O FC Porto continua na senda das vitórias, forma mais palavrosa de dizer invicto. São 11 jogos, quatro dos quais na Liga Europa, prova em que venceu os dois encontros disputados fora de Portugal, ambos de uma forma convincente e sem sofrer golos. Os números são positivos e revelam uma equipa que pode mudar os protagonistas, mas mantém-se fiel ao guião, porque até mesmo quando passa por dificuldades, como sucedeu ontem e noutros jogos - poucos, diga-se - deixa a ideia de que tem força e jeito para resolvê-los a qualquer momento. Diante de um histórico do futebol búlgaro foi isso que aconteceu, valendo o outro herói, Falcao, para que o FC Porto reduzisse ao Besiktas, que ontem venceu, o número de adversários que lutam pela passagem à fase seguinte.
Sobre o jogo, a ideia e a prática é que o CSKA de Sófia foi sendo o adversário que o FC Porto deixou que fosse. E este princípio é válido também para a segunda parte, período em que a equipa búlgara dispôs, finalmente, do benefício da dúvida. Até aí ficara óbvio que não era do campeonato do FC Porto, abrindo brechas onde os portistas nem pressionavam e rasgando avenidas para a sua baliza nas fases e zonas onde a equipa portuguesa exercia mais o seu domínio. Melhorou depois do intervalo, beneficiando de um FC Porto menos activo.
O 1-0 ao intervalo era, ainda assim, como um iogurte magro num rodízio de oportunidades criadas. Fossem resultado de bolas corridas ou paradas, o ponto comum é que sempre que se aproximava da baliza do CSKA, a equipa portista somava situações de perigo. A magreza do resultado era, portanto, da única e exclusiva responsabilidade do FC Porto, que desperdiçara oportunidades para além do golo de Falcao. O que poderia ter sido um problema nos segundos 45 minutos, ainda que os portistas nunca tivessem deixado de criar oportunidades. Apenas trocaram a ditadura do domínio por uma certa democracia de oportunidades. Assim, o resultado aceita-se, até porque o FC Porto é muito melhor do que o CSKA da capital búlgara, ao ponto de ter começado a pensar no jogo de Guimarães, segunda-feira, ainda faltava meia-hora para o apito final. O que, acrescente-se, não deixa de ser um sinal de confiança em todos os jogadores, mesmo nos menos rotinados, como Guarín e Walter.
Se a incerteza do resultado quase desapareceu com o domínio portista na primeira parte, a outra dúvida desta viagem à Bulgária precisou de mais tempo para ser respondida. O que vale Souza como trinco e o FC Porto sem Fernando? Foi preciso esperar pela segunda parte, altura em que os búlgaros passaram a contar com a permissão portista para chegarem à baliza de Helton. A resposta à pergunta é que a ausência de Fernando resulta, essencialmente, em menos João Moutinho, que, obrigado a estar sempre atento à falta de rotina de Souza na posição de trinco, não se aventurou no apoio ao ataque. Aliás, apenas fez um remate, na primeira parte, numa altura em que o adversário estava encostado às cordas e tornou-se o João Moutinho dos outros 10 jogos a partir do momento em que a política de gestão de alguns titulares "atirou" Guarín para dentro do campo. Souza não é um trinco como Fernando, nem tão-pouco um trinco europeu. Ataca menos a bola, ainda que, por comparação com o dono do lugar, a trate melhor quando a tem nos seus pés. Na hora do aperto sobrou trabalho para os defesas, na fase de maior domínio portista Souza parecia ter nascido para aquele papel.
CSKA, 0-FC Porto, 1
Estádio Vasil Levski
Relvado Razoável
Espectadores 25000
Árbitro Alon Yefet (Israel)
Golos (0-1) Falcao 16'
CSKA SÓFIA
M´Bolhi; Vidanov, Aquaro, Dechev e Grillo; Trifonov, Yanchev e Marquinhos; Tiero (Trechari, 58m), Sheridan e Michel.
Suplentes: Chavdarov, Delev, Trecarichi, Iliev, Esposito, Galchev e Nelson.
Treinador Gjorgi Jovanovski
FC PORTO
Helton; Sapunaru, Maicon, Otamendi e Alvaro Pereira; Souza, Belluchi (Guarín, 75m) e João Moutinho; Hulk (Varela, 65m), Falcao (Walter, 72m) e Rodriguez.
Suplentes - Beto, Fucile, Rolando, Guarín, James, Varela e Walter.
Treinador André Villas-Boas
Cartão amarelo Sapunaru.
2 comentários:
Confesso que esperava um pedaço mais da exibição do FC Porto.
Depois de meia dúzia de minutos de arreganho búlgaro, a equipa tomou conta do jogo e pareceu indicar estar disposta a construir um resultado volumoso. O golo conseguido cedo e a fragilidade patenteada pelo adversário, sempre que os Dragões aceleravam o ritmo, mais disso me convenceram. Era evidente a diferença de andamento entre as duas equipas.
Contudo, o jogo, principalmente na segunda parte, tirando alguns fogachos com desperdício de boas oportunidades, descambou inexplicavelmente para a mediocridade, para os erros defensivos que só por falta de classe alheia não nos foram fatais, determinando uma exibição cinzenta onde apenas se salva o resultado.
Entendo que este grupo de trabalho tem a obrigação de juntar aos excelentes resultados, espectáculos de melhor qualidade.
Gostei da vitória, já da exibição...
Um abraço
Na minha opinião foi um Porto qb ... faltou o 2 golo para ser um resultado justo pelo menos do que vi (1ª parte).
TEmos que ter em atenção que gostariamos que o FC Porto jogasse sempre nos limites, no entanto a epoca ainda vai no principio e mantendo este descernimento podemos ir muito longe.
Um abraço
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