Noutros jogos, o FC Porto não foi capaz de dar aquele espaço a jogador nenhum
Já não me lembrava de ver um FC Porto-Braga como o de ontem, logo por ironia quando o treinador dos bracarenses é, de longe, o mais romântico que me lembro de lá ter passado. Mas as circunstâncias, e os pontapés da sorte e dos resultados, redundaram nessa estranheza de um Braga apenas encolhido, sem o desembaraço e a sagacidade de outros tempos para sair disparado da carapaça nos momentos exatos.
A estratégia foi decalcada daquela que a maioria das equipas tem usado contra o campeão: recuo total e atulhamento no centro do campo. Valeu a Vítor Pereira que também já não se via um FC Porto assim há uns dois meses. Mais rápido a despachar a bola, mais disponíveis os jogadores para se movimentarem, aproximou-se muito da equipa que foi no primeiro troço da época e, apesar da agonia, até venceu o jogo mais cedo do que tinha acontecido em Braga. A singularidade de ter sido Kelvin a empurrar o que faltava, e não uma das individualidades, sugere ainda que a melhoria se fez pelo coletivo - a única forma possível de contrabalançar nestas cinco jornadas a opulência das soluções individuais de ataque do Benfica.
Quanto ao Braga, estranha-se que não tenha conseguido ser bom no que possui de melhor, mas não se perdeu tudo. A faina do defesa Santos no Dragão deu a entender que há ali um central capaz de contribuir com algum do sossego necessário para voltar a atacar quase como dantes.
JOSÉ MANUEL RIBEIRO in "ojogo.pt"
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