segunda-feira, 12 de agosto de 2013

ANÁLISE: como o FC Porto constrói as jogadas

Análise aos primeiros 45 minutos da Supertaça

Golo FC Porto: Fucile
Paulo Fonseca alterou a organização do meio-campo do FC Porto e «Maisfutebol» analisou os primeiros 45 minutos do jogo com o Vitória de Guimarães para perceber de que forma o campeão nacional constrói o seu jogo. Pontos essenciais: a importância de Otamendi, a preferência pelo flanco direito para sair e a escassa participação de Lucho quando tudo começa lá atrás.

Para esta análise recolhemos apenas os lances em que a equipa começou organizada de trás (pontapés de baliza, livres perto da própria área e recuperações de bola sem pressão imediata do adversário). É evidente que muitos ataques começam mais à frente, mas para este caso essas jogadas ficaram de fora.

O primeiro destes momentos aconteceu aos três minutos. Otamendi escolheu Fernando, que passou para Fucile, na direita. Aos 6, outra vez o central argentino, Fucile, Varela. Aos 7, Helton tentou um pontapé longo, a bola perdeu-se. Aos 8, o guarda-redes saltou os centrais e fez a bola chegar mais depressa, a Defour, que alongou para Lucho. Por esta altura já o FC Porto ganhava. Até aos 15 minutos, mais cinco saídas, todas com Otamendi co
mo principal protagonista.Nesta primeira fase do jogo não havia dúvidas: a ordem era sair pela direita. Tudo começava em Otamendi. Se não havia muito espaço, seguia para Fucile. Se o adversário permitia, o passe era esticado, pela relva, para Varela.

Revendo o jogo, não surpreende a forma como apareceu o segundo golo. A bola veio da esquerda e foi passada para a direita. Otamendi recebeu-a à frente do meio-campo que esticou de imediato para Varela. O extremo português cruzou também depressa e bem, para Jackson. O
Vitória de Guimarães estava ligeiramente desequilibrado para a esquerda, o facto de Otamenti ter assumido o espaço livre permitiu encontrar o extremo sem marcação apertada.

A participação de Otamendi nos movimentos ofensivos do FC Porto não é uma novidade, mas em Aveiro esteve particularmente ativo. Um facto a que o Vitória não terá dado a devida atenção. Até aos 30 minutos, mais sete saídas organizadas, Otamendi em todas!

Outro factor interessante é a participação de Defour e Fernando. Até essa fase do jogo eles envolveram-se menos na construção a partir de trás, talvez mais preocupados em assegurar que
a subida de Fucile e Alex Sandro e a presença de Lucho muito mais à frente não tinha consequências. Depois do 2-0 o registo guarda os seus nomes. Fernando um pouco do meio para a direita, o belga a pegar na bola um pouco à frente de Mangala, com Alex Sandro na linha e Licá a baixar um pouco para receber.

Outra alternativa tentada duas vezes é esticar a bola de Otamenti para Jackson ou Lucho. Sucedeu aos 29 e 38 minutos. Em dois outros momentos, Otamenti encontrou tudo fechado e decidiu-se por passes laterais, de longa distância, da direita para a esquerda. Com sucesso.

A principal diferença entre este FC Porto e o de Vítor Pereira é a circulação dos seis jogadores da frente, menos presos às posições de origem. Também parece existir menos obsessão pela posse de bola. Sempre que existe oportunidade, o passe é mais longo, o jogo acelerado. O risco aumenta, a bola nem sempre chega ao destinatário, mas a probabilidade de apanhar o adversário desequilibrado é maior.

Dito isto, o FC Porto continua a ser capaz de longas trocas de bola. O terceiro golo é prova disso. Se reparar, o lance começa na direita aos 43:57 e termina no pé de Lucho, na grande área, aos 44:42. Ou seja, 45 segundos durante os quais só tocaram na bola futebolistas do campeão, com um ou outro ressalto. No total, 16 passes e nove jogadores envolvidos! Só não aparecem nas imagens o guarda-redes Helton e os centrais Mangala e Otamendi. Mas, como terá lido na parte inicial do texto, não é bom esquecer o papel do argentino em todos os movimentos iniciais de construção. Em Aveiro foi ele a decidir muita coisa. É para durar?

in "maisfutebol.iol.pt"

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