E agora, o que vai Villas-Boas fazer ao central que custou quatro milhões? Senta-o no banco e volta a lançar Maicon?
Quando tudo está bem, tudo corre bem. Não havia nenhuma razão especial para André Villas-Boas mudar a equipa, sábado, no FC Porto-Olhanense, mas o treinador deixou Maicon no banco - apesar de ser o central mais elogiado dos últimos tempos no Dragão - e estreou Otamendi, o internacional argentino contratado após a saída de Bruno Alves. E o que aconteceu? Otamendi marcou o primeiro golo e abriu caminho à sexta vitória consecutiva no campeonato. Perfeito. Mas, e agora? Quinta-feira, na Liga Europa, contra o CSKA de Sofia, quem joga? Villas-Boas acalma o entusiasmo do reforço argentino ou corta as pernas a Maicon?
Otamendi tem tudo a seu favor: tem o valor do investimento (4 milhões de euros por 50% do passe) e sabe-se que esse é para um dia ser recuperado, ou seja, o reforço tem de jogar e ser valorizado; tem ainda o currículo de internacional argentino e sabe-se que estar naquela selecção não é para qualquer um, mesmo que Maradona tenha lançado jogadores às dezenas. Otamendi ficou-lhe debaixo de olho e até quando a Alemanha despachou a "celeste" para casa, por entre as lágrimas, "el diez" lá encontrou forma de dar uma palavra de elogio para o seu defesa, quase sempre utilizado em sacrifício, como lateral direito, posição que conhece mas não é a preferida. Por fim, Otamendi ainda parece ter o destino do seu lado, porque as novas aventuras terminam sempre bem. Quando Maradona o chamou pela primeira vez para a selecção, para um jogo em Santa Fé (3-1 ao Panamá), existiam apenas sete lugares de classe executiva no avião. E após sorteio, Otamendi logo ganhou a sua poltrona! Houve quem achasse que o estreante devia ceder a sua sorte para algum dos consagrados mas Maradona nem pensou nisso. "Vê o Otamendi, uma convocatória e já viaja em primeira classe", disse o seleccionador para Emiliano Papa, lateral esquerdo.
Sorte ou destino a vida corre-lhe bem, mesmo sem ser um jogador especialmente elegante ou técnico. A força física e mental compensam o resto. Otamendi raramente falha talvez porque em tempos se inscreveu nas aulas de boxe e andou um ano a afinar os golpes, ou, como ele dizia, os reflexos. Duro, concentrado, foi capaz de anular Falcao no primeiro clássico que disputou na Argentina, um Velez-River em que defrontou aquele que é hoje seu colega no FC Porto.
Otamendi haveria de se tornar campeão, ganhou as primeiras internacionalizações e o passaporte para o Mundial (jogado com apenas 22 anos) e só lhe faltou uma equipa capaz de avançar até à final porque, por ele, lá estaria pronto para dar o seu murro. Como aquele espetado no Olhanense, com apenas 23 minutos de jogo oficial no FC Porto, um golo nascido no destino ou na sorte, a abrir-lhe caminho para mais uma viagem em primeira classe, na sua aventura europeia. Se assim for, Maicon que espere.
in "ionline.pt"
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