quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

F.C. Porto: o Marítimo é que tem de pagar a factura?

Como em 2004, insulares seguem-se à primeira derrota. Que dragão agora?


A dica pertence a Gaspar: «Se fosse apostador, metia dinheiro na vitória do F.C. Porto por 1-0», diz o defesa do Rio Ave. É que, como ele próprio refere, «há coincidências engraçadas». Veja-se: o F.C. Porto somou uma sequência admirável de jogos sem perder, bateu recordes e travou quando menos se esperava.

Desta vez travou em casa com o Nacional após 36 jogos, em 2004 quando também impôs um recorde perdeu em Guimarães, casa emprestada do Gil Vicente. Mais importante: as duas derrotas foram provocadas por erros do guarda-redes. Depois do resultado negativo, no regresso à Liga, veio o... Marítimo.

Curiosamente na altura, como agora com Villas-Boas, Mourinho não foi explosivo. Disse apenas que tinha avisado os jogadores que aquele dia chegaria e que o mais relevante era perceber que a equipa fez tudo para não perder. Também não crucificou Vítor Baía pelo frango, disse apenas que os erros eram colectivos.

Frango aqui, frango ali

Do outro lado, houve sorrisos. Jokanovic pediu calmantes ao médico, Luís Campos brincou na altura que tinha pedido à mulher para ir rápido jogar no Euromilhões. Muitas coincidências, certo? Mais importante do que isso, porém, é perceber como o F.C. Porto reagiu à primeira derrota depois de tantos jogos sem perder.

«Ficou de tal forma abalada que depois limpou tudo. Só não ganhou a Taça de Portugal, mas esteve na final. Em compensação ganhou a Champions», sorri Gaspar, ele que fez um dos golos do Gil Vicente (2-0) em 2004. «Não queria ser o próximo adversário do F.C. Porto. Na altura fomos o adversário anterior e foi o ideal.» 

Depois... o Marítimo

Ora o adversário seguinte na Liga foi... o Marítimo. Tal como vai ser agora. Pelo meio teve um empate com o Lyon, em jogo da Champions, naquele que foi um resultado com sabor a vitória. «Tínhamos vencido em casa 2-0, por isso foi bom», conta Mário Silva. «Depois no regresso ao campeonato, ganhámos.»

O lateral fez parte da equipa que perdeu com o Gil Vicente e recorda que foi uma noite amarga. «Era um jogo que já não contava muito, sobravam cinco jornadas e tínhamos uma boa vantagem. Mas custa muito perder numa casa que está habituada a ganhar como estava aquele F.C. Porto.»

A revolta nos olhos

Gaspar lembra o que lia nos olhos dos adversários. «Quando acabou o jogo notava-se que queriam jogar logo a seguir. Se fosse possível, nem iam ao balneário, faziam logo outro jogo para corrigir aquela derrota». Mário Silva confirma. «A nossa vontade era jogar logo. É um sentimento de revolta que nos invade.»

O F.C. Porto jogou então com o Lyon passado cinco dias e três dias depois veio o Marítimo. Como vem agora, em jogo marcado para sábado. Na altura venceu por 1-0, com um golo de Ricardo Carvalho. «Foi um jogo complicado para o F.C. Porto, porque o Marítimo nessa época estava muito forte», conta Van der Gaag.

E a força da estrutura

O holandês era central da formação insular e lembra que na altura era muito difícil o F.C. Porto perder duas vezes seguidas. «Acho que agora vai ser pior. O F.C. Porto actual deve ter mais tensão do que o da altura, que já era praticamente campeão, e vai ter mais empenho para corrigir o resultado com o Nacional.»

Van der Gaag estranha, de resto, que se fale tanto da derrota. «Teria de acontecer. É normal que o Benfica fale disso, é estratégia, mas não vai abalar a confiança da equipa.» Mário Silva encera: «Nestas alturas nota-se a força da estrutura. Os jogadores sentem-se defendidos e prontos para ganhar.»



in "maisfutebol.iol.pt"

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