Nesta semana, em meio à preparação para o jogo, o volante conversou com o DG. Confira a entrevista
Caso o Porto ordene a sua volta, Souza sabe que deixará uma torcida frustrada por aqui. E nela o mais ilustre dos fãs, Vanderlei Luxemburgo. O técnico já o projeta como volante da Seleção de 2014.
O Tricolor tem pouco mais de um mês para negociar a permanência do volante de 23 anos. Souza reitera o desejo de seguir. A indefinição não abala o carioca de sotaque carregado e família humilde de São Gonçalo. Marido de Danielle, 27 anos, e dono da cadelinha Pitt, ele se apega à fé e aos conselhos do “guru” Zé Roberto para manter sua ascensão. Neste domingo, às 17h, Souza estará no meio-campo do Grêmio contra o São Paulo.
Diário Gaúcho - Como foi seu início no futebol?
Souza - Comecei numa escolinha em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, que mandava jogadores para Vasco, Fluminense, Flamengo e Botafogo. Me destaquei, e perguntaram para onde queria ir. Optei pelo Vasco porque era mais perto de casa. Comecei lá com nove anos e fui morar no clube aos 11, sendo o mais novo jogador a viver lá (só podia a partir dos 12 e de fora do Rio). Não queimei nenhuma etapa da base. Tive a sorte de ter uma mãe que deixava de ter para me dar.
DG - Você viveu a crise no Vasco. No que isso contribuiu?
Souza - O clube caiu para a Série B. Mas, pelo lado profissional e pessoal, foi favorável tanto para mim quanto para o Alex Teixeira (hoje no Shakhtar) e o Alan Kardec (hoje no Benfica), que eram da base e tiveram chance. Foi o ano em que despontei, fui vice mundial na seleção sub-20. No ano seguinte (2010), fui para o Porto.
DG - Como foi a passagem pelo Porto?
Souza - Tenho vínculo com eles até hoje. Em um ano e meio, fiz 60 jogos, não tive a sequência daqui, em estou com quase 55. Mas fui campeão da Liga Europa e do Português. Serviu muito, aprendi outra cultura, viajei bastante. Agora, estou no Grêmio, onde vivo um dos melhores anos da minha vida. Gostei da cidade, fui muito bem recebido pela torcida. Me sinto bem adaptado, em casa e feliz. Pretendo dar continuidade.
DG - Você é um volante alto, 1,88m. Isso o torna também um cabeceador?
Souza - Em relação a gol, não tenho feito tantos. Os marcadores querem sempre ir no mais alto. Às vezes o Werley leva a fama do gol porque carrego a marcação, e ele sobe sozinho (risos). Combinamos isso. Na época do Vasco, não costumava cabecear, tinha medo. No Porto, acostumei. Hoje não tenho mais medo da bola.
DG - Como você define o seu estilo?
Souza - Era mais de jogar com a bola no pé. Portugal me ensinou a marcar mais. Não sou hoje totalmente de marcação, mas peguei a noção. Meu estilo é roubar e tocar no meio. A obrigação do volante é roubar e passar ao meia, que dará seguimento à jogada. Procuro não errar passe porque é por mim que começa a jogada.
DG - O meio é o setor mais sólido do Grêmio. Por que deu certo?
Souza - Pela experiência do Zé Roberto e do Elano. Eles têm qualidade, não é à toa que jogaram Copa, são reconhecidos. Deram qualidade à equipe. Ali atrás, fazemos o nosso, encostamos neles e sabemos que uma hora acharão o passe ou o gol. O crédito é de todos, mas especialmente dos dois.
DG - Vanderlei Luxemburgo aposta em você como volante da Seleção na Copa.
Souza - Seria mentira se dissesse que não penso em Seleção. Mas sou realista, há jogadores à frente, melhores do que eu no momento. Busco sempre, tentarei manter essa regularidade. É isso que leva à Seleção. Uma hora a oportunidade aparece.
DG - Em pouco mais de um mês, o seu contrato de empréstimo termina. Isso causa apreensão?
Souza - Estou tranquilo. Tenho feito bom trabalho, a torcida reconhece, assim como a direção, que fará de tudo para que eu fique. Mas ainda não é momento de falar sobre isso, faltam quatro jogos do Brasileirão, falta a Sul-Americana. Não adianta precipitar. Torço para que dê tudo certo.
DG - Como é o clima no vestiário?
Souza - Falo com todos. É claro que têm os mais íntimos, pela forma de conduzir a vida. Gosto de ir à igreja, falar das coisas de Deus. Sou próximo do Zé, do Elano. O Zé tem a mesma mentalidade que eu. Procuro ouvir o que ele fala. Ele fala muito pouco, aliás, gosta mais de ouvir. Sempre que fala, procuro ouvir. Tem o Werley também. O Bertoglio é um irmão para mim. Todo mundo diz que não encontrou no mundo um ambiente como aqui. É por isso que tem dado certo em campo. Creio que daremos muito fruto este ano.
DG - Você emendou a temporada europeia com a brasileira. Sente o desgaste?
Souza - Me senti muito cansado. O Vanderlei me deixou de fora contra o Millonarios/Col porque estava bem debilitado. Mas deu para repor as energias.Como a semana foi livre, zerei para a reta final.
DG - O que você gosta de fazer em Porto Alegre?
Souza - Às quintas e domingos, quando posso, vou à igreja. Sempre vou ao cinema ou ao shopping com a minha mulher, janto fora para sair da rotina. Ela fica encarregada de levar a família a Gramado. Já foi quatro ou cinco vezes. Juntos, fomos duas vezes. Adoro, é muito bonito. Ela fez amizades, está bem adaptada a Porto Alegre. É desejo dela e da minha família que eu siga no Brasil. Vamos torcer. Vou cumprir o meu contrato até 31 de dezembro e depois a gente resolve essa questão.
Entenda o caso
- Apresentado em fevereiro, Souza foi emprestado pelo Porto, de Portugal, ao Grêmio até 31 de dezembro.
- O vínculo do volante com o time português vai até junho de 2015.
- Para comprar os direitos do jogador, o Grêmio teria que pagar 10 milhões de euros (R$ 26 milhões) ao Porto.
in "diariogaucho.br"
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