quarta-feira, 3 de novembro de 2010

João pára, mas não precisava

No processo de gestão do meio-campo de André Villas-Boas, atendendo ao jogo com o Besiktas que, em caso de vitória deixará o FC Porto apurado, mas sobretudo, à importância do clássico, que pode cavar um fosso de dez pontos para o Benfica, pode ter chegado a vez de João Moutinho parar. Os indícios apontam nesse sentido, mas, de acordo com Carlos Pereira, antigo elemento da equipa técnica do Sporting, chefiada por Paulo Bento, "nem era preciso" e a prova são as duas séries de 95 jogos consecutivos em que o jogador participou, em cinco épocas, com a camisola dos leões. "O João é de uma capacidade de recuperação ímpar, que mesmo em sobrecarga nunca revelava muito cansaço, parece que não passava por ele, o que se torna difícil de gerir", comentou o técnico.

Esta época, Moutinho soma 1211 minutos nas pernas, fruto dos 15 jogos em que participou (falhou apenas o Limianos), e a poucos dias da recepção ao Benfica pode ver Rúben Micael, que descansou em Coimbra, tomar-lhe o lugar ao lado de Belluschi, que já fora poupado com o Leiria. "No FC Porto ele não precisa de se desgastar tanto, porque não carrega a equipa às costas. No Sporting tinha de desempenhar várias funções, tomar a iniciativa, fazer compensações, jogar na esquerda, ou na direita, ou atrás do ponta-de-lança", recorda Carlos Pereira, que até deixa no ar a ideia de que essa pode até nem ser uma necessidade de André Villas-Boas, atendendo às características: "Fazê-lo descansar no Sporting era urgente, mas começava a semana com uma disponibilidade física fantástica. Víamos o seu comportamento nos treinos, a entrega e acabava por jogar e render sempre da mesma forma". Daí que seja um elemento com o qual qualquer treinador pode sempre contar, mas como titular indiscutível no FC Porto de Villas-Boas em 15 dos 16 jogos da equipa, e com esta jornada europeia a meio da semana a poder revelar-se um aspecto-chave com reflexos no clássico, aproveitar para dar descanso a João Moutinho num encontro que permite margem de manobra para os azuis e brancos, pode ser um passo importante para surgir em melhores condições frente ao Benfica. "Por jogar numa equipa mais madura, num ambiente psicologicamente positivo e mesmo sem nunca deixar nada por fazer em campo, o João está sujeito a menos desgaste", volta à carga Carlos Pereira.

Outro aspecto a não menosprezar e que contribui para explicar esta longa duração de Moutinho e a sua regularidade em campo é a ausência de lesões: "Como não é um jogador com apetência para lesões, acaba por beneficiar a sua regularidade".

Defesa
Fucile e Otamendi de braço no ar

Partindo do princípio de que Helton se mantém intocável, e considerando a obrigatoriedade de Villas-Boas mexer no centro da defesa por conta do castigo de Maicon, o mais provável é que, nos planos do treinador, sobre a poupança do costume neste jogo com o Besiktas: deixar Sapunaru a marinar para o Benfica e avançar com Fucile para a titularidade. E Álvaro Pereira? Pergunta legítima, porque o uruguaio raramente pára. Só descansou mesmo no jogo com o Limianos, mas Emídio Rafael, que o substituiu, não está inscrito na Liga Europa, razão para desconfiar que Álvaro Pereira vai mesmo continuar a rodar sem interrupções.

Meio-campo
À volta do mágico Belluschi

A ausência de Fernando já era certa, porque o brasileiro cumpre castigo, e, sem essa peça, o puzzle torna-se mais difícil. Guarín, como já escreveu O JOGO, parece ser o substituto provável de Fernando, ainda que Souza também possa desempenhar essa função e até nem seja incompatível a sua conjugação com o colombiano. Para complicar um pouco mais, admita-se como forte a hipótese de poupar João Moutinho. Nesse contexto, Belluschi manter-se-ia no onze - ele que até descansou com o Leiria... - para garantir consistência, viabilizando a entrada de Rúben Micael. Guarín, Belluschi e Rúben parece, pelo menos, um meio-campo viável...

Ataque
Rodríguez e os dois do costume

Igualmente provável é a entrada de Cristián Rodríguez no onze, rotina que tem vindo a ser implementada por Villas-Boas nos jogos da Liga Europa, numa alternância do uruguaio com Varela. Este ficaria reservado para o Benfica, mas, apesar de Walter ter dado excelente resposta com o Limianos, deixando água na boca dos adeptos, o mais certo é que Villas-Boas não queria prescindir logo de início da dupla que deu cabo da defesa turca no primeiro jogo, poupando-os apenas, se for caso disso, ao longo do jogo. Deste modo, o ataque, tal como aconteceu em Istambul, ficaria entregue a um tridente de respeito: Rodríguez, Falcao e Hulk.

in "ojogo.pt"

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