sábado, 20 de novembro de 2010

Um plano de emergência à esquerda


Voltar à esquerda. Não há outro remédio para André Villas-Boas, obrigado a refazer a ala mais produtiva da equipa depois de ter confirmado que o azar anda mesmo acompanhado - à lesão de Varela juntou-se a de Álvaro Pereira e, à custa da coincidência de ambos jogarem normalmente do mesmo lado, o treinador ganhou um quebra-cabeças: e agora, entrega o flanco esquerdo a quem?

Este não é um problema que o atrapalhe a curto prazo, porque amanhã, no jogo da Taça, e mesmo que estivessem bem, era improvável que algum dos dois fosse opção. A dúvida arrasta-se e ganha corpo para Alvalade, já que os prazos de recuperação da rotura muscular de Varela continuam nebulosos e os de Álvaro Pereira clarificaram-se apenas pela voz da Federação uruguaia: a paragem, disseram, dificilmente seria inferior a um mês. Mas talvez seja.

O lateral caiu mal na disputa de um lance durante o particular entre Uruguai e Chile, tendo-lhe sido diagnosticada uma fissura no ombro esquerdo. "Felizmente, não houve fractura, senão teria sido bem pior. É uma lesão menor, mas ainda estará um bom tempo inactivo", disse Alberto Pan, médico uruguaio. Ontem, o FC Porto não acrescentou muito mais a esse diagnóstico da lesão, classificando-a genericamente, no boletim clínico oficial, como "contusão".

O jogador, que já está no Porto, onde chegou com o ombro protegido, limitou-se a fazer tratamento e foi sujeito a uma primeira reavaliação. Ainda é cedo para estimativas seguras, mas, apurou O JOGO, os responsáveis portistas acreditam ser possível encurtar o tal prazo avançado pelos uruguaios, contrariando os cenários mais catastrofistas. Pode ser que hoje, na conferência de Imprensa que antecede a deslocação a Moreira de Cónegos, o treinador clarifique mais um pouco a questão.

Não é a primeira vez que o FC Porto vê os planos atrapalhados por lesões resultantes de azares nas selecções, com a curiosidade acrescida de já ter ocorrido antes com os uruguaios em particular, sobretudo com Rodríguez (afastado da equipa durante meses depois de problemas num joelho) e agora Álvaro Pereira. Curiosamente, ainda ontem, a Federação inglesa anunciava a intenção de indemnizar o Liverpool em mais de 500 mil euros pela lesão de Gerrard no particular com a França, a qual deverá afastar o médio dos relvados durante um mês.

À margem desta questão do relacionamento, nem sempre pacífico, entre clubes e selecções, sobra o lado prático para Villas-Boas dar resposta. Em Moreira de Cónegos, o lado esquerdo da defesa deverá ser entregue a Emídio Rafael, jogador que até foi contratado à Académica por indicação do treinador. Mas, em Alvalade o dono do lugar pode muito bem ser outro: Fucile. O uruguaio foi durante as primeiras épocas, com Jesualdo Ferreira, lateral-esquerdo e, por causa do azar do compatriota, pode regressar a esse papel.

Mais difícil é antecipar como Villas-Boas pretende colmatar a ausência de Varela. Rodríguez, James (os dois sujeitos a viagens longas, diga-se) e Ukra são os candidatos óbvios ao lugar, não só em Moreira de Cónegos mas também em Alvalade, onde a presença de Varela, tal como O JOGO já escreveu, parece improvável.

in "ojogo.pt"

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