Quinta-feira, às 18 horas, Emil Kostadinov vai esquecer as cinco épocas que passou no FC Porto (primeira parte da década de 1990) e confiar que o CSKA de Sófia, clube do qual é director-desportivo, consegue vencer um "adversário mais forte" e com o dobro da experiência europeia. "Sinto o coração dividido, mas sou profissional e, por isso, tenho de esquecer-me do FC Porto e pensar unicamente na vitória do CSKA. É a minha equipa do coração [a única que representou na Bulgária] e o clube onde trabalho. Isto apesar de gostar muito do FC Porto". O ex-avançado búlgaro, de 43 anos, parece querer desculpar-se perante os adeptos portistas. Uma espécie de traição rápida em 90 minutos.
Apesar da vitória de anteontem, Kostadinov diz que "o CSKA não atravessa um bom momento". As explicações são fáceis. "Saíram oito jogadores e entraram outros oito. A equipa está em fase de construção, com jogadores jovens e de futuro. Temos tido uma evolução grande ao longo dos últimos anos e temos esperança numa boa prova europeia. Temos muita qualidade e continuo a achar que somos a melhor equipa da Bulgária", explica Kostadinov. O FC Porto está bem detalhado nos gabinetes do CSKA, apesar da ausência de um espião búlgaro no jogo de anteontem com o Olhanense. "Penso que o FC Porto é o favorito. Mas também penso que vai sentir problemas em Sófia. Não fomos ver o último jogo do FC Porto, mas enviámos um representante para a partida que disputaram com o Rapid de Viena", contou .
A série longa de vitórias consecutivas do FC Porto não assusta Kostadinov. Aliás, consegue até ludibriar o tema com habilidade. "O FC Porto tem uma imagem boa na Bulgária. Sim, sabemos que não perdem há muito tempo; sim, sabemos que vencem há dez jogos consecutivos, ou seja, todos os jogos desta época. Mas o CSKA não tem nada a perder. A primeira derrota do FC Porto vai ser na Bulgária", atira, percebendo-se um sorriso malandro do outro lado da linha.
Quando Kostadinov cumpria as últimas das cinco épocas que passou no FC Porto, André Villas-Boas era um adolescente que se atrevia a discutir com Bobby Robson aspectos do jogo e análises estatísticas. O búlgaro não se lembra da altura em que Villas-Boas entrou nas Antas, mas lembra-se de o ter conhecido quando "trabalhava com José Mourinho" e fazia análises aos adversários. "Villas-Boas é meu amigo. Conheci-o há quatro ou cinco anos. Estivemos juntos algumas vezes e falámos de futebol", disse, sem querer desvendar mais das conversas que tiveram. "Quando chegou a treinador do FC Porto telefonei-lhe e desejei-lhe boa sorte". Menos durante os 90 minutos de quinta-feira, claro.
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