave, não fiquei satisfeito. A equipa a ganhar 1-0 não pode gerir o jogo em cima de um resultado tão curto. É um resultado perigoso, a equipa de tem de ir à procura do segundo golo. Não o fizemos, baixámos o nosso ritmo de jogo, baixámos os índices de agressividade e, a ganhar 1-0 deitámo-nos à sombra do resultado e fomos penalizados, do meu ponto de vista, justamente», admitiu Vítor Pereira.

O objetivo agora é claro: «Temos é que trabalhar para que isto não volte a acontecer. Temos que estar agressivos porque os adversários têm grande dificuldade para acompanhar o nosso jogo, senão colocámos-nos a jeito para sofrer um golo. E depois acontece o que aconteceu».

Mas nem tudo foram críticas em relação à prestação dos Dragões em Vila do Conde. «Num resultado de 1-0 foram confrontados com dois golos, um resultado negativo e aí, a equipa foi grande e soube ir atrás do resultado e conseguiu empatar o jogo».

Olhando para as jornadas passadas, Vítor Pereira recusa-se a encaixar o jogo com o Olhanenses no Algarve, neste conjuto de exibições menos conseguidas. «Encontrámos um adversário muito complicado, agressivo, viemos de lá com uma vitória e só ganhámos aquele jogo porque fomos equipa».

E diz mesmo: «Não acredito que qualquer um dos ditos grandes venha de Olhão com uma grande exibição e uma vitória sem dificuldades».

Vítor Pereira: «É-me indiferente o treinador ser Sá Pinto ou não»

Treinador não quer ouvir falar da crise leonina e avisa o F.C. Porto de que o adversário está ferido no orgulho. «Vai querer correr, correr, correr» 

O F.C. Porto recebe este domingo o Sporting num clássico do futebol português marcado pela polémica em torno da formação leonina. O Sporting foi humilhado na Hungria pelo modesto Videoton e nesta altura é incerto se Sá Pinto se mantém no comando técnico da equipa leonina.

Ora tudo isto parece desviar F.C. Porto do centro da atenção mediática, o que para Vítor Pereira é prejudicial. O técnico não quer que o clube se disperse em torno da controvérsia alheia. Por isso avisa para o perigo que um rival, e sobretudo um clássico, pode representar nas contas portistas.

«O Sporting vem com o orgulho ferido, vai querer mostrar que está vivo, que tem capacidade para dar a volta a esta situação. Não acredito que esteja fragilizado por dois jogos maus, acho que vem unido», referiu Vítor Pereira. «O Sporting virá a querer correr, correr, correr pelo resultado.»

«Nunca vi num clássico uma equipa claramente favorita. Os clássicos são clássicos, as equipas motivam-se e nunca se sabe o que o jogo vai dar. Quero ver a minha equipa jogar como no último jogo, a impor-se com agressividade ofensiva e defensiva e colocando um ritmo forte no jogo.»

A mensagem, por isso, dificilmente podia ser mais clara. «O Sporting não vai estender a passadeira para os jogadores do F.C. Porto passarem», sublinhou. «Vou pedir o que peço sempre: entrega total, concentração, qualidade individual e coletiva, sendo que a coletiva está acima da individual.»

Pelo meio, claro, falou-se de Sá Pinto. O treinador leonino está no fio da navalha, podendo cair a qualquer altura. A imprensa fala aliás com insistência que Sá Pinto deixará de ser treinador nas próximas horas, havendo até quem garanta que será Oceano a orientar o Sporting no Dragão.

A indefinição em torno do comando técnico leonino também não afasta Vítor Pereira do essencial. O treinador portista garante até que esse é um assunto que terá de passar ao lado do F.C. Porto. «É-me indiferente o treinador ser ou não o Sá Pinto. Sei é que vem cá a equipa do Sporting», frisou.

O que não significa que não esteja ao lado de Sá Pinto. Está. «Nas vitórias não acredito na responsabilidade dos treinadores, mas num trabalho conjunto. Nas derrotas é o mesmo, a responsabilidade não é só do treinador, mas também é dele. Tem de ser assumida por todos.»

in "fcp.pt"

 


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