quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Liga. Um balanço faz-se para dois lados: um azul, outro branco

O campeonato chega à paragem natalícia com FC Porto a liderar entre duas desilusões lisboetas. Mas existem outras partes cómicas que marcaram (muito) as 14 jornadas iniciais


Jogos que demoram dois dias a acabar, grandes penalidades que nunca existiram mas são marcadas, galinhas pretas que passeiam pelo relvado, águias que deixam de voar por cima do campo, bolas de golfe, maçãs e até golos onde só mesmo um auxiliar consegue perceber que a borracha passou a marca da baliza (ah, mas existe uma explicação - as luvas do guarda-redes Nilson também eram brancas). O campeonato chega à paragem do Natal em tons de azul e branco mas continua a ser uma comédia à moda antiga. Que se pode contar em quatro capítulos.

ACTO I O FC Porto começa a todo o gás: limpa a Supertaça ao Benfica, varre seis jogos seguidos no arranque e cava logo um fosso para os rivais: os encarnados, que defendem o título de campeões, têm três desaires nas primeiras quatro partidas e abrem uma crise de resultados e exibições (também reféns de Di María e Ramires); o Sp. Braga, entre Champions e calendário nacional, perde terreno nos jogos fora; e o Sporting, qual montanha--russa, flutua entre o oito e o 80. Os dragões empataram em Guimarães, revelação que tem perdido gás, mas nem isso serve para animar a luta pelo primeiro lugar. A Naval troca de técnico.

ACTO II O Benfica tenta acertar o passo mas troca-se todo no Dragão e sai goleado por 5-0. A polémica em torno das arbitragens, do boicote aos jogos fora ou até da ameaça de não comparecer no clássico já tinham abrandado mas, na hora da verdade, o onze de André Villas-Boas provou que é o principal (e quase único) protagonista da Liga. E o V. Guimarães, que vira de 0-2 para 3-2 em Alvalade com Targino a vestir o papel de herói, segue na perseguição (a dez pontos...) aos portistas. O Olhanense, que tinha começado em grande e com uma defesa de betão, começa a ceder; o Marítimo, grande desilusão no arranque, começa a recuperar (com Pedro Martins no lugar de Van der Gaag). A Naval deixa de ter um interino.

ACTO III Após um empate em Alvalade - na segunda expulsão do treinador portista -, é o V. Setúbal a perder oportunidade de surpreender o líder: Jailson, na repetição de um penálti, atira por cima no último minuto. Os campeões recuperam tempo e vitórias, o Sporting continua mais eficaz nas guerrilhas internas do que no ataque às balizas, o Sp. Braga luta contra o excesso de jogos e as lesões. O Portimonense afunda-se depois de uma longa série sem vitórias; a Académica é goleada duas vezes e Jorge Costa sai do clube e do futebol; o Beira-Mar sobe sem ninguém dar por isso. A Naval, que tinha trocado de treinador (Zvunka), despede Rogério Gonçalves e não tem técnico.

ACTO IV Em Portugal, ser o campeão de Inverno não dá título mas define o vencedor em Maio (2004-05 foi a excepção da década). E Hulk, provavelmente, será o melhor marcador. Mas o campeonato deverá ter mais incidências interessantes até ao fim. Metam ou não bolas de golfe, maçãs ou trocas de técnico da Naval.



in "ionline.pt"

Sem comentários: