Domingos, último melhor
marcador português da Liga, preparou a sucessão. O filho, tal como ele,
precisou de três jogos para marcar pelo Porto
"Pelo festejo deu para ver. Foi para o meu pai, por aquilo
que ele é para mim". Gonçalo Paciência fintou para dentro, rematou e
balançou as redes da baliza da Académica. Em seguida levantou o braço direito,
imitando os festejos de um histórico goleador do FC Porto: o seu pai, Domingos.
Foi um golo simbólico, entre tantos que já marcou, por ter sido o primeiro pela
equipa principal dos dragões.
Aos 20 anos, Gonçalo tem ainda muito caminho para trilhar se
quiser aproximar-se da carreira do pai. Domingos venceu 17 títulos pelo FC
Porto: sete campeonatos, cinco Taças de Portugal e cinco Supertaças). Nos
livros, ficará para sempre como um dos maiores goleadores do clube. Fez 378
jogos na Liga, marcou 144 vezes. Mas Gonçalo teve 20 anos para estudar a lição.
Tal como Domingos, precisou de três jogos para se estrear com um
golo na equipa A; o registo é até ligeiramente melhor que o do progenitor (108
minutos contra 133), embora Domingos o tenha conseguido aos 18 anos. Tudo
aconteceu em 1988. O treinador jugoslavo Tomislav Ivic apostou no então jovem
avançado, num jogo para a Taça de Portugal em Moura. Mas Domingos
só faria o primeiro golo no recinto portista, o Estádio das Antas. Foi no jogo
com o Elvas, da 30.ª jornada da Liga, em que os dragões venceram por 4-0. Só em
1995/96 alcançaria o troféu de melhor marcador do campeonato nacional. Contudo,
é até hoje o último português nessa lista.
DOIS PROFES O futuro tem tudo para
sorrir a Gonçalo Paciência. Mas a dificuldade histórica que Portugal tem tido
nas últimas décadas em formar goleadores de nível mundial aconselham alguma
prudência. Foi esse o tom do discurso do seu treinador, Julen Lopetegui, após o
golo à Académica: "É um jogador com futuro mas falta-lhe o mais difícil.
Chegar aqui é complicado mas manter-se é mais difícil ainda."
Paciência (agora falamos da qualidade, não do apelido) é coisa que
Gonçalo tem tido. Demorou 14 anos, mas chegou finalmente à equipa A do FC
Porto. Na segunda metade da época passada, jogou com regularidade na equipa B e
apontou cinco golos na II Liga. Em 2014/15 continua a representar a formação
orientada por Luís Castro (cinco golos em dez jogos). Lopetegui chamou-o pela
primeira vez para a Taça da Liga, a 13 de Janeiro, num jogo contra o União da
Madeira. O avançado não saiu do banco, mas a estreia chegaria oito dias depois,
novamente na mesma competição. Foi titular em Braga, suplente utilizado contra
o Marítimo para o campeonato e à terceira não perdoou: golo à Académica, depois
de ter substituído Jackson Martínez.
Bem, já que falamos no colombiano, Gonçalo tem tido a sorte de
aprender com os melhores. Se em casa tem um excelente professor, nos treinos
com a equipa principal basta-lhe olhar para o lado. Jackson é um dos melhores
do mundo na sua posição. Com o bis à Académica, na Taça da Liga, tornou-se o
melhor marcador de sempre do Dragão. O internacional colombiano contratado ao
Jaguares em 2012/13 tem 45, superando os 44 de Hulk na casa portista.
Há 15 anos, Ricardo Sousa fez o primeiro jogo pela equipa
principal do Porto, seguindo os passos do pai, António. Domingos e Gonçalo são
a segunda família a conseguir tal proeza. Contactado pelo i, o antigo goleador portista
não quis comentar o dia especial do filho: "É o momento dele, não
meu". Até onde vai Gonçalo?
in "ionline.pt"
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