Julen Lopetegui à procura de imitar feitos de Artur Jorge, Robson, Oliveira, Fernando Santos, Mourinho e Jesualdo.
Um empate fora da casa, na primeira mão de uma eliminatória europeia, é um bom resultado. Mais do que isso: é um resultado que, especialmente quando é conseguido com golos, vale o apuramento em quase 80 por cento dos casos, segundo os dados estatísticos da UEFA. É com esse conforto da História que o FC Porto vai abordar o jogo desta terça-feira com o Basileia (19.45 com transmissão na TVI), depois do 1-1 na Suíça.
E mesmo que o passado não decida jogos, esse conforto é confirmado pela própria história europeia dos dragões, que confirma com absoluto rigor esses tais 80 por cento de sucesso: nas dez eliminatórias em que começou por empatar em casa do adversário o FC Porto passou oito vezes, e só ficou pelo caminho em duas – curiosamente diante de colossos europeus.
A primeira vez que tal aconteceu foi nos quartos-de-final da época 1990/91 quando, depois de um empate (1-1) em Munique, o FC Porto se deixou surpreender em casa pelos alemães do Bayern (0-2). A segunda vez deu-se na última passagem dos dragões pelos quartos de final da Champions, quando um empate em Old Trafford, diante do Manchester United (2-2) foi, depois, desmontado à bomba por Cristiano Ronaldo no Dragão (0-1).
De resto, todas as outras eliminatórias europeias com idêntico ponto de partida (empate fora na primeira mão) se saldaram em sucesso, como pode ser confirmado nesta lista:
FC Porto na Europa: empates fora na 1ª mão
2008/09: Man. United, 2-2 e 0-1 (LC, eliminado)
2008/09: At. Madrid, 2-2 e 0-0 (LC, apurado)
2000/01: Wisla Cracóvia, 0-0, 3-0 (UEFA, apurado)
2000/01: Partizan, 1-1 e 1-0 (UEFA, apurado)
1992/93: Sion, 2-2 e 4-0 (LC, qualificação, apurado)
1990/91: Bayern, 1-1 e 0-2 (LC, eliminado)
1990/91: D. Bucareste, 0-0 e 4-0 (LC, apurado)
1977/78: Colónia, 2-2 e 1-0 (Taça das Taças, apurado)
1968/69: Cardiff, 2-2 e 2-1 (Taça das Taças, apurado)
1965/66: Stade Français, 0-0 e 1-0 (Taça das Feiras, apurado)
Lopetegui à porta de um clube de elite
Julen Lopetegui sublinhou o entusiasmo que, em sua opinião, o futebol português deverá sentir pela possibilidade de ter uma equipa entre as oito melhores da Europa.
O passado recente dá-lhe razão: se até final da década de 90 esse era um feito relativamente banal, que acontecia à média de um ano a cada dois, a verdade é que a viragem para o século XXI transformou a passagem aos quartos num feito digno de ser celebrado. Apenas quatro vezes isso aconteceu, com o FC Porto de Mourinho a ser a única equipa a superar essa barreira, em 2003/04. O Benfica chegou duas vezes ao patamar (em 2005/06, com Koeman e em 2011/12, com Jorge Jesus) e o FC Porto apenas mais uma (em 2008/09, com Jesualdo Ferreira).
Ao todo, as equipas portuguesas chegaram aos quartos de final em 25 ocasiões, assim distribuídas: 17 para o Benfica (em 34 presenças), sete para o FC Porto, (em 29) e apenas uma para o Sporting, em (18), na longínqua temporada de 1982/83.
Se eliminar o Basileia, Lopetegui junta-se a um grupo restrito de treinadores portistas: só Artur Jorge (duas vezes), Bobby Robson, António Oliveira, Fernando Santos, José Mourinho e Jesualdo Ferreira conseguiram pôr os dragões entre os oito melhores da Europa na principal prova de clubes.
Portugueses entre os oito melhores na Taça/Liga dos Campeões
Benfica (34 presenças)
2011/12 (eliminado)
2005/06 (eliminado)
1994/95 (eliminado)
1991/92 (eliminado) *
1989/90 (apurado)
1987/88 (apurado)
1983/84 (eliminado)
1977/78 (eliminado)
1975/76 (eliminado)
1971/72 (apurado)
1968/69 (eliminado)
1967/68 (apurado)
1965/66 (eliminado)
1964/65 (apurado)
1962/63 (apurado)
1961/62 (apurado)
1960/61 (apurado)
*Fase de grupos até à final
FC Porto (29 presenças)
2008/09 (eliminado)
2003/04 (apurado)
1999/00 (eliminado)
1996/97 (eliminado)
1993/94 (apurado) *
1990/91 (eliminado)
1986/87 (apurado)
* Fase de grupos até às meias
Sporting (18 presenças)
1982/83 (eliminado)
O que esperar do efeito Aboubakar?
A fechar, referência a um dado que domina todas as antevisões do jogo desta terça: a ausência forçada de Jackson Martinez no ataque dos dragões. A pergunta é incontornável: o que vale o ataque portista sem o colombiano?
O certo é que não tem havido muitas ocasiões para encontrar resposta: dos 38 jogos oficiais feitos pelo FC Porto nesta época, Jackson só não esteve em quatro – três para a Taça da Liga e um para a Liga dos Campeões, em casa com o Shakhtar, com o FC Porto a vencer dois e a empatar outros dois.
Como curiosidade, em duas ocasiões o seu substituto foi Aboubakar, mais do que provável opção no jogo com os suíços. O camaronês ocupou a frente de ataque na vitória por 1-0 sobre o Rio Ave, para a Taça da Liga, e marcou o único golo portista. O cenário voltou a acontecer no empate caseiro (1-1) com o Shakhtar Donetsk, para a última jornada da fase de grupos, já com o apuramento garantido: Aboubakar titular, e a marcar pelo FC Porto, por sinal um belo golo.
Nos outros dois jogos em que Jackson ficou de fora, Aboubakar estava ao serviço da sua seleção, no CAN, e o escolhido foi Adrián, que não marcou, nem na vitória por 3-1 sobre o U. Madeira, nem no empate 1-1 com o Sp. Braga para a Taça da Liga. Daí para cá, Jackson jogou sempre – até agora.
in "maisfutebol.iol.pt"
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