sábado, 13 de novembro de 2010

Villas-Boas: "Tentam passar uma mensagem de demérito"

TA goleada do FC Porto ao Benfica dominou a conferência de Imprensa de antevisão ao jogo com o Portimonense. Estranho? Nem por isso. André Villas-Boas atacou a mensagem que se quis fazer passar de que uma equipa só venceu por demérito da outra cujo erro de "casting" na abordagem ao jogo foi a causa do descalabro - que isso não aconteceu àquele super-Benfica campeão, mas a esta equipa do Benfica. Esta imagem acabou por ser usada por Villas-Boas para sustentar a ideia de que o FC Porto se deve manter alerta, porque não há campeões à 11ª jornada.

Como se gere esta onda de euforia depois da goleada ao Benfica?

A onda não chega a ser criada, e ainda bem para nós, pelo simples facto de o FC Porto apenas ter goleado por grande demérito do adversário. Ganhou 5-0 ao Benfica, mas foi a um Benfica diferente. O que o FC Porto conseguiu foi contra aquele Benfica em particular e não contra aquele Benfica de sempre, o campeão nacional. É uma tentativa para fazer passar uma mensagem de demérito por aquilo que o FC Porto fez. Um 5-0 não é normal, ao Benfica também não é normal. O 6-2 do Barcelona ao Real Madrid de há uns anos fica-me registado na memória para sempre, pelo espectáculo que foi, pelo que envolveu, por um Barcelona que jogava como ninguém, e acho que a nossa vitória deveria ter tido o mesmo tipo de destaque. É uma insanidade de disparates que não fazem sentido. O FC Porto ganhou, porque teve um colectivo extremamente forte, ganhámos ao super-Benfica da pré-época, ao campeão nacional, ao superpoderoso Benfica da Supertaça, a uma equipa que é forte e que na semana anterior tinha estado a ganhar 4-0 ao Lyon. Convém não menosprezar a dimensão do que foi alcançado. Por isso temos de continuar alerta. Faltam-nos quatro jogos do campeonato até ao fim do ano [dois em casa e dois fora], e gostava de conseguir manter esta distância.

O que espera do jogo com o Portimonense?

Continuar a ganhar. Houve um ligeiro balão de confiança no Portimonense pela forma meritória como chegou ao empate com a Académica, mas acho que o terem sido eliminados da Taça da Liga é grave para os jogadores e para o ambiente. No entanto, é uma oportunidade para ganhar a este "super-Porto" que não é super coisa nenhuma e só quer continuar a ganhar.

"Não parece genuíno deitarem Jesus abaixo"


Questionar a liderança de Jesus à frente do Benfica e remeter os encarnados à luta pelo segundo lugar, dado o fosso de dez pontos que os separa do FC Porto, deixa Villas-Boas desconfiado.

Como é que analisa a contestação a Jorge Jesus?

Registo com curiosidade e com suspeição o comunicado emitido pela mesma pessoa, o olhar para o segundo lugar. É uma tentativa para enganar, mas que não engana ninguém. Uma declaração dessas num clube com a dimensão do Benfica é errada e é menosprezar quem trabalha na obtenção de vários objectivos. À 11ª jornada, tentar enganar ou baixar os braços é tentar atirar areia aos olhos das pessoas, mas as pessoas do futebol não andam a dormir.

Surpreende-o a memória curta relativamente ao treinador campeão nacional?

Acho uma injustiça. Vem no sentido das exigências de um clube com a grandeza do Benfica. Partilhei esta opinião com ele, em Coimbra, disse que era um homem que conseguia representar o que era a mística e a força benfiquista, a interpretava como ninguém; jogavam um futebol de sonho, de qualidade e de ataque, e tentar deitá-lo abaixo por vias travessas não me parece genuíno. Acho que o Jesus não merece este tipo de críticas.

"Objectivo final está por atingir"


Com dez pontos de vantagem, o lado psicológico dos azuis e brancos tem merecido mais cuidado para evitar a outra face de uma liderança destacada à 10ª jornada. Primeiro passo: recordar que o título ainda está por ganhar.

Depois da superação contra o Benfica, não receia menos motivação contra o Portimonense?

Não, mas é isso que temos de evitar, é contra isso que temos de lutar, é a mensagem que queremos passar. A transcendência e a superação têm de acontecer em qualquer jogo, porque o objectivo final é o que está por atingir; não podemos menosprezar o Portimonense.

Não acha que seria uma anormalidade deixar fugir este campeonato depois de terem tido dez pontos de vantagem?

É óbvio que é uma vantagem confortável, mas acho que o lado caótico do futebol é que permite determinado tipo de cenários. Estamos a discutir este cenário, mas ele nunca foi posto. Quem é que nos diria que, à 10ª jornada, o campeão nacional estaria atrasado dez pontos e o Sporting treze? O nosso lado negro pode acontecer. Não conseguir vencer durante quatro jogos, por exemplo, permitiria um encurtar da distância que ia alimentava a esperança nos outros. Tenho de lutar contra isso, daí termos de continuar a ganhar.

Faltou bom senso no Académica-FC Porto


Na terça-feira, Vítor Pereira concentrou as atenções com a análise às arbitragens da 5ª à 10ª jornada. De início, André Villas-Boas congratulou-se com o facto de o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga ter finalmente dado as suas explicações, com as quais, de uma maneira global, até concordou. O técnico do FC Porto só não aceitou que tivessem insistido que Académica e FC Porto jogassem em Coimbra em condições de risco. "A grande vitória foi ver esse balanço acontecer, porque houve alturas em que se pensava que isso não ia acontecer. As análises foram feitas, se calhar não com tanta preponderância como tiveram as análises feitas a um determinado jogo, à quinta jornada, se calhar não com o mesmo nível de incisividade. Foi feita uma análise mais global relativamente a jornadas que estavam mais frescas na memória de todos, mas foi feita, e já é uma vitória. Em relação aos lances que envolvem o FC Porto, o que se disse foi correcto. A única coisa em que eu me permito discordar foi considerar o Académica-FC Porto jogável; considerar aquele jogo jogável só porque se vêem as linhas e só porque a bola não flutuava é ser redutor e ter pouco bom senso", justificou o treinador líder do campeonato.

Grito de revolta até à última jornada


As frustrações provocadas no FC Porto pelos incidentes do túnel da Luz continuam a ser um cavalo de batalha de Villas-Boas que pretende responder à letra com a conquista do título. "No ano passado houve uma equipa que ficou fora do campeonato devido a factores conhecidos, portanto o grito de revolta e o sentimento de querer obter mais estão sempre presentes. As frustrações que o clube viveu são suficientes para alimentar o nosso grito até à última jornada e, na última jornada, o objectivo é ser campeão", apontou




Técnico diz que terá de o provar


Não são poucas as vozes nacionais e estrangeiras que lamentam não ver esta equipa do FC Porto jogar na Liga dos Campeões. Mas Villas-Boas aproveitou para pôr as coisas no devido lugar: "O FC Porto que alguns dizem merecer a Champions terá de se fazer valer contra as equipas que têm esse prémio - fracassam [as equipas que vêm da Liga Europa], mas têm o prémio de poder jogar numa outra competição, o que é uma anormalidade. Se o FC Porto é digno dessa competição, terá de prevalecer sobre essas equipas tanto em termos de organização de jogo como em termos de resultados."

in "ojogo.pt"

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