quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Deco despede-se da Europa: «Serei portista para sempre»


Há 13 anos aterrava no aeroporto de Lisboa aquele que, no Brasil, era conhecido como «Maradoninha». Ninguém sabia, mas estava ali um dos jogadores mais importantes da história do futebol português. Ninguém sabia, mas estava ali o motor do F.C. Porto campeão da Europa em 2004. Ninguém sabia, mas estava ali aquele que seria o maestro da selecção portuguesa nas gloriosas campanhas do Euro 2004 e do Mundial 2006.


O próprio Deco não sabia de tudo, também. Não sabia que se envolveria em polémica ao optar pela nacionalidade portuguesa, algo esbatido a cada toque de quinas ao peito. Não sabia que arrancava um percurso de anos e anos de braço dado com o sucesso. Não sabia, imagine-se, que não era no Benfica que ia jogar...

Deco acabou por entrar num carro rumo a Alverca e estava longe de imaginar que o início conturbado da aventura europeia seria, apenas, mais uma estória para contar, de um jogador que se habituou a reescrever a história.

«Sou sincero, depois daquele início não pensei que ia ser assim. Sempre acreditei, é obvio, mas acabou por ser melhor do que tudo o que eu esperava. Tinha sonhos como é lógico e felizmente a minha carreira na Europa teve mais altos do que baixos. No geral levo excelentes memórias da Europa, principalmente da minha relação com Portugal. Tudo o que vivi no F.C. Porto e na selecção é inesquecível, mas também os anos que passei no Barcelona e estes últimos tempos no Chelsea. Foram muitos anos e foram tempos fantásticos», começa por dizer Deco, em declarações ao Maisfutebol

Escassearam as oportunidades no reino da águia, impôs-se de dragão ao peito. Participou no histórico «penta», carregou a equipa para a inédita Taça UEFA e tocou o céu ao levantar a Liga dos Campeões. Tudo isto vai com Deco para o Brasil.

«Vou continuar portista para sempre. Foi um clube que eu aprendi a amar e onde aprendi muito. Deu-me tudo e o F.C. Porto fica comigo para sempre. Lembro-me da recepção que tive o ano passado quando fui lá jogar pelo Chelsea, com muita gente a cantar o meu nome. Foi dos momentos mais emocionantes da minha carreira», confessou.

«Comparar Villas-Boas a Mourinho? É muito novo...»

Com a conversa a chegar aos tempos actuais, Deco opta por vincar um tópico importante na sua relação com o Benfica. O luso-brasileiro confessa não ter qualquer espécie de celeuma com os encarnados. «É passado», refere.

Nunca tive nenhum problema com o Benfica. Eles fizeram a opção deles que não passava por mim naquele momento e eu decidi seguir em frente. Mas não ficaram ressentimentos», garante.

Agora sim, o presente. E o presente, no F.C. Porto, dá pelo nome de André Villas-Boas. Deco conhece o actual treinador dos dragões, do tempo em que era o observador de adversários de José Mourinho, quando ambos estavam no F.C. Porto. Mas, mesmo assim, evita falar do actual timoneiro dos dragões.

«Não queria muito comentar isso, até porque não conheço assim tão bem o André Villas-Boas. Quando o conheci já trabalhava com o Mourinho há algum tempo, mas acho que se apostaram nele é porque mostrou trabalho para isso. Acho que tem demonstrado que pode ter sucesso, porque não é qualquer um que treina o F.C. Porto. As comparações com Mourinho? Ainda é muito novo, para que se possa comparar», concluiu.

Se com o F.C. Porto, Barcelona e Chelsea encheu o curriculum de títulos, para Deco fica uma mágoa: a ausência de títulos de quinas ao peito. A naturalização de Deco foi um processo que fez correr muita tinta em 2003, quando o talento do médio explodia nos relvados portugueses. Aos poucos, os contestatários foram diminuindo, embora houvesse quem nunca ficasse convencido. Deco optou sempre por ignorar e trabalhar.


Tornou-se o substituto natural de Rui Costa, partilhando, ainda, com o, agora, director desportivo do Benfica, o balneário do Euro 2004. O tal que prometia ser o torneio de todas as alegrias e acabou por ser a maior decepção.

«No tempo que passei na Europa só me faltou ganhar alguma coisa com a selecção. Aquela final do Euro 2004 foi a pior derrota da minha carreira», confessou Deco, quando questionado sobre as mágoas que leva dos 13 anos passados na Europa.

Depois, ainda esteve em mais dois Mundiais e no Europeu da Áustria e da Suíça. Antes do torneio sul-africano anunciou que seria ali a sua meta na selecção. O desejo de regressar ao Brasil para terminar a carreira junto da família pesou na decisão e é altura de os responsáveis da selecção encontrarem uma solução definitiva para um problema que, a espaços, surgia. Durante muito tempo questionou-se quem substituiria Deco numa eventual ausência do luso-brasileiro. Pois bem, agora não há mais Deco. O substituto terá de ser definitivo e o médio do Fluminense não encontra problemas nisso.

«Um novo Deco? Não creio que isso vá ser um problema. Há sempre jogadores novos a aparecer e vai aparecer alguém para fazer esse lugar. Não interessa estar agora a avaliar quem. Vai aparecer alguém, é só esperar e ver quem vai despontar», assegurou.

in "maisfutebol.iol.pt"

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