À margem do resultado, houve um espectáculo táctico a sobressair no clássico. Paulo Sérgio amarrou bem a estrutura do costume (ou quase, porque faltou Álvaro Pereira...) na primeira parte, mas Villas-Boas encontrou resposta para contornar essas amarras e o FC Porto, além de marcar, deu, depois do intervalo, sinais de superioridade até à expulsão de Maicon. Com isso, Villas-Boas voltou a ser confrontado com a necessidade de reformatar o esquema
Laterais e médios não desequilibravam
1º Bem amarrados até ao intervalo
Um FC Porto com uma estrutura não muito diferente da habitual, apenas a novidade Emídio Rafael, encravou mais do que o costume na primeira parte. A pergunta é: porquê? A ausência de Álvaro Pereira é um bom ponto de partida, ou não fosse ele uma placa giratória de desequilíbrios com influência em todos os sectores. Emídio Rafael não igualou o nível de acutilância, o que é natural, e isso acabou por facilitar a tarefa do Sporting. Sem a muleta de apoio dos laterais (porque Emídio queria ser cauteloso e Sapunaru não abdicava de cuidados), André Santos e Maniche concentravam-se sem desvios num bloqueio eficaz a Moutinho e Belluschi, amarrando-os, sobrando ainda Pedro Emendes. Fernando, atrapalhado pelos avançados do Sporting e por ele próprio, como se percebeu nas desconcentrações de rigor no passe, não ajudava a desatar os nós. Consequência: Varela, Hulk e Falcao perdiam a alimentação do meio, e também não tinham laterais para tabelar. Houve uma excepção a abrir, quando Belluschi isolou Falcao e este falhou. Resultado: era preciso corrigir...
Recua Moutinho, avança Sapunaru
2 º Baralhar as peças para dar cartas
O FC Porto perdia ao intervalo e, pior do que isso, terminou a primeira parte com sinais de impotência para dar a volta ao resultado. Villas-Boas não fez substituições, mas foi capaz de mexer na equipa de forma eficaz. Começou por devolver a importância de Moutinho ao jogo do FC Porto, recuando-o no terreno; o médio colocou-se ao lado de Fernando e, com isso, ganhou metros para começar a pensar o jogo da equipa - aliás, foi ele que transportou e ofereceu a bola a Hulk no golo de Falcao. Mas há mais. Na ausência de profundidade pelas alas durante toda a primeira parte - Álvaro Pereira não jogou... -, Villas-Boas percebeu que Postiga não tinha capacidade para acompanhar as subidas de Sapunaru e "obrigou" o romeno a subir no terreno. Com isto, Hulk, que também passou a ter mais bola devido às mexidas no meio-campo - Belluschi assumiu a posição de 10 -, deixou de jogar em inferioridade numérica, uma vez que Sapunaru acrescentou presença ao ataque e anulou a zona de bloqueio lateral, de forma a oferecer mais espaço ao internacional brasileiro, como ficou demonstrado no golo.
Expulsão de Maicon condiciona
3 º O plano de emergência com dez
Golo do FC Porto, empate no jogo e nova mexida. Villas-Boas subtraiu o desinspirado Varela - acusou a ausência de Álvaro Pereira - e apostou em Guarín para dar músculo ao meio-campo. Não se chegou a perceber bem o impacto desta mexida, porque a expulsão de Maicon foi dois minutos depois. O treinador respondeu de imediato com a opção natural: retirou Falcao do jogo, acrescentou Otamendi ao centro da defesa e deixou Hulk sozinho, repetindo a fórmula usada na Turquia, com o Besiktas: 4x4x1, com Moutinho sobre a direita do meio-campo e Belluschi na esquerda. Perante a incapacidade demonstrada pelo Sporting para desequilíbrar, Paulo Sérgio foi mexendo na equipa, até juntar, aos 84', Saleiro a Liedson no centro do ataque, com Vukcevic na direita, Djaló na esquerda e Postiga um pouco mais recuado. Villas-Boas mandou mexer rapidamente: retirou Moutinho, acrescentou Fucile ao lado direito e desviou Sapunaru para o centro da defesa, sempre que as incidências do jogo a isso obrigavam.
in "ojogo.pt"
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