Quantos adjectivos vale Hulk? Para a Marca, jornal espanhol que ontem o considerou destaque da semana, vale mais de meia dúzia: "endiabrado", "instintivo", "provocador", "sublime", "besta", "imparável", "incrível". Estão todos no mesmo texto, onde ainda houve espaço para mais alguns, com referências ao "intratável" FC Porto, ao "golaço" de Falcao e ao "magistral treinador de top" que é Villas-Boas.
A vénia aos portistas estendeu-se a outros jornais europeus, não só como eco da vitória gorda sobre o Benfica, mas também a título de espreitadela complementar a uma equipa que começa por surpreender nas estatísticas. Afinal de contas, sublinham espanhóis e italianos, este FC Porto continua sem derrotas. Ironia das ironias: à falta de Champions, e apesar da cavalgada imparável na Liga Europa, os portistas parecem ter encontrado, nas páginas de jornais por essa Europa fora, uma montra alternativa para garantir atenções. Só ontem, Hulk brilhava na Marca, como já se disse; Falcao também garantia umas linhas simpáticas à custa de uma acrobacia em forma de golo; João Moutinho estava no onze preferido da Gazzetta dello Sport, e André Villas-Boas estava em todo o lado: no banco, a comandar a equipa da semana da Marca, e num artigo de opinião capaz de lhe rebentar com o ego que aparecia generosamente espalhado nas páginas do italiano Corriere della Sera.
Aos 33 anos, dado que não é esquecido, o treinador surge como mentor inevitável da mudança, centrando atenções à imagem do molde que continua a servir para decalcar semelhanças: José Mourinho, obviamente. Por cá, essa comparação foi perdendo força, mas a Europa, que começa a descobrir Villas-Boas, ainda a usa. Mas já não abusa, porque, ainda que o Sport, de Barcelona, insista na ideia de "clone", ontem a Marca (que antes desta página 36 tinha umas dezenas dedicadas ao fenómeno Mourinho, incluindo um longuíssimo artigo de opinião que assinalava o impensável para o Real Madrid: o galáctico é o treinador, numa "mistermania" nunca antes vista por ali) lembrava que os números do FC Porto de Villas-Boas "são melhores" que os de Mourinho. O Corriere della Sera não resiste a chamar-lhe "Mourinho loiro", mas informa os leitores de que o portista detesta a comparação e sublinha haver indícios de que Villas-Boas tem tudo para "uma caminhada autónoma". Diz mais: "Portugal é um laboratório perfeito para um aprendiz." E mais ainda, na tal parte capaz de levar pelos ares, numa explosão épica, o ego de Villas-Boas. Considerem-se avisados para o que se segue: "Tacticamente, o trabalho do Mourinho loiro é mais sofisticado que o do original, não só pela preparação dos jogos (baseada num estudo obsessivo de cada um dos jogadores adversários), mas também pela disposição da equipa em campo, com um 4x3x3 sólido e muito virado para o jogo de ataque." A isso junta-lhe o "poder de comunicação". Chega, não?
"Tic-tac, o Incrível voltará"
Hulk, "o brasileiro Incrível que chegou do subsolo asiático", está estampado na página 36 da Marca. Os adjectivos que lhe são dispensados já foram assinalados no texto principal, aqui ao lado, mas há mais. O autor do artigo diz que Hulk passou por David Luiz, "o central do futuro", como se fosse "uma bala" e superou os defesas benfiquistas "como se fossem cones". Hulk fez do Benfica "um gigante com pés de barro" e, elogiando o futebol dos portistas, a Marca diz que "os adeptos contam as horas para o jogo seguinte. Tic-tac, o Incrível voltará." Deve ser já no domingo, com o Portimonense...
"Mourinho loiro"
A Marca sentou-o no banco da equipa da jornada, diz que é "magistral treinador de top", e o Corriere della Sera dedica-lhe um artigo (as citações estão no texto principal...) capaz de lhe rebentar com o ego. O "Mourinho loiro", como é apelidado, "prepara melhor os jogos" e aposta num futebol "mais atacante", dizem os italianos....
Moutinho na equipa da semana
Hulk está na equipa da Marca, que já o imagina a brilhar noutros campeonatos; João Moutinho faz parte do meio-campo escolhido pelos italianos da Gazzetta dello Sport; Falcao também garantiu uns elogios em Espanha por conta do "taconazo", ou golo de calcanhar, que marcou a Roberto
in "ojogo.pt"
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