Vítor Pereira antecipou a decisiva deslocação a Paços de Ferreira mostrando convicção na qualidade da equipa que orienta e promete o FC Porto de sempre, a jogar para vencer, porque o "objectivo é conquistar o título".
Que antevisão faz deste jogo em Paços de Ferreira?
É unânime considerar que o Paços fez com mérito uma época brilhante, com belíssimos executantes do ponto de vista individual. Do ponto de vista colectivo, os seus treinadores fizeram um trabalho brilhante, conseguiram uma coisa nunca conseguida no clube. É fácil avaliar a qualidade do Paços de Ferreira. É fácil avaliar também que as condições daquele campo não são normais. Nós FC Porto, nós jogadores, nós administração, nós adeptos, pensamos que não teremos um jogo fácil. Prefiro ir com a necessidade de ganhar do que ir com a gestão de resultado. Sabemos que temos de ganhar, mas isso está-nos no sangue, jogamos sempre para ganhar e é com essa mentalidade que lá vamos, única e exclusivamente focados na vitória e é assim que abordaremos o jogo em Paços.
Coloca de parte a teoria que o facto do Paços já estar qualificado para a "Champions" o pode tornar um adversário mais relaxado e acessível?
Uma equipa que fez o trajecto que o Paços fez até aqui, com um treinador e jogadores a quererem provar a sua competência, entrarão em jogo com o objectivo de comprovarem a época que fizeram.
O que fez para travar a euforia dos jogadores a seguir à vitória sobre o Benfica e a ausência do Fernando muda muito a estratégia da equipa para o jogo de amanhã?
Euforia só aconteceu nos minutos posteriores à vitória, o que é natural porque conquistamos uma vitória importante e que pode ser determinante para a conquista do título. A partir daí e com a experiência destes jogadores, sabemos que nada está ganho, que é importante em Paços de Ferreira termos a nossa identidade e nem o próprio campo serve de justificação, porque o nosso trabalho de meses é em espaços reduzidos, isso é o que mais trabalhamos, é um trabalho para produzir qualidade no momento da perda de bola e o comportamento que queremos é agressivo. Essa é a nossa identidade, a maior parte das vezes instalados no meio-campo do adversário. Estamos mais do que preparados para defrontar o Paços. Relativamente ao Fernando, é um jogador muito importante para nós, tem sido ao longo destas épocas todas, mas temos outros jogadores, com outras características, mas com qualidade para nos garantir o tipo de jogo que queremos e estamos habituados a fazer.
O seu grande desafio e dos jogadores é partir da ideia de que não há campeões antecipados? Entra para a galeria dos treinadores históricos se for campeão sem derrotas, que só há dois, Villas-Boas e Jimmy Hagan...
Vinha a dizer há muito tempo que este campeonato seria disputado até à última jornada, que seria um campeonato a exigir a máxima concentração de todos nós e chegar depois de tanto trabalho ao último jogo dependendo de nós próprios, foi aquilo porque sempre lutamos e andamos estes meses todos de trabalho a lutar. Acredito na grande capacidade competitiva dos nossos jogadores, na nossa massa associativa e acredito que amanhã podemos dar mais uma alegria aos nossos adeptos e é isso que nos move.
Não sinto necessidade de falar de mim próprio, não estou aqui para falar de mim, estou aqui para falar dos meus jogadores, do que amanhã temos para conquistar.
Vai ser treinador do FC Porto na próxima temporada e quer ser treinador do FC Porto na próxima temporada?
Eu repito, não estou aqui para falar de mim, não sinto essa necessidade, estou aqui para falar de um jogo fundamental para nós, para a conquista do principal objectivo da época, que é a revalidação do título.
Foi preciso controlar os níveis de euforia depois do último jogo?
Foi uma semana de trabalho normal, uma semana de trabalho focada, igual às outras sabendo que depois de meses de trabalho que um jogo decide o campeonato, mas este é um plantel que tem uma mistura de jogadores experientes com jogadores jovens e isto para nós não é nada de especial, porque este clube está habituado a ganhar títulos, não só no futebol - e queria aproveitar para felicitar mais um título no andebol de forma espectacular, da forma que eu vi ontem -, é um clube habituado a ganhar títulos e a possibilidade de ganhar mais um amanhã não nos traz ansiedade. Nós gostamos de viver na pressão e com a pressão positiva de uma vitória amanhã garantir mais um título. Não é um de meia dúzia de anos em meia dúzia de anos, é mais um.
Acredita que há incentivos monetários para vencer, que isso está a acontecer e que importância lhe atribui?
Aquilo que passa por mim é motivar a equipa é fazer perceber e tomar consciência que não precisamos de nada de especial, precisamos é de estar ao nosso nível, de fazer o nosso jogo, precisamos de garantir a nossa identidade durante os 90 minutos, o jogo não se jogará em dez ou 15 minutos, jogar-se-á em 90 minutos mais os descontos. A nossa identidade é clara para toda a gente, uma identidade de posse, da qual eu me orgulho. Eu orgulho-me que a minha equipa jogue sempre da mesma forma, porque tanto faz jogar aqui com o Benfica, como jogar na Luz, ou ir jogar com o Paris SG ou a qualquer outra parte do mundo, porque isso é claramente um sinal de qualidade e é isso que eu quero amanhã. Todos os assuntos que andem à volta passam-me ao lado e nem sequer vou comentá-los.
Se vencer em Paços de Ferreira passa a ser o segundo melhor treinador da era Pinto da Costa...
Quero acabar a época sem falar de mim próprio, não sinto essa necessidade.
Os árbitros deixam-no tranquilo e se a diferença pontual ainda dita, em teoria, uma vitória do FC Porto?
Relativamente à arbitragem, falei e falarei sempre que me sentir prejudicado, sempre que sentir que houve um jogo em que os erros foram acumulados. Acredito na arbitragem portuguesa, acredito nos árbitros portugueses, acredito na seriedade das pessoas e acredito na competência dos árbitros para estes jogos. Nunca procurei condicionar a arbitragem de qualquer jogo, se entenderam em algum momento como uma tentativa de condicionamento de alguma arbitragem estão completamente enganados, porque não faz parte da minha essência como ser humano ter esse tipo de estratégia.
A qualidade tem de se provar todos os dias, as estatísticas dizem-me muito pouco, temos é de provar amanhã, em jogo, que somos dignos vencedores deste campeonato.
Acha que acabou por levar a melhor nos "mind games" com Jorge Jesus?
Reconheço sem qualquer hipocrisia que o Jorge Jesus é um grande treinador, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas, e esta competição salutar também faz de mim melhor treinador, porque quanto maior for a competitividade ajuda a nos tornarmos melhores. Isto não se trata da discussão de um título entre o Vítor Pereira e o Jorge Jesus, isto trata-se da discussão de um título entre dois clubes que fizeram deste campeonato, ao contrário do que vi muito gente dizer, um campeonato muito difícil. Quem me disser que este campeonato não foi competitivo, de qualidade, está completamente enganado. Tivemos um Paços de Ferreira, um Estoril, um Rio Ave, equipas que apareceram com um grande nível, foi diferente dos outros porque em Portugal damos as coisas por adquiridas. Este para mim foi o campeonato mais espectacular dos últimos anos, porque continua em aberto na última jornada o título, as competições europeias, as equipas para a manutenção, um campeonato que temos de valorizar, em vez de irmos sempre na triste ladaínha que tudo é mau no campeonato e não se atribui mérito a quem ganha.
in "fcp.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário