Antes de mais, convêm esclarecer que Artur consta desta nossa selecção graças a um episódio da sua carreira e não pela sua qualidade futebolística. Essa era indiscutível, pois o brasileiro foi uma das grandes figuras do campeonato português na década de 90. Rápido e matador, brilhou na Invicta ao serviço do Boavista e do F.C.Porto. Para o “Filho-do-Vento”, o momento alto da sua vida profissional talvez tenha sido o golo que marcou em San Siro, na vitória portista por 3-2 frente ao Milan. Mas para nós, o momento mais memorável foi sem dúvida outro, decorrido minutos depois. Passemos à explicação.
O jogo realizou-se na época 96/97 e dizia respeito à fase de grupos da Champions League. Jogava-se a segunda parte, quando Artur, que marcara aos 53 minutos, saiu do campo e se ajoelhou junto à linha lateral. Os adeptos temeram a lesão, o banco observou-o apreensivo e o realizador da transmissão televisiva ordenou ao operador de câmara um grande plano do jogador. Ninguém entendia. Não sabemos se foi perturbado por uma virose, uma feijoada mal digerida ou umas caipirinhas emborcadas na véspera, ou se simplesmente foram os nervos ou as vitaminas dadas pelos médicos portistas (a famosa amarelinha) a fazer efeito . A verdade é que enquanto António Oliveira gritava, preocupado, o seu atleta evocava o Gregório. Provavelmente, terá sido o único futebolista a vomitar em directo para a televisão. E foi, seguramente, dos poucos que depois de uma descarga daquelas, voltou ao campo para continuar a correr, em busca de outro golo, como se nada fosse.
Quando deixou os golos e, após experiências como treinador, o craque assumiu o cognome de Rei Artur e decidiu lançar-se na política, reforçando a dimensão mítica que nos levou a inclui-lo nesta rubrica.
ion "futebolportugal.pt"
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