Guarda-redes do F. C. Porto acaba de lançar um disco de música gospel, com o grupo Ministério Shalom, e amanhã à noite actua na Casa da Música
Amanhã, segunda-feira, Helton vai actuar num dos palcos mais nobres da cidade do Porto. Entrará em cena acompanhado por dez amigos. No entanto, o guarda-redes do F. C. Porto não estará de luvas calçadas, nem irá pisar o relvado do Estádio do Dragão. Vai estar na Casa da Música, terá um par de baquetas nas mãos para tocar bateria e irá viver, com toda a certeza, uma das noites mais emocionantes da sua vida.
A paixão do internacional brasileiro pela música não é novidade - "A bola e a música andaram sempre juntas", nunca se cansa de dizer. Vem dos tempos de criança. Desde que, aos 11 anos, se apaixonou pelo som do pandeiro. O futebol acabou por se mostrar mais afinado e ganhar vantagem no marcador da vida, com o sucesso que se conhece, mas a música nunca ficou fora-de-jogo. No entanto, há um ano e pouco, a criação do grupo Ministério Shalom, de música gospel, foi o pontapé de saída, o apito inicial, de um projecto que não tem parado de crescer. Projecto talvez nem seja a melhor designação para aquilo que é uma forma muito própria de um grupo de amigos, portugueses e brasileiros, celebrar a paixão pela música.
A gravação de um disco acabou por ser o desafio natural, o jogo seguinte. E ele aí está, depois de quatro meses de intenso trabalho. "O CD é um sonho realizado, é um agradecimento que faço a Deus. São novas versões de 14 temas já conhecidos. Os originais que já compusemos ficam para uma próxima fase", revela, entre sorrisos, Helton, radiante por se tratar de uma obra totalmente produzida no H1 Produções e Eventos, estúdio que montou há dois anos, em Vila Nova de Gaia. "Tenho de agradecer aos meus dois sócios [Carlos Paranhos e Tato Barcellos]. Sem o apoio deles, nada disto seria possível", sublinha.
Até agora, só actuaram em celebrações religiosas - Helton é um activo praticante da Igreja Pentecostal Shalom, em Canidelo, Vila Nova de Gaia - e em festas de amigos. Até agora. Amanhã, vão conhecer uma experiência especial. Às 20 horas, a Sala Suggia, o principal espaço, o coração da Casa da Música, no Porto, vai receber o primeiro verdadeiro concerto do Ministério Shalom. E que concerto! Tudo foi pensado ao pormenor, até porque será gravado para posterior edição em DVD. Terá responsabilidade áudio de Ézio Filho, que habitualmente trabalha com Zélia Duncan, e produção de Fabíola, ligada a Maria Bethania. "O espectáculo tem por base o disco, mas também haverá surpresas", promete o internacional brasileiro.
Na plateia, 700 convidados (não há venda de bilhetes), entre os quais os elementos que compõem o plantel do F. C. Porto. Também eles desejosos por ver a exibição do guarda-redes num palco bem diferente do que lhes é familiar. Sim, porque Helton até costuma levar um violão ou um cavaquinho para os estágios dos dragões, mas não é para assinar actuações musicais nas horas mortas antes dos jogos. "Só toco no quarto, mas é mais para estudar, para preparar alguns acordes". E nem Maicon, companheiro de quarto de Helton na presente época, é um espectador privilegiado desses momentos. "Gosto de o fazer quando estou sozinho, para estar concentrado". Entre os jogadores azuis e brancos, "há vários que gostam de música, como o Hulk, o Walter, o Fucile, o Cristian Rodriquez e o Palito [Álvaro Pereira]". No entanto, no plantel, é com José Mário Rocha, adjunto de André Villas-Boas, que o guardião mais fala sobre música: "Ele também sabe tocar...".
Suportar financeiramente a edição do disco, que não será colocado à venda, e o espectáculo na Casa da Música "não é barato". Mas o guarda-redes desvaloriza essa componente. "Quero transmitir, através da música, uma mensagem de paz, de amor e de coragem para os nossos dias. Faço-o pelo prazer de passar a mensagem. E, ainda por cima, nesta época do ano...".
Amanhã, o dia de Helton não vai ser especial. Vai ser único. Durante hora e meia - tinham de ser 90 minutos... -, o guarda-redes, na bateria, vai marcar o ritmo do concerto. Um concerto que terá, com toda a certeza, encore, uma espécie de prolongamento e penáltis. E quem melhor do que Helton para fazer a festa até nos penáltis...
in "jn.pt"
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