domingo, 2 de janeiro de 2011

F.C. Porto-Nacional, 1-2 (crónica)

36 jogos depois, a perda de imbatibilidade no regresso à prova maldita

A Taça da Liga não é definitivamente uma competição que faça bem ao F.C. Porto. No regresso à prova que significou a última derrota, na final da última época, frente ao Benfica, a formação azul e branca voltou a perder. Fê-lo com estrondo, em apenas oito minutos, aos pés de um Anselmo que voltou a fazer mossa.

O avançado entrou em campo a quinze minutos do fim e num instante virou do avesso um jogo que parecia destinado a perpetuar a caminhada imbatível do F.C. Porto. Primeiro aproveitou um erro enorme de Kieszek, ele que teve a pior estreia possível em jogos oficiais, depois aproveitou a apatia da defesa portista.


Curiosamente Anselmo já era uma espinha encravada na garganta do dragão muito antes desta noite heróica. Tinha sido ele, por exemplo, que há quase quatro anos ditou uma derrota caseira do F.C. Porto. Desta vez fez muito melhor: interrompeu uma série de 36 jogos sem perder do líder do campeonato nacional.


Para além dessas curiosidades, sobra a notícia mais relevante: o ano de 2011 começou muito mal para o F.C. Porto. Começou mal a todos os níveis, aliás. A equipa jogou mal, não teve soluções para ultrapassar a solidez defensiva do Nacional, marcou de grande penalidade e nem assim evitou a derrota que chegou pouco depois.


Durante toda a primeira parte, por exemplo, o F.C. Porto não conseguiu por uma vez rematar dentro da área. Finalizou muito, é verdade que sim, teve a posse de bola e empurrou o adversário para trás, mas só atirou à baliza do Nacional de muito longe. Um grande tiro de Hulk para excelente defesa de Bracalli foi muito pouco.



Na segunda parte melhorou um pouco, sobretudo após a subida do mais explosivo Guarín no terreno, por troca com João Moutinho, mas ainda assim não chegou para alterar a tendência pobre do jogo. Fez um golo de penalty que alimentou a esperança de vitória, mas deitou tudo a perder em dois erros defensivos.


É impossível não associar, de resto, a primeira derrota caseira às alterações de Villas-Boas. Para além da cruz que Kieszek terá de carregar por muito tempo, sobrou sempre a impressão que uma defesa com Sereno e Emídio Rafael não augurava nada de bom. Durante a primeira parte, por exemplo, já tinham ficado alguns avisos.


Mais tarde concretizaram-se num final de jogo trágico para o Dragão. Para além da derrota, sobrou um aviso sério: vai ser um 2011 difícil. Villas-Boas já o tinha dito antes, esta equipa tornou-se um alvo a abater. Em nenhum jogo como este, porém, se terá notado tão energicamente a vontade de travar o dragão. 


O Nacional deverá muito bem ter sido o adversário mais difícil no Dragão. Difícil pela agressividade, difícil pela robustez, difícil pela pujança. Difícil também porque não teve receio de fazer faltas feias, de travar o jogo, de defender com dez jogadores atrás da linha da bola e numa constante solidária combatividade. 


Perante isto, desmoronou-se a imaginação portista e quebrou-se a onda de positivismo que levou 30 mil adeptos ao Dragão numa noite de Janeiro para ver um jogo da Taça da Liga. O F.C. Porto já não é imbatível. Descobriu-se no regresso a uma Taça da Liga maldita, que começou agora e já ficou muito comprometida.

in "maisfutebol.iol.pt"

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