É uma série de "ses" mas o resultado final é histórico. Se o FC Porto se sagrar campeão em Olhão, no final de Fevereiro, Villas-Boas (então com 33 anos e 129 dias) bate o recorde de Juca, estabelecido em 1962 no Sporting
Butler (número 1), Nicholls (3), Browne (5), Roach (7), Lennon (9), Smile (13), Simmons (15), Wendol Williams (17), Azille (18), Prince Williams (19) e Savage (21). Este foi o primeiro onze oficial da carreira de André Villas-Boas, ao serviço da selecção das Ilhas Virgens Britânicas, frente à das Bermudas, para a qualificação da zona do Caribe para o Mundial-2002. Estávamos a 5 de Março de 2000 e o i deixou passar em claro essa efeméride em 2010. E dez anos é um número redondo. Bronca. Escândalo. Mas pronto, está esquecido, o passado já lá vai, o i agora muda a agulha e passa, neste caso específico, a fazer exercícios futuristas. E se Villas-Boas fosse o treinador campeão português mais jovem de sempre?
O recorde está de pé desde Maio de 1962. E só podia ser do Sporting, tão especialista neste capítulo: ele é o recorde do Campeonato de Portugal (18-0 ao Torres Novas, em Março de 1928), ele é o recorde da I Liga (13-0 ao Carcavelinhos, em Abril de 1938), ele é o recorde do campeonato nacional (14-0 ao Leça, em Fevereiro de 1942), ele é o recorde das competições europeias (16-1 ao Apoel Nicósia, em Novembro de 1963), ele é o recorde da Taça de Portugal (21-0 ao Mindelense, em Maio de 1971). Enfim... E agora, ele é o recorde do treinador mais jovem a sagrar-se campeão nacional, instituído há 48 anos. O homem em causa chamava-se Juca (morreu em 2007) e contava com 33 anos, quatro meses e 13 dias naquela tarde de 27 de Maio de 1962, depois dos 3-1 sobre o Benfica, em Alvalade, para a última jornada do campeonato 1961-62.
O desafio está lançado ao FC Porto. Para que Villas-Boas (nascido a 17 de Outubro de 1977 e agora com 33 anos, um mês e nove dias) supere o recorde de Juca, tem de se sagrar campeão em Olhão, na 21.a jornada, no fim-de-semana de 26/27 de Fevereiro. Mas então isso significa ser campeão a nove jornadas do fim!! Isso significa 27 pontos de avanço sobre o segundo classificado!! Certo, certo.
É difícil? Sim. Complicado? Claro. Impossível? Não. E basta o exemplo do grande Benfica de Jimmy Hagan em 1972-73 para demonstrar isso mesmo. Com um inspirado Eusébio (40 golos e a desejada segunda Bota de Ouro como melhor marcador europeu), o Benfica liderou da primeira à última jornada para arrebatar o mais fácil título da história, com cinco pormenores inéditos: sem uma única derrota; 23 vitórias seguidas; 18 pontos de avanço (vitória a dois pontos, atenção) sobre o segundo classificado, o surpreendente Belenenses; mais de 100 golos marcados; e sempre a festejar a sete jornadas do fim (vitória a dois pontos, reforce-se). Se esse campeonato já fosse a três pontos por vitória, o Benfica terminaria com 32 pontos de avanço sobre o Belenenses.
Por este caminho, e vale lembrar que o FC Porto está invicto na presente época (18 vitórias e dois empates), só imitado na Europa por Real Madrid (15-4) e Manchester United (14-8), os portistas são bem capazes de dar conta do recado. Não só pelo rolo compressor no ataque, devidamente amparado pela segurança da defesa, como pela fragilidade até agora evidenciada pelos outros, que só se podem autodenominar rivais pela grandeza do seu passado. Assim, tudo é possível. Até ser campeão a nove jornadas do fim. E que melhor demonstração de poderio dos azuis-e-brancos do que na casa do Sporting, onde mora o recorde de Juca? Desde que não seja 1-5 como na tal estreia de Villas-Boas nas Ilhas Virgens Britânicas... Ai ainda não sabia? Pois foi. As Bermudas golearam (a segunda mão foi bem pior para Villas-Boas: 9-0) mas isso já pertence ao passado. O futuro é amanhã. Em Alvalade.
in "ionline.pt"
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