segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um não perde em casa o outro em lado nenhum

Frases feitas, lugares comuns, clichés. Aceita-se como natural e incontestável a ideia de que Guimarães é, ou costuma ser, uma deslocação difícil. Mas, os resultados do FC Porto nos últimos oito anos até sugerem o contrário: os portistas já não perdem em Guimarães para o campeonato desde 2001/02 e, nas últimas três épocas, garantiram outras tantas goleadas (0-5; 1-3; 1-4, numa apreciável média de quatro golos por jogo). Claro que contrariar o lugar comum não significa que ele se anula automaticamente. Há perigos à espreita na caminhada para a 12ª vitória consecutiva do FC Porto, quanto mais não seja porque este Guimarães de Manuel Machado - contra quem Villas-Boas empatou a três golos no Académica-Nacional da temporada passada - ainda não perdeu em casa. Aliás, a única derrota foi em Coimbra, na jornada passada.

No plano de gestão de Villas-Boas, Fernando volta à equipa e Fucile pode também recuperar a titularidade. Se assim for, sobram duas dúvidas. Uma no centro da defesa, já que Rolando não saiu do onze por ter errado, e outra no meio-campo, podendo surgir Rúben Micael no lugar de Belluschi. Manuel Machado volta a ter Targino oito meses depois.

Fernando de volta ao comando
 
O FC Porto volta à dinâmica habitual, com Fernando reintegrado na equipa depois da jornada europeia, em que as limitações físicas determinaram a substituição por Souza.

O meio-campo da equipa de André Villas-Boas recupera, assim, o seu pilar principal. Aliás, Fernando surge como um dos poucos imprescindíveis do colectivo, a julgar por um início de temporada em que só não pôde jogar em Sófia, tendo sido sempre titular nos outros encontros.

Com ele na equipa (conforme se pode ver pelos números na coluna da página ao lado), o colectivo recupera um equilíbrio defensivo que Souza, por falta de rotina na posição e por ser um jogador de caraterísticas diferentes, tem mais dificuldade em proporcionar, isto apesar de Villas-Boas ter ficado satisfeito com o seu rendimento em Sófia, conforme sublinhou publicamente."Fernando é um jogador que procura mais o passe curto, o transporte da bola e a saída com bola. O Souza oferece uma visão de jogo à distância que Fernando não é capaz de oferecer. Nesse sentido, são jogadores diferentes, que oferecem outro tipo de dinâmicas à equipa", explicou Villas-Boas.

O regresso de Fernando à titularidade, após ter ultrapassado a lesão, acentua uma importância que Jesualdo Ferreira já tinha como certa. Com Jesualdo no comando, Fernando fez 25 dos 30 jogos do último campeonato, e só não terá sido totalista porque uma lesão o obrigou a parar.

Com Villas-Boas, o meio-campo do FC Porto tem sofrido algumas alterações cirúrgicas, não só na forma de jogar, privilegiando a posse, mas também nos protagonistas. No triângulo do treinador portista, Fernando e João Moutinho aparecem como vértices mais sólidos, abrindo caminho a algumas experiências e à rotatividade: Souza, Rúben Micael, Belluschi, Castro a espaços e, ultimamente, Guarín já entraram no "carrossel" da gestão, cada um a seu tempo. A resposta positiva das alternativas, somada ao desgaste da semana europeia, pode precipitar mudanças.

O polvo em números

77 Recuperações

Os benefícios para o colectivo são facilmente contabilizáveis, ou não fosse Fernando, por exemplo, o médio com mais bolas recuperadas (77) na zona intermediária do FC Porto, em jogos do campeonato. Este valor entende-se em consequência das funções desempenhadas em campo pelo brasileiro e completa-se com a definição dada por André Villas-Boas na antevisão do jogo com o Guimarães (ver peça principal).

48 Perdas de bola

Como jogador do meio-campo que menos riscos assume em relação aos seus companheiros de sector, mais ofensivos, Fernando só perdeu 48 vezes a bola. Mas para que o termo de comparação seja claro, importa referir que João Moutinho perdeu 62 vezes a bola e que Belluschi já vai em 92. Fernando gosta dos passes curtos, pela certa.

6 Remates à baliza

Onde o brasileiro revela traços de mudança já constatados ao longo dos jogos desta temporada é no capítulo dos remates à baliza. Aqui, o Polvo já conseguiu estender os seus tentáculos mais longe, que é como quem diz, assumiu poder decisório, como sublinhou André Villas-Boas ao caracterizar o seu colectivo, ao ponto de já ter alvejado a baliza contrária em seis ocasiões. O golo que marcou foi na Liga Europa...

0 Cartões amarelos

Fernando não conta qualquer admoestação no seu cadastro esta época na Liga Zon Sagres, o que, tendo em conta que até pode correr o risco de se ver colocado em situações de aperto e de ter de as resolver recorrendo a faltas de recurso, é sempre mais um factor a seu favor. Para já, o cadastro limpo demonstra não só a sua boa colocação em campo, como a boa leitura de jogo que tem feito.

in "ojogo.pt"

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