Depois de ter levantado o véu sobre a renovação de contrato de André Villas-Boas na extensa entrevista que concedeu a O JOGO no Natal - "Vai ficar mais de dois anos", foi a manchete -, Pinto da Costa passou das palavras aos actos. Ontem, às 19h00, com o Auditório José Maria Pedroto cheio, o presidente do FC Porto e o mais jovem treinador da Liga precisaram apenas de uma mão-cheia de minutos para colocar seis assinaturas (três de cada) num contrato que prevê uma ligação entre as partes até ao dia 30 de Junho de 2013.
Válido por duas temporadas, o primeiro contrato com o FC Porto foi assinado por André Villas-Boas no dia 2 de Junho. Sete meses depois, com a liderança na Liga e um currículo impressionante de resultados, com 26 vitórias e três empates, Pinto da Costa entendeu ser este o momento para estender a ligação por mais uma época. Os adjuntos Vítor Pereira, Pedro Emanuel e José Mário Rocha, que também tinham assinado por duas épocas em Junho, prolongaram igualmente o contrato por mais 12 meses. O caso do holandês Wil Coort é ligeiramente diferente. Terminava contrato no final desta época, mas agora assinou até 2013. Toda a equipa técnica, bem como a estrutura do departamento de futebol, esteve presente no acto, que terminou em gargalhada. Pinto da Costa pegou na última frase do treinador e deu mais uma bicada: "O nosso compromisso com a vitória tem de ser cada vez maior, agora que a outra Vitória [águia do Benfica] se foi."
"Ganhamos quando estamos unidos" André Villas-Boas, treinador do FC Porto
"É um privilégio meu e da minha equipa técnica renovar o contrato num dia tão especial para o presidente do FC Porto. Estamos a meio de um percurso que é longo e queremos triunfar a todos os níveis. Liderar um grupo de jogadores com esta qualidade, bem como todas as pessoas que compõem a estrutura, é um grande privilégio e uma honra. Espero aproveitá-la para conseguirmos títulos para o clube. Ganhamos quando estamos unidos e acredito no nosso compromisso com a vitória seguindo passo a passo.
"Voto de confiança é renovar o contrato" Pinto da Costa, presidente do FC Porto
"Quando no começo da época apresentámos André Villas-Boas, não foi um acto de coragem, de arrojo ou de atrevimento. Conheço-o desde os 15 anos e já não é uma esperança; é uma certeza. Sabia que ele ia ter sucesso. Muitos previram que não ia acabar a época e, se calhar isso, pode acontecer na casa deles. Vejo acontecer noutros clubes o que não acontece no nosso, ou seja, derrotas. Vejo votos de confiança a quem tem contrato e não percebo; esses votos só têm significado quando não existe confiança ou precisam de enganar o povo. Só existe uma maneira de dar um voto de confiança, que é renovar o contrato. Isso é uma prova cabal de confiança. Espero que esta seja apenas uma de muitas renovações.
"Gazzetta" compara-o a Mourinho e Guardiola
André Villas-Boas continua a dar que falar na Europa. Desta vez, o excelente arranque do FC Porto e o recorde de invencibilidade, bem como as inevitáveis comparações com José Mourinho e até as mais inesperadas com Pep Guardiola, preenchem uma página do diário desportivo italiano "La Gazzetta dello Sport" sob o título "O herdeiro de Mou que se assemelha a Guardiola". O artigo faz um resumo biográfico do percurso do treinador do FC Porto, desde a infância enquanto adepto do FC Porto, passando pelos primeiros contactos com o futebol ao mais alto nível com Robson e pela relação profissional com José Mourinho, até à primeira experiência como treinador principal da Académica, para terminar com o sublinhado dos números alcançados ao serviço do FC Porto: 26 jogos, 23 vitórias, três empates e zero derrotas. O artigo cita o técnico desvalorizando as comparações entre o FC Porto e o Barcelona. "Tenho plena consciência das minhas capacidades, sinto-me forte e o meu futuro sou eu que o construo. O Barça? Nós não imitamos ninguém", terá dito.
Discurso directo
"É uma excelente decisão, porque se trata de segurar um valor do FC Porto. Fez por merecer esta renovação e, ao mesmo tempo, esta será a forma de afastar eventuais clubes interessados. O presidente já tinha dado a entender a O JOGO que esta seria uma forte possibilidade. Para mim, não foi prematuro."
Rui Moreira, sócio do ano
"Foi a formalização da confiança no trabalho de um treinador que deu uma prova de inegável superação. É também a criação de um novo paradigma no FC Porto, o de os treinadores conquistarem três campeonatos consecutivos. Este é o verdadeiro voto de confiança, porque não acontece num mau momento."
Miguel Guedes, músico
"Acho muito bem. Aliás, se a grande crítica que lhe faziam era a de que era demasiado jovem, com três anos de contrato temos a certeza de que esse defeito não lhe vão apontar. Disse que o André era uma aposta de risco, mas também que o presidente Pinto da Costa acerta mais vezes do que erra. Aqui está a prova!"
Manuel Serrão, empresário
in "ojogo.pt"
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